CHUVA DE ROSAS

CHUVA DE ROSAS

42. Depois de muitos séculos em que inúmeros Santos expressaram, com grande fervor e beleza, o seu desejo de «ir para o Céu», Santa Teresinha reconhece com grande sinceridade: «Tinha então grandes provações interiores de todas as espécies (até me interrogar, por vezes, se haveria Céu)». Noutra ocasião, disse: «Quando canto a felicidade do Céu, a posse eterna de Deus, não sinto nenhuma alegria, porque canto simplesmente o que quero acreditar». Mas que sucedeu? Que ela estava a ouvir mais o apelo de Deus a colocar fogo no coração da Igreja do que sonhava com a sua própria felicidade.

 

43. A transformação operada nela permitiu-lhe passar de um fervoroso desejo do Céu para um constante e ardente desejo do bem de todos, culminando no sonho de continuar no Céu a sua missão de amar Jesus e de O fazer amar. Nesta linha, escreveu numa das últimas cartas: «Conto não ficar inativa no Céu, o meu desejo é continuar a trabalhar pela Igreja e pelas almas». E então afirmava sem rodeios: «O meu Céu passar-se-á sobre a terra até ao fim do mundo. Sim, quero passar o meu Céu a fazer o bem sobre a terra».

 

44. Assim, Teresinha exprimia a sua resposta mais convicta ao dom único que o Senhor lhe estava a oferecer, à luz surpreendente que Deus derramava nela. Desta forma chegava à última síntese pessoal do Evangelho, que partia da plena confiança para culminar no dom total aos outros. Não duvidava da fecundidade desta entrega: «Penso em todo o bem que quereria fazer depois da minha morte»; «Deus não me daria este desejo de fazer o bem sobre a terra depois da minha morte, se não quisesse realizá-lo». «Será como uma chuva de rosas».

 

45. Fecha-se o círculo. « C’est la confiance». É a confiança que nos conduz ao Amor e assim nos liberta do temor; é a confiança que nos ajuda a desviar o olhar de nós mesmos; é a confiança que nos permite colocar nas mãos de Deus aquilo que só Ele pode fazer. Isto deixa-nos uma imensa torrente de amor e de energias disponíveis para procurar o bem dos irmãos. E assim, no meio do sofrimento dos seus últimos dias, Teresa podia dizer: « Conto somente com o amor». Em última análise, conta só o amor. A confiança faz desabrochar as rosas e espalha-as como um transbordar da superabundância do amor divino. Peçamo-la como dom gratuito, como valiosa prenda da graça, para que se abram na nossa vida os caminhos do Evangelho.

 

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