A MINHA PREPARAÇÃO PARA A SANTA COMUNHÃO

A MINHA PREPARAÇÃO PARA A SANTA COMUNHÃO

JMJ

 

Cracóvia, 10 I 1938

 

A minha preparação para a Santa Comunhão

Ir. Maria Faustina do Santíssimo Sacramento

Congregação das Irmãs da Mãe de Deus da Misericórdia

 

1804. O momento mais solene da minha vida é quando recebo a Santa

Comunhão. Anseio por cada Santa Comunhão e agradeço cada uma delas à

Santíssima Trindade.

Se os Anjos pudessem invejar, invejar-nos-iam duas coisas: primeira, a

Santa Comunhão e, segunda, o sofrimento.

 

1805. Hoje, preparo-me para a Tua chegada como a esposa para a

chegada do seu Esposo. Este meu Esposo é um grande Senhor. Os Céus não

conseguem contê-Lo. Os Serafins que Lhe estão mais próximos cobrem os

seus rostos e repetem sem cessar: Santo, Santo, Santo.

Este grande Senhor é o meu Esposo. A Ele cantam-Lhe os Coros, diante

d'Ele postram-se os Tronos, frente ao Seu resplendor apaga-se o sol. E, no

entanto, este grande Senhor é o meu Esposo. Coração meu, sai deste

profundo assombro sobre como O adoram os outros, porque não tens

tempo, visto que se aproxima e já está à tua porta.

 

1806. Saio ao Seu encontro e convido-O para a morada do meu coração,

humilhando-me profundamente diante da Sua Majestade. Mas o Senhor

levanta-me do pó e, como Sua esposa, convida-me a sentar-me junto d'Ele e

a confiar-Lhe tudo o que tenho no meu coração. E eu, animada pela Sua

bondade, reclino a minha cabeça sobre o Seu peito e conto-Lhe tudo. Em

primeiro lugar digo-Lhe o que não diria jamais a nenhuma criatura. E

depois falo das necessidades da Igreja, das almas dos pobres pecadores, de

quantos necessitam da Sua Misericórdia.

 

Mas o tempo passa rapidamente. Jesus, tenho que sair daqui, esperamme as minhas obrigações. Jesus diz-me que fica ainda um momento, para

Se despedir. Um profundo olhar recíproco e, por um momento nos

separamos aparentemente, mas nunca realmente. Os nossos corações estão

unidos continuamente; embora exteriormente esteja ocupada por diversas

tarefas, a presença de Jesus afunda-me constantemente num profundo

recolhimento.

 

1807. Hoje, a minha preparação para a vinda de Jesus é breve, mas

marcada por um amor intenso. A presença de Deus penetra-me e inflama o

meu amor por Ele. Não há nenhuma palavra, apenas um íntimo

entendimento. Submerjo-me toda em Deus, através do amor. O Senhor

aproxima-Se da morada do meu coração. Depois de receber a Comunhão,

só estou consciente para voltar ao meu genuflexório. Nesse mesmo

momento a minha alma afunda-se totalmente em Deus e não sei o que se

passa à minha volta. Deus dá-me o conhecimento interior do Seu Ser

divino. Estes momentos são curtos, mas intensos. A alma sai da capela

profundamente recolhida e não é fácil distraí-la. Então parece-me que toco

a Terra apenas com um pé. Nenhum sacrifício durante o dia se torna difícil

nem pesado e qualquer circunstância provoca um novo acto de amor.

 

1808. É como Amor que hoje convido Jesus ao meu coração. Tu és o

próprio Amor. Todo o Céu se inflama e se enche do Teu amor. Portanto, a

minha alma deseja-Te como uma flor deseja o sol. Jesus, vem rapidamente

ao meu coração, porque vês que como a flor anseia pelo sol, assim o meu

coração clama por Ti. Abro o cálice do meu coração para acolher o Teu

amor.

 

1809. Quando Jesus veio ao meu coração, tudo vibrou de vida e de calor

na minha alma. Jesus, retira o meu amor do coração e derrama nele o Teu.

Um amor ardente e luminoso que sabe levar ao sacrifício, que sabe

esquecer-se completamente de si mesmo.

Hoje, o meu dia está marcado pelo sacrifício……

 

1810. Hoje, preparo-me para a vinda do Rei.

Quem sou eu e quem és Tu, Senhor, Rei da glória, glória imortal. Oh

coração meu, ¿dás-te conta de quem vem hoje visitar-te? Sim, sei, mas é

curioso que não posso compreender. Oh, se fosse somente um rei, mas este

é o Rei dos reis, Senhor dos senhores. Perante Ele treme todo o poder e

autoridade. Hoje, Ele vem ao meu coração. Oiço aproximar-Se, saio ao Seu

encontro e convido-O a entrar. Quando entrou na morada do meu coração, a

minha alma encheu-se de tão grande reverência que desfaleceu

atemorizada, caindo a Seus pés.

 

Jesus deu-lhe a Sua mão e permitiu-lhe bondosamente sentar-se a Seu

lado. Tranquiliza-a: Repara, deixei o trono dos Céus para Me unir a ti. O

que estás vendo é apenas uma pequena parcela e a tua alma já

desfalece de amor. ¡Com que assombro ficará o teu coração quando Me

vires em toda a plenitude da glória! Quero dizer-te, no entanto, que a

vida eterna deve iniciar-se já aqui na Terra através da Santa

Comunhão. Cada Santa Comunhão torna-te mais capaz para a

comunhão com Deus por toda a eternidade.

 

1811. Assim, pois, meu Rei, não Te peço nada embora saiba que me

podes dar tudo. Peço-Te só uma coisa: sê, pelos séculos, o Rei do meu

coração; isso me basta.

 

1812. Hoje, renovo a submissão ao meu Rei através da fidelidade às

inspirações interiores.

 

1813. Hoje, não me esforço com nenhuma preparação especial. Não

consigo pensar em nada, embora sinta muita coisa.

Anseio pelo momento em que Deus venha ao meu coração. Abandonome nos Seus braços e falo da minha incapacidade e da minha miséria.

Derramo toda a dor do meu coração: não sou capaz de O amar como

desejaria.

Desperto actos de fé, esperança e amor, e disso vivo durante todo o dia.

 

1814. Hoje, a minha preparação é breve. Uma fé viva e forte quase rasga

o véu do amor. A presença de Deus atravessa o meu coração como um raio

de sol penetra o cristal. No momento de receber Deus, todo o meu ser está

submergido n’Ele. Encho-me de assombro e de admiração vendo a grande

Majestade de Deus que se inclina para mim, que sou a própria miséria. Da

minha alma brota o agradecimento por todas as graças que me concede e

especialmente pela graça da vocação para o Seu santo e exclusivo serviço.

 

1815. Hoje, na Santa Comunhão, desejo unir-me a Jesus o mais

estreitamente possível, através do amor.

Desejo Deus tão fervorosamente que me parece não ser capaz de chegar

ao momento em que o sacerdote me venha dar a Santa Comunhão. A minha

alma cai como num desfalecimento por ânsia de Deus.

 

1816. Depois de recebê-Lo no meu coração, rasgou-se o véu da fé. Vi

Jesus que me disse: Minha filha, o teu amor compensa-Me pela tibieza

de muitas almas. Depois destas palavras fiquei só, mas durante todo o dia

vivi como num acto de reparação.

 

1817. Hoje, sinto na minha alma o abismo da miséria. Desejo aproximarme da Santa Comunhão como a Fonte de Misericórdia e submergir-me toda

neste oceano de amor.

Ao receber o Senhor Jesus, lancei-me n’Ele como num abismo de

Misericórdia insondável e quanto mais sentia que era a própria miséria tanto

mais aumentava a minha confiança n’Ele.

Passei o dia inteiro nesta humilhação.

 

1818. Hoje, a minha alma está numa disposição de infância. Uno-me a

Deus como a criança ao seu Pai. Sinto-me plenamente filha de Deus.

 

1819. Ao receber a Santa Comunhão, tive um conhecimento mais

profundo do Pai celestial e da Sua paternidade para com as almas.

Hoje, vivo da adoração da Santíssima Trindade. Agradeço a Deus por Se

ter dignado adoptar-nos, através da graça, como Seus filhos.

 

1820. Hoje, desejo transformar-me toda no amor de Jesus e oferecer-me

junto com Ele ao Pai celestial.

Durante a Santa Missa vi Jesus pequenino, num cálice e disse-me: Vivo

no teu coração como Me vês neste cálice.

 

1821. Depois da Santa Comunhão senti no meu próprio coração as

palpitações do Coração de Jesus. Embora desde há muito esteja consciente

de que a Santa Comunhão dura em mim até à Comunhão seguinte, hoje

todo o dia adoro a Jesus no meu coração e lhe peço que, com a Sua graça,

proteja as crianças pequenas do mal que as ameaça. A viva presença de

Deus, que se deixa sentir mesmo fisicamente, dura o dia inteiro e não me

impede absolutamente de cumprir as minhas obrigações.

 

1822. Hoje, a minha alma deseja mostrar a Jesus o meu amor de modo

especial. Quando o Senhor entrou no meu coração, lancei-me a Seus pés

como um botão de rosa. Desejo que o perfume do meu amor suba

continuamente aos pés do Teu trono. Vê, oh Jesus, neste botão de rosa, todo

o meu amor por Ti; mas não somente neste momento quando o meu coração

arde de amor, mas durante o dia Te darei provas do meu amor através da

fidelidade à graça de Deus.

Hoje, lançarei depressa aos pés de Jesus, quais botões de rosa, todas as

dificuldades e sofrimentos que enfrentar. Não importa que a mão, ou

melhor, o coração se cubra de sangue…

 

1823. Hoje, a minha alma prepara-se para a vinda do Salvador, que é a

Bondade e a própria Misericórdia. São as tentações e distracções que me

assaltam e não me deixam preparar-me para a vinda do Senhor; por isso

desejo mais ardentemente receber-Te, oh Senhor, porque sei que quando

vieres, me libertarás desses tormentos. E se a Tua vontade é que sofra, então

fortalece-me para a luta.

 

Jesus, Salvador que Te dignaste vir ao meu coração, afasta estas

distracções que me impedem de falar Contigo.

Jesus respondeu-me: Quero que sejas como um oficial experimentado

na luta que, entre o estrondo dos disparos, sabe dar ordens aos outros.

Assim também tu, Minha filha, entre as maiores dificuldades hás de

saber dominar-te e que nada te afaste de Mim, nem sequer as tuas

quedas.

Hoje, lutei tudo o dia contra certa dificuldade que Tu, Jesus, conheces….

 

1824. Hoje, o meu coração vibra de alegria. Desejo muito que Jesus

venha ao meu coração. Estou cheia de um desejo ardente, o meu coração,

ansioso de vê-Lo, inflama-se com um amor cada vez mais forte.

Quando Jesus veio, lancei-me nos Seus braços como uma menina

pequena. Contei-Lhe a minha alegria. Jesus escutava estas manifestações do

meu amor. Quando lhe pedi perdão por não me ter preparado para a Santa

Comunhão, pois pensava continuamente em compartilhar [com ele] esta

alegria, Jesus respondeu-me: A mais agradável para Mim é a preparação

com que Me acolheste hoje no teu coração. Hoje, abençoo esta tua

alegria de modo especial. Nada perturbará esta tua alegria no dia de

hoje….

 

1825. Hoje, a minha alma prepara-se para a vinda do Senhor, que pode

tudo e que me pode fazer perfeita e santa. Preparo-me cuidadosamente para

O receber mas, de súbito, tive uma dificuldade: ¿Como apresentar isso a Ele

próprio? Afastei-a imediatamente. Hei de apresentar esse desejo tal como

me ditar o coração.

 

1826. Quando recebi Jesus na Santa Comunhão, o meu coração

exclamou com toda a força: Jesus, transforma-me numa segunda hóstia.

Quero ser uma hóstia viva para Ti. Tu és o grande Senhor, omnipotente, Tu

podes conceder-me esta graça. E o Senhor respondeu-me: Tu és uma hóstia

viva, agradável ao Pai celestial, mas medita ¿que é uma hóstia? Um

oferenda. ¿Então….?

Oh meu Jesus, compreendo o significado da hóstia, compreendo o

significado da oferenda. Desejo ser uma hóstia viva diante da Tua

Majestade, isto é, uma oferenda viva que arde para Tua glória cada dia.

Quando as minhas forças começarem a diminuir, então a Santa

Comunhão me sustentará e fortalecerá. De verdade, temo o dia em que não

receba a Santa Comunhão. A minha alma recebe uma força admirável da

Santa Comunhão.

¡Oh Hóstia viva, luz da minha alma!

 

1827. Hoje, a minha alma prepara-se para a Santa Comunhão, como para

um banquete de bodas em que todos os participantes resplandecem com

uma beleza indizível. E eu também estou convidada para este banquete, mas

não vejo em mim esta beleza, mas um abismo de miséria. E embora não me

sinta digna de me sentar à mesa, no entanto deslizarei por debaixo da mesa

e, aos pés de Jesus, mendigarei pelo menos as migalhas que caírem.

Conhecendo a Tua Misericórdia aproximo-me de Ti, Jesus, porque antes

acabaria a minha miséria do que se esgotaria a piedade do Teu Coração.

Por isso, no dia de hoje, encorajarei a minha confiança na Divina

Misericórdia.

 

1828. Hoje, envolve-me a Majestade de Deus. Não consigo, de nenhuma

maneira, preparar-me melhor.

Estou absorvida totalmente por Deus. A minha alma inflama-se com o

Seu amor. Sei apenas que amo e que sou amada. Isso me basta. Procuro ser

fiel ao Espírito Santo durante o dia, e satisfazer as Suas exigências.

Procuro o silêncio interior para poder ouvir a Sua voz…

 

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