158 O PECADO É UM CONCEITO RELIGIOSO?

158 O PECADO É UM CONCEITO RELIGIOSO?
Efectivamente, sem Deus não haveria pecado. Sem Deus não há possibilidade de pecado. Se Deus não existe, tudo é lícito, escreveu Dostoievsky. E tinha razão. Sem Deus já não há nem acima nem abaixo, repetir-nos-á Nietzsche. Sem Deus não só não há pecado, como tão-pouco haveria a possibilidade de receber o perdão de um pecado. Quem poderia perdoar o pecado? Quem poderia perdoar o conceito de iniquidade radicado numa pessoa? Sob que autoridade se poderia perdoar a condição de culpa? Se faço um mal a uma pessoa, e essa pessoa me perdoa, essa pessoa perdoa-me o seu sentimento de vingança, perdoa-me os seus maus sentimentos para comigo, mas não pode perdoar a mancha que há no meu ser por ter feito o mal. 
O conceito de perdão de um pecado supõe apagar a mancha que se produz no interior do ser de uma pessoa por ter feito o mal. O perdão do ofendido pode dar-se ainda que o verdugo se ria do mal que produziu na sua vítima. O perdão do ofendido em nada apaga o pecado, em todo o caso enaltece a vítima, mas nada mais. 
Ao verdugo pode acontecer o fazer todo o bem que possa desde esse momento para reparar o mal cometido. Mas se alguém assassinou milhares de judeus em campos de concentração, o que pode fazer? Poderá fazer algo que possa compensar o seu mal? Isso faz-nos compreender que existem pecados cuja reparabilidade é impossível para as forças humanas. 
O ser humano é capaz de cometer males que depois, pelas suas próprias forças, são irreparáveis numa vida. Daí que a capacidade de cometer  certos males, supõe, indubitavelmente, a capacidade de cometer males cuja irreparabilidade é tal que implicam uma culpa irreparável. Mais que falar de uma culpa "infinita" deveríamos dizer "irreparável". Isto é, que há males tão espantosos que a sua reparação escapa totalmente às nossas mãos. 
Há males tão cruéis, tão aberrantes, cujo cometimento está nas mãos da nossa liberdade, mas cuja reparação perfeita escapa à nossa liberdade. Disto à compreenção da necessidade de uma redenção só vai um passo. 
Efectivamente, sem Deus não haveria pecado. Sem Deus não há possibilidade de pecado. Se Deus não existe, tudo é lícito, escreveu Dostoievsky. E tinha razão. Sem Deus já não há nem acima nem abaixo, repetir-nos-á Nietzsche. Sem Deus não só não há pecado, como tão-pouco haveria a possibilidade de receber o perdão de um pecado. Quem poderia perdoar o pecado? Quem poderia perdoar o conceito de iniquidade radicado numa pessoa? Sob que autoridade se poderia perdoar a condição de culpa? Se faço um mal a uma pessoa, e essa pessoa me perdoa, essa pessoa perdoa-me o seu sentimento de vingança, perdoa-me os seus maus sentimentos para comigo, mas não pode perdoar a mancha que há no meu ser por ter feito o mal. 
 
O conceito de perdão de um pecado supõe apagar a mancha que se produz no interior do ser de uma pessoa por ter feito o mal. O perdão do ofendido pode dar-se ainda que o verdugo se ria do mal que produziu na sua vítima. O perdão do ofendido em nada apaga o pecado, em todo o caso enaltece a vítima, mas nada mais. 
 
Ao verdugo pode acontecer o fazer todo o bem que possa desde esse momento para reparar o mal cometido. Mas se alguém assassinou milhares de judeus em campos de concentração, o que pode fazer? Poderá fazer algo que possa compensar o seu mal? Isso faz-nos compreender que existem pecados cuja reparabilidade é impossível para as forças humanas. 
 
O ser humano é capaz de cometer males que depois, pelas suas próprias forças, são irreparáveis numa vida. Daí que a capacidade de cometer  certos males, supõe, indubitavelmente, a capacidade de cometer males cuja irreparabilidade é tal que implicam uma culpa irreparável. Mais que falar de uma culpa "infinita" deveríamos dizer "irreparável". Isto é, que há males tão espantosos que a sua reparação escapa totalmente às nossas mãos. 
 
Há males tão cruéis, tão aberrantes, cujo cometimento está nas mãos da nossa liberdade, mas cuja reparação perfeita escapa à nossa liberdade. Disto à compreenção da necessidade de uma redenção só vai um passo.