Um dia, um desses pequenos acusou outro de ter dito algumas palavras pouco decentes. Minha mãe repreendeu-o com toda
	a severidade, dizendo que aquelas coisas feias não se diziam, que
	era pecado e que o Menino Jesus se desgostava e mandava para
	o inferno os que faziam pecados, se não se confessavam. A
	pequenina não esqueceu a lição. No primeiro dia que encontrou a
	dita reunião de crianças, disse:
	– Hoje tua mãe não te deixa ir?
	– Não.
	– Então eu vou para o meu pátio, com o Francisco.
	– E por que não ficas aqui?
	– Minha mãe não quer que, quando estiverem estes, aqui fiquemos. Disse que fôssemos para o nosso pátio brincar. Não quer
	que aprenda essas coisas feias que são pecados e das que o
	Menino Jesus não gosta.
	Depois, disse-me baixinho, ao ouvido:
	– Se tua mãe te deixar, vens cá ter a minha casa?
	– Sim.
	– Então vai a pedir-lhe.
	E tomando a mão do irmão, lá foi para sua casa.
	Como já disse, um dos seus jogos escolhidos era o das prendas. Como V. Ex.cia Rev.ma decerto sabe, quem ganha manda, ao
	que perde, fazer uma coisa qualquer que Ihe parecer. Ela gostava
	de mandar correr atrás das borboletas até apanhar uma e levar-
	-lha. Outras vezes, mandava procurar uma flor qualquer que ela
	escolhia. Um dia, jogávamos isto em casa de meus pais e tocou-
	-me a mim mandá-la a ela. Meu irmão estava sentado a escrever
	junto duma mesa. Mandei-a, então, dar-lhe um abraço e um beijo,
	mas ela respondeu:
	– Isso, não! Manda-me outra coisa. Por que não me mandas
	beijar aquele Nosso Senhor que está ali? (era um crucifixo que
	havia pendurado na parede).
	– Pois sim – respondi. – Sobes acima duma cadeira, trazê-lo
	para aqui e, de joelhos, dás-lhe três abraços e três beijos: um pelo
	Francisco, outro por mim e outro por ti.
	– A Nosso Senhor dou todos quantos quiseres.
	E correu a buscar o crucifixo. Beijou-o e abraçou-o com tanta
	devoção, que nunca mais me esqueceu aquela acção. Depois, olha
	com atenção para Nosso Senhor e pergunta:
	– Por que está Nosso Senhor assim pregado numa cruz?
	– Porque morreu por nós.
	– Conta-me como foi.
		Um dia, um desses pequenos acusou outro de ter dito algumas palavras pouco decentes. Minha mãe repreendeu-o com toda
	
		a severidade, dizendo que aquelas coisas feias não se diziam, que
	
		era pecado e que o Menino Jesus se desgostava e mandava para
	
		o inferno os que faziam pecados, se não se confessavam. A
	
		pequenina não esqueceu a lição. No primeiro dia que encontrou a
	
		dita reunião de crianças, disse:
	
		– Hoje tua mãe não te deixa ir?
	
		– Não.
	
		– Então eu vou para o meu pátio, com o Francisco.
	
		– E por que não ficas aqui?
	
		– Minha mãe não quer que, quando estiverem estes, aqui fiquemos. Disse que fôssemos para o nosso pátio brincar. Não quer
	
		que aprenda essas coisas feias que são pecados e das que o
	
		Menino Jesus não gosta.
	
		Depois, disse-me baixinho, ao ouvido:
	
		– Se tua mãe te deixar, vens cá ter a minha casa?
	
		– Sim.
	
		– Então vai a pedir-lhe.
	
		E tomando a mão do irmão, lá foi para sua casa.
	
		Como já disse, um dos seus jogos escolhidos era o das prendas. Como V. Ex.cia Rev.ma decerto sabe, quem ganha manda, ao
	
		que perde, fazer uma coisa qualquer que Ihe parecer. Ela gostava
	
		de mandar correr atrás das borboletas até apanhar uma e levar-
	
		-lha. Outras vezes, mandava procurar uma flor qualquer que ela
	
		escolhia. Um dia, jogávamos isto em casa de meus pais e tocou-
	
		-me a mim mandá-la a ela. Meu irmão estava sentado a escrever
	
		junto duma mesa. Mandei-a, então, dar-lhe um abraço e um beijo,
	
		mas ela respondeu:
	
		– Isso, não! Manda-me outra coisa. Por que não me mandas
	
		beijar aquele Nosso Senhor que está ali? (era um crucifixo que
	
		havia pendurado na parede).
	
		– Pois sim – respondi. – Sobes acima duma cadeira, trazê-lo
	
		para aqui e, de joelhos, dás-lhe três abraços e três beijos: um pelo
	
		Francisco, outro por mim e outro por ti.
	
		– A Nosso Senhor dou todos quantos quiseres.
	
		E correu a buscar o crucifixo. Beijou-o e abraçou-o com tanta
	
		devoção, que nunca mais me esqueceu aquela acção. Depois, olha
	
		com atenção para Nosso Senhor e pergunta:
	
		– Por que está Nosso Senhor assim pregado numa cruz?
	
		– Porque morreu por nós.
	
		– Conta-me como foi.
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