Por causa desses e de outros vícios, os pecadores pronunciam um falso julgamento, como passo a explicar-te. Embora sejam retas as minhas ações e praticadas com amor e justiça, eles continuamente se opõem a elas. Foi com semelhante falso juízo, envenenado ainda pela inveja e orgulho, que (os judeus) injustamente condenaram a atividade de meu Filho. Mentindo, eles diziam: "Ele age na força de Belzebu" (Mt 12,24). Hoje, comportam-se da mesma maneira os pecadores, cheios de egoísmo, impureza, orgulho, ganância e inveja. Baseados em interpretações falsas, impacientes e por outros defeitos, em tudo se opõem a mim e a meus servidores, que chamam fingidos. Donos de um coração corrompido e de uma viciada interpretação dos fatos, julgam más as coisas boas e vice-versa.
Ó cegueira humana que nem respeitas a própria dignidade! Sendo grande, fazes-te pequena; de senhora, tu fazes-te escrava do mais vil patrão, o pecado. Tornas-te semelhante aquele a quem serves e como o pecado é nada, a nada te reduzes. Perdeste a vida, encontraste a morte.
O Verbo encarnado, meu Filho único e ponte de glória, deu aos homens vida e grandeza. Eram escravos do demônio e ele os libertou. Para que cumprisse tal missão, tornei-o servo; para cobrir a desobediência de Adão, exigi que obedecesse; para confundir o orgulho, humilhou se até a morte na cruz. Por sua morte, destruiu o pecado; já ninguém pode dizer: "Restou este ou aquele vício, que não foi remido com seus sofrimentos". No intuito de livrar a humanidade da morte eterna, fez do seu corpo uma bigorna - como já disse antes (12.2) - e usou todos os remédios. No entanto, os pecadores desprezam o seu sangue, pisoteiam-no com um amor desordenado.
Esta é a injustiça, este o julgamento falso a respeito do qual o mundo é e será repreendido até o dia do juízo final. A esse respeito, dizia meu Filho: "Mandarei o Paráclito; ele repreenderá o mundo da injustiça e do julgamento falso"(Jo 16,8). Tal repreensão começou quando enviei o Espírito Santo sobre os apóstolos. São três as repreensões: