Voltou ainda algum tempo para casa dos pais, com uma grande ferida aberta no peito, cujos curativos diários sofria sem uma
	queixa, sem mostrar o menor sinal de enfado. O que mais Ihe custava eram as frequentes visitas e interrogatórios das pessoas que
	a procuravam e às quais agora não podia esconder-se.
	– Ofereço também este sacrifício pelos pecadores – dizia com
	resignação. Quem me dera ir ao Cabeço rezar ainda um Terço na
	nossa loca! Mas já não sou capaz. Quando fores à Cova de Iria,
	reza por mim. Decerto nunca mais lá vou – dizia com as lágrimas a
	correr-lhe pelas faces.
	Um dia, disse-me minha tia:
	– Pergunta à Jacinta o que está a pensar, quando está tanto
	tempo com as mãos na cara, sem se mover, já Iho tenho perguntado, mas sorri-se e não responde
	Fiz a pergunta.
	– Penso – respondeu – em Nosso Senhor, Nossa Senhora,
	nos pecadores e em ... (Nomeou algumas coisas do segredo). Gosto
	muito de pensar.
	Minha tia perguntou-me pela resposta da sua filhinha; com um
	sorriso, tinha tudo dito. Então dizia minha tia a minha Mãe contando o que se tinha passado:
	– Não entendo; a vida destas crianças é um enigma! E minha
	Mãe acrescentava:
	– Quando estão sós, falam pelos cotovelos, sem que a gente
	seja capaz de Ihes apanhar uma palavra, por mais que escute; e
	logo que chega alguém, baixam a cabeça e não dizem uma palavra! Não posso entender este mistério!
		Voltou ainda algum tempo para casa dos pais, com uma grande ferida aberta no peito, cujos curativos diários sofria sem uma
	
		queixa, sem mostrar o menor sinal de enfado. O que mais Ihe custava eram as frequentes visitas e interrogatórios das pessoas que
	
		a procuravam e às quais agora não podia esconder-se.
	
		– Ofereço também este sacrifício pelos pecadores – dizia com
	
		resignação. Quem me dera ir ao Cabeço rezar ainda um Terço na
	
		nossa loca! Mas já não sou capaz. Quando fores à Cova de Iria,
	
		reza por mim. Decerto nunca mais lá vou – dizia com as lágrimas a
	
		correr-lhe pelas faces.
	
		Um dia, disse-me minha tia:
	
		– Pergunta à Jacinta o que está a pensar, quando está tanto
	
		tempo com as mãos na cara, sem se mover, já Iho tenho perguntado, mas sorri-se e não responde
	
		Fiz a pergunta.
	
		– Penso – respondeu – em Nosso Senhor, Nossa Senhora,
	
		nos pecadores e em ... (Nomeou algumas coisas do segredo). Gosto
	
		muito de pensar.
	
		Minha tia perguntou-me pela resposta da sua filhinha; com um
	
		sorriso, tinha tudo dito. Então dizia minha tia a minha Mãe contando o que se tinha passado:
	
		– Não entendo; a vida destas crianças é um enigma! E minha
	
		Mãe acrescentava:
	
		– Quando estão sós, falam pelos cotovelos, sem que a gente
	
		seja capaz de Ihes apanhar uma palavra, por mais que escute; e
	
		logo que chega alguém, baixam a cabeça e não dizem uma palavra! Não posso entender este mistério!
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