"NÃO SE PROCUREM AS CRUZES DE PROPÓSITO"

42.1) Não devereis procurar-vos cruzes de propósito ou por falta de cruzes. Não se

pode provocar um mal para daí obter um bem'"?!"?, Não se deverá, a não ser por uma inspiração

especial, fazer as coisas de modo mau para daí provocar o desprezo dos outros. Pelo contrário, é preciso imitar Jesus Cristo, de quem o Evangelho diz que “fez bem todas as coisas”""*"?, não por amor próprio ou vaidade, mas para agradar ao Pai e salvar o próximo. Além disso, se cumprirdes com fidelidade os vossos deveres o melhor possível, certamente que não vos irão faltar contrariedades, desprezos e perseguições. A divina Providência se encarregará de vo-las enviar, mesmo que vós não queirais, nem estejam nos vossos planos.

 

TENDE EM MENTE O BEM DO PRÓXIMO

 

43. 2) Se estiverdes, porventura, praticando alguma ação, mesmo que seja

insignificante, mas que venha a escandalizar o próximo, ainda que injustificadamente, deixai de fazê-la por puro espírito de caridade, para não escandalizar os inocentes'"*""*, Desta maneira praticareis um ato heróico de caridade que vale mil vezes mais do que aquilo que estáveis fazendo ou do que tínheis intenção de fazer. Se, porém, a ação que estais realizando é necessária ou útil ao próximo e notardes que algum fariseu ou pessoa de má fé se escandaliza sem uma verdadeira motivação, nesse caso consultai uma pessoa de bom senso, procurando saber se o que estais fazendo é verdadeiramente necessário e muito útil ao bem da gente simples; se for útil, deixai falar e continuai, caso não vos impeçam de agir e, nessas circunstâncias, respondei aquilo mesmo que Jesus respondeu a alguns dos seus discípulos quando vieram dizer-lhe que tanto os escribas como os fariseus se tinham escandalizado com as suas palavras e ações: “Deixai-os falar. São cegos guiando cegos”.

 

NÃO PRETENDAIS SER COMO OS GRANDES SANTOS 

 

44. 3) É verdade que alguns santos e pessoas ilustres pediram, procuraram e até se

impuseram, com ações ridículas, cruzes, desprezos e humilhações; aqui adoremos e admiremos a ação extraordinária do Espírito Santo nas suas almas, e humilhemo-nos diante de tão

sublimes virtudes, sem nós ousarmos voar tão alto uma vez que, em comparação a essas ágeis águias e a esses rugidores leões, nós não passamos de pintainhos molhados e de cães sem garra.