20.6.4 - EFEITOS DAS LÁGRIMAS DE AMOR

20.6.4 - EFEITOS DAS LÁGRIMAS DE AMOR

 

Ao chegar às terceiras lágrimas de vida, o homem se põe à mesa da santa cruz, nela saboreando o amoroso Verbo encarnado. Meu Filho deseja Minha honra e vossa salvação; por isso, Seu coração foi aberto e se fez vosso alimento. Nesta "mesa" o homem começa a alimentar-se do desejo da Minha glória e da salvação dos homens, bem como a renunciar a si mesmo e ao pecado.

 

Que frutos recolhe o homem destas lágrimas do terceiro estado? São os seguintes: grandes forças em dominar a sensualidade, verdadeira humildade, muita paciência.

 

Esta paciência vence toda oposição e liberta o homem dos sofrimentos. Quem faz sofrer é a vontade própria, que é destruída pela renúncia a si mesmo. A paciência domina a sensualidade, que se revolta diante das ofensas, perseguições, ausência de consolações espirituais e sensíveis, tornando o homem sofrido. Com a morte da vontade própria, a pessoa experimenta os frutos da paciência em desejo amoroso e lacrimejante.

 

Um fruto suavíssimo, como és agradável a quem te possui! Como tu Me agradas! Quem te possui é feliz mesmo na amargura. Nas injúrias, vive em paz. Ao navegar por mares procelosos, quando perigosas ventanias erguem terríveis ondas contra a barquinha da alma, tu vais tranqüila e serena sem danos. Minha vontade eterna te protege, pois te revestiu com a couraça da caridade e impede que a água do pecado penetre em ti!

 

Filha querida, a paciência é uma rainha encastelada numa fortaleza de rocha; vence e jamais é vencida. Nunca está sozinha, pois a constância lhe faz companhia! Ela é o cerne da caridade, é o sinal de que alguém possui a veste nupcial do amor. De fato, logo que tal "veste" é rasgada, o homem se torna impaciente. Todas as virtudes podem ser falsificadas, parecendo verdadeiras sem o ser diante de Mim. A paciência, aliás, mostra quando uma virtude é viva e verdadeira, enquanto o homem impaciente manifesta a imperfeição dos seus atos, revelando que ainda não se assentou à mesa de cruz. É junto à cruz que se adquire a paciência; quem se conhece e me conhece, conseguirá praticá-la depois com desejo santo e humildade. O homem paciente nunca deixa de Me honrar e de trabalhar pela salvação dos outros, dedicando a isso o próprio tempo.

 

Ó filha querida, a paciência encontrava-se nos mártires, que mediante os sofrimentos salvaram outros; suas mortes foram fonte de vida, ressuscitando mortos e expulsando as trevas do pecado mortal. Na força desta virtude rainha, eles venceram o mundo com seus atrativos; com seus recursos, os poderosos não conseguiram derrotá-los. A paciência é uma lâmpada sobre o candelabro.

 

Tal é o fruto produzido pela "lágrima de amor", na pessoa que conseguiu sentar-se à mesa do Crucificado, cheio de desejo santo e com intolerável dor pelas ofensas cometidas contra Mim, seu Criador. Mas não é uma dor angustiante. A angústia já cessara, quando o amor paciente destruiu o temor servil e o egoísmo, únicos fatores que fazem sofrer. A dor sentida é uma dor que conforta, pois nasce da caridade e é causada pelo conhecimento de pecados contra Mim e de danos sofridos pelos pecadores. É um sentimento que brota do amor e enriquece o homem; algo que alegra, algo que revela Minha presença na graça.

 

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