1. MAS TEM HAVIDO BISPOS, PADRES E FRADES MAÇONS!

1. MAS TEM HAVIDO BISPOS, PADRES E FRADES MAÇONS!

 

Não queremos negar o fato. No século passado, com efeito, alguns membros do clero brasileiro de­ram seu nome à Maçonaria. Resta, contudo, saber que intuitos levaram a Maçonaria a aliciar para suas fileiras bispos, padres e frades. E, sobretudo, é preciso ver que tipos de padres ela conseguiu atrair. Todos os nomes de bispos, padres e frades citados são geralmente do início do século passado, quando, em muitos meios políticos, predominava a idéia da independência do Brasil. 

 

A própria Maço­naria de então foi fundada no Brasil com fina­lidades pronunciadamente políticas e específicamen­te «para fazer a independência do Brasil», como se pode ler nos livros maçônicos. As lojas de Per­nambuco e da Baía, lá pelos anos de 1810, como também as do Rio pelos anos de 1820, eram, de fato, centros políticos que tramavam a independência (era este, naqueles tempos, «o grande segredo da Maçonaria»!). E não faltaram então padres e frades patriotas e políticos que alimentavam o mesmo ideal. Tem-se dito até que a revolução de Pernambuco, em 1817, foi uma revolução de pa­dres. Frei Caneca, frei Sampaio, cônego Januário e outros foram, talvez, excelentes patriotas e há­beis políticos; mas não se pode por isso dizer que fossem também sacerdotes disciplinados e religiosos exemplares. Identificavam-se desta maneira os ideais políticos destes padres com os ideais políticos da Maçonaria de então, que, ao menos no Brasil, ainda não dera provas de anticlericalismo. E para con­seguir a independência, conjugaram suas forças. Não como sacerdotes, mas como políticos, apesar de sacerdotes, tomaram-se maçons. 

 

Por outro lado, aqueles políticos e padres não se sentiam adstri­tos, em consciência, às leis da Santa Sé que con­denavam e interditavam a Maçonaria, já que o regalismo reinante na época se negava a dar-lhes seu necessário «Beneplácito» para obterem força de lei.

 

Mas há também exageros na propaganda maçônica. Repetem, por exemplo, que Frei Monte Alveme teria sido maçom. Frei Roberto B. Lopes, O. F. M., que em 1958 publicou uma monografia sobre o grande pregador imperial, depois de investigar to­das as fontes disponíveis para saber se Monte Al­veme foi maçom, escreve:

 

«A este respeito com mui­to pouco deparei. Só uma vez, na resposta ao Mar­ques de Lavradio, que lhe oferecera, com carta de 29 de novembro de 1855, um opúsculo de sua au­toria sobre as sociedades secretas, encontramos o seguinte comentário:

 

«O escrito que V. Excla. fez imprimir, e que eu recebi com a maior satisfação, devia ser lido nos salões dos reis e nas oficinas do artista, no escritório do negociante e debaixo do côlmo do lavrador; não se tratava aí de reconhecer a profunda instrução de V. Excla., mas sim escutar os sons agudos do clarim que devia acordar do seu letargo de morte os que governam e os que são governados, a fim de que eles conheçam a verda­deira causa desses terremotos políticos que há qua­se um século tem subvertido o universo e são a origem dos inales que depravam a sociedade atual» (Arq. Prov. Doc. n’ 60, carta de 4-2-1856).

 

Não parecem ser palavras de maçom…

 

E permita-me lembrar também o exagero da pro­paganda maçônica com relação a Rui Barbosa, apre­sentado constantemente como um «grande maçom». No vol. VII das Obras Completas, editadas pelo Instituto Nacional do Livro, p. 124, damos com a seguinte resposta de Rui Barbosa a um aparte do Sr. Monte (em 27-7-1880):

 

«Ora, eis a Maçonaria na baila! Saiba V. Excla. que sou um maçom des­garrado. Tanto direito tem a Maçonaria de reclamar-me, quanto o Ultramontanismo. Não milito nele nem nela. Fiz-me maçom quando estudante, em São Paulo, iniciando-me na Loja América, de que fui dos primeiros e mais assíduos, bem que um dos mais obscuros operários. .. Mas deixando São Pau­lo, deixei até hoje a Maçonaria, de que fiquei mem­bro avulso e simples Aprendiz…»

 

— E no mesmo teatro, em São Paulo, onde fez o panegírico da Maçonaria, declarou Rui Barbosa:

 

«Fui maçom ape­nas por um ano e meio; não alimentava a supersti­ção da Maçonaria, não lhe simpatizava o caráter de segredo»

 

Depois fala da «existência pomposa e estéril das lojas». E revela:

 

«Não tornei a militar debaixo de outro Oriente; faltavam-me algumas qualidades essenciais do maçom: o culto das solenidades, a confiança no prestígio do sigilo, o respeito das hierarquias suntuosas»…

 

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