3. A MAÇONARIA NÃO MUDOU NO BRASIL (Realidade Brasileira)

3. A MAÇONARIA NÃO MUDOU NO BRASIL (Realidade Brasileira)

Dizem muitas vezes que a Maçonaria de agora é diferente; que tudo mudou; que já não existe o espírito anticlerical, etc.

 

Não é verdade. Nem seria difícil provar o con­trário com expressiva documentação. Eis aí alguns exemplos para amostra:

 

O atual Grão Mestre do Grande Oriente do Bra­sil Dr. Cyro Wemeck de Souza e Silva, no grande discurso-programa por ele pronunciado no dia 26- 3-1955, traçou o programa de ação da Maçonaria no Brasil. «É chegada a hora de pensarmos no res­surgimento da Maçonaria na vida pública brasilei­ra», exclamou então. E continuou: «E mister que nos atiremos ao campo da batalha enquanto é pos­sível combater, enfrentando o inimigo em todos os setores». — E quem seria este «inimigo» que deve ser enfrentado? O Grão Mestre o dirá sem deixar motivos de dúvidas. Eis o texto, tal como foi publi­cado pelo Boletim do Grande Oriente do Brasil, jan. – março de 1955, p. 51:

 

“As nossas leis proclamam a separação da Igreja do Estado, como conseqüencia da campanha maçônica ence­tada no final do segundo Império e concluída na primeira República. Mas pela incúria de alguns governos e fraque­za de outros, a Igreja foi retomando aos poucos as antigas posições, e, embora por política não tenha procurado res­tabelecer a ostensiva ligação, que promanava dos tempos em que os reis se diziam amparados pelo direito divino, na prática o conseguiu, e até com maiores vantagens, por­que agora não tem os ônus que lhe tocavam no passado. Por mil e uma formas é a Igreja subvencionada pelo Estado. Participa ativamente da vida política, nos palácios e ñas cámaras. Sai a campo nas eleições. Disputa votos. Excomun­ga eleitoralmente os candidatos que lhe são rebeldes. Au­xilia os que lhe são submissos. Domina o eleitorado femi­nino, mantido fiel através do confessionário. Participa das solenidades públicas. Benze todos os edificios públicos. Con­segue favores fiscais e outras regalias do poder público. Está tão ligada aos governantes, que se dizem republica­nos, como esteve com os reis.

 

Montaram escolas e inoculam na infância e na juven­tude os seus princípios sectários e intolerantes, ensinando- Ihes urna historia deturpada a seu talante.

 

E aos poucos vão dominando o povo brasileiro, num mo­vimento envolvente, até há pouco desapercebido, mas que agora está às escancaras.

 

Eis aí um dos pontos que devemos combater, não por simples princípio de contradição, mas porque representa um real perigo para a cultura e a formação dos nossos patrícios. Mas combater com as armas da inteligencia, es­clarecendo a sociedade profana e alertando-a contra tais manejos. Propugnando para que os poderes públicos difun­dam o mais possível o ensino gratuito e laico, com o que se evitará a proliferação das escolas e universidades man­tidas ou dirigidas por ordens religiosas ou sob sua influ­encia dogmática e sectária, bem como com a industrialização do ensino como fonte de renda. E enquanto não se alcança esse ideal, deve a Instituição Maçônica procurar difundir por todos os modos o ensino, a instrução moral e cívica, visando principalmente preparar gerações de cidadãos úteis à Família, à Pátria e à Humanidade, livres de peias dog­máticas, amantes do Progresso e da Paz”.

 

Eis aí a Maçonaria, a mesma de sempre. Pode um católico sincero aderir a semelhante programa de ação? Será mesmo verdade que a Maçonaria não tem nada contra a Igreja?

 

Responde, meu amigo, responde tu mesmo.

 

O mesmo Grãò Mestre, no solene e conhecido dis­curso de 24-7-1958, tomou a falar do ressurgimento da Maçonaria e da necessidade de reentrar na vida política do Brasil, lutando pela laicidade do ensino primário, secundário e profissional e pela repres­são da Igreja das coisas públicas da nação, acres­centando:

 

«Apoiaremos tôdas as campanhas que vi­sem incluir na nossa legislação o divórcio» (cf. Bo­letim do Grande Oriente do Brasil, julho 1958, p. 6).

 

Na sessão do Grande Oriente do Brasil de 8-5-1958, depois de considerar a influencia atual da Igreja no Brasil, exclamou o Sr. José Benedito de Oliveira Bonfim: «Dever é da Maçonaria reencetar a luta pela manutenção das reinvidicações outrora conseguidas, saindo ao campo raso dos debates pú­blicos para prosseguir na sua obra de instituição benfazeja da sociedade. Propomos, pois, que se es­tabeleça conferencias públicas nas oficinas ou em auditórios profanos, use-se a imprensa e o rádio, no sentido de esclarecer o povo no tocante às idéias benéficas, infelizmente confundidas pelo trabalho nefasto da Igreja… Cumpre-nos resolver as ques­tões sempre oportunas do divórcio, da laicisação do ensino e da liberdade de consciencia…» (cf. Bo­letim do Grande Oriente do Brasil, maio de 1958, p. 37).

 

E para que seja concreta a ação maçônica no Brasil, o Poder Central da nossa Maçonaria tomou uma decisão bem importante, publicada no Bole­tim do Grande Oriente do Brasil de set.-out. de 1958, p. 15:

 

“Os Irmãos que, apresentando suas candidaturas a car­gos eletivos profanos [políticos], peçam os votos de Maçons, devem declarar que aceitam e prometem trabalhar para:

 

1. completa laicidade e gratuidade do ensino primário, secundário e profissional;

 

2. intransigente separação da Igreja do Estado;

 

3. instituição na Legislação Brasileira do divórcio e da supremacia do casamento civil ao religioso”.

 

Eis, amigo, algumas informações sobre a Maçonaria Brasileira, sobre os deveres do maçom e sobre as razões por que o católico não pode ser maçom e por que o maçom deixa de ser católico. Creio que ficou inteiramente esclarecido o dilema: Ou católico ou maçom! A confusão, no caso, é im­possível. Tu, porém, terás que dizer a última pa­lavra. Pois a decisão final dependerá de tua livre escolha. Se queres permanecer fiel à Igreja dos Santos, não poderás unir-te aos Irmãos de Hiram. Mas se queres, não obstante, iniciar-te na Maçonaria, faze-o conscientemente, sabendo que com este passo hás de sair da Igreja. E enquanto estiveres lá fora, gozando dos favores dos Filhos da Viúva, ficarei aqui, à tua espera, a suplicar ao Pai de Mi­sericórdia que faça retomar algum dia à casa pa­terna um filho pródigo a quem tanto amara…

 

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