24.2 - ILUMINAÇÃO DOS IMPERFEITOS

24.2 - ILUMINAÇÃO DOS IMPERFEITOS

 

Após ter recebido a precedente iluminação geral, o cristão não deve dar-se por satisfeito. Enquanto viveis neste mundo, podeis e deveis progredir. Se alguém estaciona, por isso mesmo retrocede. É necessário crescer naquela iluminação recebida com a graça, ou superar o que é imperfeito para atingir a perfeição. De fato, existe uma segunda iluminação para quem aspira à perfeição. Ela é dupla para aqueles que se elevaram do comum comportamento no mundo.

 

O primeiro é dos que se põem a castigar o corpo com grandes penitências, com a intenção de sujeitar a sensibilidade ao controle da razão. Estes dedicam mais esforço em dominar o corpo, que em destruir a vontade própria como já disse antes. São homens que vivem de penitências. Conseguirão ser bons, até perfeitos, se agirem com discernimento, se possuírem um humilde conhecimento de si mesmos e da minha divindade, se julgarem a respeito de si mesmos como eu o faço e não à maneira dos homens.

 

Se a estes penitentes faltar humildade e conformação à minha vontade, regredirão na virtude. Estes últimos costumam condenar quem caminha por outras estradas; empenham-se unicamente na mortificação do corpo, não da vontade; gostam de escolher para si, de acordo com as próprias preferências, ocasiões, situações e confortos espirituais, bem como os sofrimentos e lutas contra o demônio. De tudo isso já falei quando me ocupei do estado próprio dos imperfeitos (18.1.2). Enganados por aquilo que denominei "egoísmo espiritual", tais pessoas se iludem, dizendo: "Gostaria de sentir estas e estas consolações, ao invés de sofrer as presentes impugnações e tentações do demônio. Não por mim mesmo, mas para poder agradar mais a Deus, para possuí-lo mais intensamente através da graça. Penso que nas consolações eu o experimentaria e o possuiria melhor!".

 

Com semelhante atitude, o homem termina muitas vezes na angústia e no desânimo, desespera-se, prejudica o próprio aperfeiçoamento, sem perceber que na base de tudo está o orgulho. Se em lugar do orgulho houvesse humildade, compreenderia que eu, bondade primeira bondosíssima, dou tudo - estado da acontecimentos, alma, situações, acontecimentos, consolações, sofrimentos - em conformidade com as exigências da vossa santificação, visando vosso aperfeiçoamento; entenderia que tudo faço por amor. É no amor que a pessoa há de aceitar todos os eventos, como o fazem aqueles que estão no terceiro e quarto estados dos quais passo a falar.

 

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