18. Os seres humanos são “ordenados por sua própria natureza à comunhão interpessoal” [30], possuindo a capacidade de conhecer uns aos outros, de doar-se por amor e de entrar em comunhão com os outros. Portanto, a inteligência humana não é uma faculdade isolada, mas exerce-se nas relações, encontrando sua plena expressão no diálogo, na colaboração e na solidariedade. Aprendemos com os outros e graças aos outros.
19. Essa orientação relacional da pessoa humana baseia-se, em última análise, no dom eterno de si do Deus Uno e Trino, cujo amor se revela tanto na criação quanto na redenção [31]. A pessoa é chamada “a compartilhar, no conhecimento e no amor, a vida de Deus” [32]. 20. Essa vocação à comunhão com Deus está necessariamente ligada ao chamado à comunhão com os outros. O amor de Deus não pode ser separado do amor ao próximo (cf. 1Jo 4,20; Mt 22,37-39). Pela graça de compartilhar a vida de Deus, os cristãos são também convidados a imitar o dom abundante de Cristo (cf. 2Cor 9,8-11; Ef 5,1-2), seguindo seu mandamento: “Como eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34) [33]. O amor e o serviço, que ecoam a íntima vida divina de autodoação, transcendem os interesses pessoais para responder plenamente à vocação humana (cf. 1Jo 2,9). Mais sublime do que conhecer muitas coisas é o compromisso de cuidar uns dos outros, pois mesmo que alguém “conhecesse todos os mistérios e toda a ciência [...] se não tivesse amor, nada seria” (1Cor 13,2).