SEXTO CADERNO DO DIÁRIO DE SANTA FAUSTINA

SEXTO CADERNO DO DIÁRIO DE SANTA FAUSTINA

Glorificarei a Divina

Misericórdia pelos séculos

 

Ir. Faustina do Santíssimo Sacramento

Congregação das Irmãs

da Mãe de Deus da Misericórdia

 

JMJ

 

1590. Glorifica, alma minha, a inconcebível Misericórdia de Deus, tudo

para a Sua glória……

 

Cracóvia, 10 II 1938

 

Sexto caderninho

 

Ir. Faustina do Santíssimo Sacramento da Congregação das Irmãs da

Mãe de Deus da Misericórdia

 

1591. O meu coração é atraído para onde o meu Deus se oculta,

Onde permanece connosco dia e noite,

Envolvido numa Hóstia branca,

Dirige o mundo inteiro, comunica com as almas.

O meu coração é atraído para onde o meu Senhor se oculta

Onde [está] o Seu amor aniquilado,

Mas o meu coração sente que ali está a água viva,

Meu Deus vivo, embora oculto detrás de um véu.

 

1592. 10 II 1938. Durante a meditação, o Senhor deu-me a conhecer o

gozo do Céu e o dos santos que se alegram com a nossa chegada. Amam a

Deus como o único objecto do seu amor, mas também nos amam terna e

sinceramente; mas esta alegria flui a todos do rosto de Deus, porque o

vemos cara a cara. Este rosto é tão doce que a alma cai num contínuo

êxtase.

 

1593. É o próprio Senhor que me incita a escrever orações e hinos sobre

a Sua Misericórdia e estes actos de adoração transbordam dos meus lábios.

Dei-me conta de que à minha mente vêm já fórmuladas as expressões em

honra da Misericórdia de Deus, por isso decidi pô-las por escrito, se me for

possível; sinto que Deus me impele a fazê-lo.

 

1594. Uma das irmãs entrou na minha [cela] por um momento e depois,

de uma breve conversa sobre a obediência, disse-me: «Ah, agora

compreendo como se comportavam os santos. Obrigado, irmã, uma grande

luz entrou na minha alma, tirei muito proveito».

 

1595. Oh meu Jesus, é obra Tua, foste Tu quem falou a esta alma,

porque a irmã entrou quando eu estava completamente mergulhada em

Deus; precisamente naquele momento abandonou-me aquele superior

recolhimento. Oh meu Jesus, eu sei que para ser uma alma útil é necessário

procurar a mais estreita união Contigo, oh amor eterno. Uma palavra de

uma alma unida a Deus aproveita mais às almas que eloquentes dissertações

ou prédicas de uma alma imperfeita.

 

1596. Vi o assombro do Padre Andrasz com o meu comportamento, mas

seja tudo para glória de Deus. Oh, grandiosa é a Tua graça, Senhor, que

eleva a alma às alturas. É grande a minha gratidão a Deus por me ter dado

um sacerdote iluminado, pois na realidade terias podido deixar-me na

incerteza e na dúvida, mas a Tua bondade remediou a situação. Oh meu

Jesus, não sou capaz de contar os Teus benefícios…

 

1597 Minha filha, a luta continuará até a morte, há de [findar] com o

último suspiro; vencerás pela mansidão.

 

1598. 13 II 1938. Vejo como Jesus vai contrariado a algumas almas, na

Santa Comunhão. E repetiu-me estas palavras: Vou a alguns corações

como a outra Paixão.

 

1599. Quando estava a fazer a Hora Santa, vi Jesus a sofrer, que me

disse estas palavras: Minha filha, não prestes tanta atenção ao vaso da

graça, mas à própria graça que te concedo, porque o vaso nem sempre

te agrada e então também as graças poderiam diminuir. Quero

preservar-te disso e desejo que nunca chames a atenção para o vaso

com que te envio a Minha graça, mas toda a atenção da tua alma deve

concentrar-se em corresponder com a máxima fidelidade à Minha

graça.

 

1600. Oh meu Jesus, se não fores Tu Mesmo a aliviar o anseio da minha

alma, ninguém conseguirá consolá-la nem acalmá-la.

Cada vez que te aproximas de mim, despertas na minha alma um novo

êxtase de amor, mas também uma nova agonia, porque apesar das tuas tão

excepcionais aproximações à minha alma, amo-Te ainda à distância e o meu

coração agoniza num êxtase de amor porque esta não é ainda uma união

eterna e total, embora muito frequentemente Te relaciones comigo sem

nenhum véu. Com isto crias na minha alma e no meu coração um abismo de

amor e de anseio por Ti, oh Deus. E este abismo sem fundo, de desejar a

Deus em toda a plenitude, não pode ser alcançado completamente na Terra.

 

1601. O Senhor deu-me a conhecer quanto deseja a perfeição das almas

escolhidas.

Nas minhas mãos, as almas eleitas são as luzes que lanço na

escuridão do mundo e o ilumino.

Como as estrelas iluminam a noite, assim as almas eleitas iluminam

a Terra; quanto mais perfeita é a alma, tanto mais luz irradia à sua

volta e chega mais longe. Pode ser até oculta e desconhecida das pessoas

mais próximas, no entanto a sua santidade reflecte-se nas almas nos

mais distantes confins do mundo.

 

1602. Hoje o Senhor disse-me: Quando te aproximas da confissão, a

essa Fonte da Minha Misericórdia, sempre se derramam sobre a tua

alma o Sangue e a Água que brotou do Meu Coração, e enobrecem a

tua alma. Cada vez que vais confessar-te, submerge-te toda na Minha

Misericórdia com grande confiança, para que Eu possa derramar sobre

a tua alma a generosidade da Minha graça. Quando te aproximas da

confissão deves saber que Eu Mesmo te espero no confessionário, só

que estou oculto no sacerdote, mas sou Eu Mesmo que actuo na tua

alma. É aqui que a miséria da alma se encontra com o Deus da

Misericórdia. Diz às almas que desta Fonte da Misericórdia, as almas

só podem tirar graças com o vaso da confiança. Se a sua confiança for

grande, a Minha generosidade não conhecerá limites. As torrentes da

Minha graça inundam as almas humildes. Os soberbos permanecem

sempre na pobreza e miséria, porque a Minha graça se afasta deles

dirigindo-se para os humildes.

 

1603. 14 II [1938]. Durante a adoração ouvi estas palavras: Reza por

uma das alunas que necessita muito da Minha graça. Soube que se

tratava de N.; rezei muito e a Misericórdia de Deus envolveu aquela alma.

 

1604. Durante a adoração, enquanto repetia várias vezes [a invocação]

Santo Deus, de repente envolveu-me uma mais viva presença de Deus e fui

levada em espírito diante da Majestade Divina. Pude ver como dão glória a

Deus os Anjos e os santos do Senhor. A glória que rendem a Deus é tão

grande que nem tento descrevê-la, porque não seria capaz e também para

que as almas não pensem que o que escrevi é tudo. São Paulo, agora

compreendo porque não quiseste descrever o Céu [389] e só disseste que o

que nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo coração

do homem, o que Deus preparou para os que O amam [390]. Assim é, e

tudo o que saíu de Deus a Ele volta e presta uma glória perfeita. E agora, ao

olhar a glória que eu presto a Deus, ¡oh, que miséria é! É uma pequeníssima

gotinha em comparação com a perfeita glória celeste. Oh, que bom és, oh

Deus, que aceitas também a minha adoração e diriges benignamente o Teu

rosto para mim e me fazes saber que Te é agradável a nossa oração.

 

1605 Escreve sobre a Minha bondade o que te vier à cabeça.

Respondi: Mas, Senhor, ¿se escrevo demasiadamente? E o Senhor

respondeu-me: Minha filha, embora falasses ao mesmo tempo todas as

línguas dos homens e dos Anjos, não dirias demais, mas glorificarias

apenas numa pequena parte a Minha bondade, a Minha Misericórdia

insondável.

Oh meu Jesus, Tu Mesmo pões as palavras na minha boca para que

possa adorar-Te dignamente.

Minha filha, fica tranquila, faz o que te digo. Os teus pensamentos

estão unidos aos Meus, escreve, portanto, o que te vier à mente. Tu és a

secretária da Minha Misericórdia; escolhi-te para este cargo nesta e na

vida futura. Quero que assim seja, apesar de todos os obstáculos que te

criarem. Deves saber que a minha predileccção não mudará.

Naquele momento, mergulhei, em grande humilhação, na Majestade de

Deus. Mas quanto mais me humilhava, tanto mais me penetrava a presença

de Deus….

 

1606. Oh Jesus, meu único consolo. Oh, que terrível é o exílio; oh, que

desolação tenho de passar. A minha alma atravessa a pavorosa espessura de

diferentes dificuldades. Se não me sustivesses Tu Mesmo, Senhor, seria

absolutamente impossível avançar.

 

1607. 16 [II 1938]. Enquanto rezava ao vivo Coração de Jesus que está

no Santíssimo Sacramento por intenção de certo sacerdote, num momento

Jesus deu-me a conhecer a Sua bondade e disse-me: Não lhe exigirei acima

das suas forças.

 

1608. Ao inteirar-me de certos sofrimentos e dificuldades que uma

pessoa enfrentava em toda esta Obra de Deus, antes da Santa Comunhão

pedi a Jesus que me fizesse saber se acaso esses sofrimentos não teriam sido

provocados por mim. Meu dulcíssimo Jesus, suplico-Te pela Tua infinita

bondade e Misericórdia, permite-me saber se nesta Obra há algo que não Te

agrade, ou se há alguma culpa minha. Se é assim, rogo-Te que ao chegar ao

meu coração o enchas de inquietação e me dês a conhecer o Teu

descontentamento. E se não há culpa minha, confirma-me na paz. Quando

recebi o Senhor, a minha alma ficou cheia de uma grande paz e o Senhor

comentou-me que a Obra estava a passar uma prova, mas que isso não Lhe

era menos agradável. Isto alegrou-me muito, mas dupliquei as minhas

orações para que a Obra saia indemne do fogo da prova.

 

1609. Oh meu Jesus, que bom é estar na cruz, mas Contigo. Contigo,

amor meu, a minha alma está continuamente estendida na cruz e enche-se

de amargura. O vinagre e a fel roçam os meus lábios, mas está bem, está

bem que seja assim, pois o Teu Coração divino, durante toda a vida, sempre

bebeu amargura, e em paga do amor recebeste ingratidão. Estavas tão

dorido que dos Teus lábios se escapou esta queixa dolorosa com a qual

procuravas quem Te consolasse, e não o encontraste [391].

 

1610. Enquanto pedia ao Senhor que se dignasse olhar certa alma que

luta só contra muitas dificuldades, num só instante o Senhor me disse que

todos são como pó debaixo dos Seus pés. Não te aflijas, vês que por si

mesmos eles não podem nada, e se lhes permito parecer triunfar, faço-o

pelos Meus impenetráveis desígnios. Experimentei uma grande serenidade

ao ver que tudo depende do Senhor.

 

1611. Quando vem o capelão com o Senhor Jesus, há momentos nos

quais me envolve uma muito viva presença de Deus, o Senhor mostra-me a

Sua santidade e então vejo o mais pequeno grão de pó na minha alma; antes

de cada Santa Comunhão, desejaria purificar a minha alma. Perguntei ao

confessor, e respondeu-me que não é necessário confessar-me antes de cada

Santa Comunhão. A Santa Comunhão elimina estes pormenores e é uma

tentação pensar na confissão no momento de receber a Santa Comunhão.

Não continuei a explicar melhor o estado da minha alma, porque não era o

meu director espiritual, mas só um confessor [392]. E este conhecimento

não me ocupa tempo por ser mais rápido que um relâmpago, incendeia em

mim o amor, deixando-me o conhecimento de mim mesma…

 

1612. 20 II [1938]. Hoje, o Senhor disse-me: Necessito dos teus

sofrimentos para salvar as almas.

Oh meu Jesus, faz comigo o que quiseres. Não tive coragem de pedir a

Jesus maiores sofrimentos, porque na noite anterior sofri tanto que não

suportaria nem uma gota mais do que o Mesmo Senhor Jesus me tinha

dado.

 

1613. Durante quase toda a noite tive dores tão violentas que me

pareciam rebentar os intestinos. Vomitei o medicamento que tinha tomado.

Quando me inclinei para o chão, perdi os sentidos e, assim, com a cabeça

apoiada no chão, permaneci durante algum tempo. Ao voltar a mim, dei-me

conta de que tinha todo o corpo apoiado na cara e na cabeça; empapada de

vómitos, pensei que isto ia ser já o fim. A querida Madre Superiora e a Ir.

Tarcisia trataram de ajudar-me como podiam. Jesus pedia sofrimentos

e não a morte. Oh meu Jesus, faz comigo o que Te agradar. Dá-me somente

força para sofrer. Se me sustém a Tua força, aguentarei tudo. Oh almas,

quanto as amo.

 

1614. Hoje veio ver-me uma das irmãs e disse-me: «Irmã, tenho

uma sensação estranha, como se me empurrassem para vir vê-la e

recomendar-lhe distintos assuntos meus antes de que morra, porque a irmã

pode obtê-los e encontrar a solução com Jesus; algo me disse

continuamente que a irmã pode obter isso para mim». Respondi-lhe

sinceramente que sim, que sentia na alma que depois de morrer poderei

obter de Jesus mais do que agora. Recordá-la-ei, irmã, diante do Seu trono.

 

1615. Quando entrei um momento no dormitório contíguo para visitar as

irmãs doentes, uma delas disse-me: «Irmã, quando morrer não lhe terei

medo em absoluto. Venha ver-me depois de morrer, porque quero confiarlhe um segredo da alma para que o resolva com o Senhor Jesus; eu sei que

pode obtê-lo de Jesus, para mim». Como falou em público, respondi-lhe

deste modo: Jesus é muito discreto, portanto não revela a ninguém os

segredos que existem entre Ele e a alma.

 

1616. Oh Senhor meu, agradeço-Te por me fazeres semelhante a Ti, no

aniquilamento. Noto que o meu invólucro terrestre começa a desmoronarse; estou contente com isso, porque já dentro de pouco tempo me

encontrarei na casa da meu Pai.

 

1617. 27 II [1938]. Hoje confessei-me ao Padre A.; procedi como

Jesus queria. Depois da confissão uma profunda luz inundou a minha alma.

Então ouvi uma voz: Como és uma criança, permanecerás junto ao Meu

Coração; é-Me mais agradável a tua simplicidade do que as

mortificações.

 

1618. As palavras do Padre Andrasz: «Viva mais pela fé; reze para que a

Divina Misericórdia se difunda mais e que a Obra esteja em boas mãos, que

a dirijam bem. Procure ser aqui uma boa religiosa, embora já possa ser

como é, mas procure ser aqui uma boa religiosa. E se sentir esses impulsos

divinos e souber que são do Senhor, siga-os. Dedique à oração tudo o tempo

que lhe está dedicado [à oração] e faça as anotações depois da oração…»

 

1619. Dois últimos dias de carnaval. Aumentaram os meus sofrimentos

físicos. Uni-me mais estreitamente ao Salvador padecente, pedindo-Lhe

Misericórdia para o mundo inteiro, desenfreado na sua maldade. Durante

todo o dia senti a dor da coroa de espinhos. Ao deitar-me não pude apoiar a

cabeça na almofada; no entanto, às dez as dores cessaram e consegui

dormir; mas, no dia seguinte, senti-me esgotada.

 

1620. Oh Jesus Hóstia, se Tu não me sustentasses não conseguiria

perseverar na cruz, não poderia suportar tantos sofrimentos, mas a força da

Tua graça mantém-me num nível mais elevado e faz meritórios os meus

sofrimentos. Dás-me força para avançar sempre e conquistar o Céu por

assalto e ter amor no coração por aqueles dos quais recebo hostilidade e

desprezo. Com a Tua graça pode-se tudo.

 

1621. 1 III 1938. Exercícios espirituais de um dia.

Durante a meditação entendi que devo esconder-me no Coração de Jesus

o mais profundamente possível. Contemplar a Sua dolorosa Paixão e

penetrar nos sentimentos do Seu Divino Coração que está cheio de

Misericórdia para os pecadores. Para pedir Misericórdia aniquilar-me-ei em

cada momento, vivendo da vontade de Deus.

 

1622. Durante toda esta Quaresma sou uma hóstia nas Tuas mãos, Jesus;

serves-Te de mim para que Tu próprio possas entrar nos pecadores. Pede o

que quiseres; nenhum sacrifício me parecerá demasiadamente grande

quando se trata das almas.

 

1623. Durante todo este mês, a Santa Missa e a Santa Comunhão serão

por intenção do Padre Andrasz, para que Deus lhe faça conhecer ainda mais

profundamente o Seu amor e Misericórdia.

 

1624. Este mês exercitar-me-ei nas três virtudes que a Mãe de Deus me

recomendou; na humildade, na pureza e no amor de Deus, aceitando com

profunda submissão a vontade de Deus, tudo o que Ele me enviar.

 

1625. 2 III [1938]. Comecei a santa Quaresma como Jesus desejava,

abandonando-me plenamente à Sua santa vontade e aceitando com amor

tudo o que me enviar. Não posso fazer maiores mortificações por estar

muito fraca. A longa doença esgotou completamente as minhas forças.

Uno-me a Jesus através do sofrimento. Quando medito a Sua dolorosa

Paixão, diminuem os meus sofrimentos físicos.

 

1626. O Senhor disse-me: Levo-te à Minha escola por toda a

Quaresma; quero ensinar-te a sofrer. Respondi: Contigo Senhor, estou

preparada para tudo. E ouvi uma voz: Podes beber do cálice de que Eu

bebo; hoje concedo-te essa exclusiva honra.

 

1627. Hoje senti a Paixão de Jesus em todo o meu corpo e o Senhor fezme saber da conversão de certas almas.

 

1628. Durante a Santa Missa vi Jesus pregado na cruz, que me disse:

Discípula Minha, tem um grande amor por aqueles que te fazem sofrer,

faz o bem aos que te odeiam. Respondi: Oh meu Mestre, Tu vês que não

lhes tenho o sentimento do amor e isso entristece-me. Jesus respondeu-me:

O sentimento nem sempre está em teu poder; conhecerás que tens amor

se, depois de experimentar desgostos e contrariedades, não perderes a

tranquilidade, mas rezares por aqueles que te fizeram sofrer e lhes

desejares o bem. Ao voltar [396] […]

 

1629. JMJ

Sou uma hóstia em Tuas mãos,

Oh Jesus, meu Criador e Senhor,

Silenciosa, escondida, sem formosura e sem encanto,

Porque toda a beleza da minha alma se reflecte no íntimo.

Sou uma hóstia nas tuas mãos, oh divino Sacerdote,

Faz comigo o que te agradar.

Abandono-me toda à Tua santa vontade, Senhor,

Porque ela é o deleite e o adorno da minha alma.

Sou em Tuas mãos, oh Deus, como uma hóstia branca,

Suplico-Te, transforma-me em Ti,

Para que em Ti fique completamente oculta,

Encerrada no Teu Coração misericordioso, como no Céu.

Sou em Tuas mãos como uma hóstia, oh Sacerdote eterno,

Que a hóstia do meu corpo me oculte aos olhos humanos,

Que só os Teus olhos valorem o meu amor e a minha abnegação,

Porque o meu coração está sempre unido ao Teu Coração divino.

Sou em Tuas mãos, oh Mediador divino, como uma hóstia expiatória

E ardo sobre o altar do holocausto,

Moída e triturada pelo sofrimento como grãos de trigo,

E tudo por Tua glória e pela salvação das almas.

Sou uma hóstia que permanece no tabernáculo do Teu Coração,

Caminho pela vida submergida em Teu amor

Sem temer nada no mundo,

Porque Tu Mesmo és o meu escudo, a minha força e a minha defesa.

Sou uma Hóstia depositada no altar do Teu Coração,

Para arder do fogo de amor por todos os séculos,

Porque sei que me elevaste unicamente pela Tua Misericórdia.

Assim, todos os dons e graças as converto para a Tua glória.

Sou uma hóstia em Tuas mãos, oh Juiz e Salvador,

Na última hora da minha vida,

Que a omnipotência da Tua graça me leve à meta,

Que se distinga a Tua piedade no vaso da Tua Misericórdia.

 

1630. Oh meu Jesus, consolida as forças da minha alma para que o

inimigo não vença. Sem Ti sou a própria fraqueza, sem a Tua graça não sou

mais que um abismo de miséria. A miséria é a minha propriedade.

 

1631. Oh Ferida da Misericórdia, Coração de Jesus, esconde-me na Tua

profundidade como uma gotinha do Teu próprio sangue, e não me deixes

escapar dela pela eternidade. Guarda-me nas Tuas profundidades e Tu

Mesmo ensina-me a amar-Te. Oh amor eterno, Tu Mesmo modela a minha

alma para que seja capaz de corresponder ao Teu amor. Oh Amor vivo, fazme capaz de Te amar eternamente. Quero corresponder ao Teu amor pela

eternidade. Oh Cristo, um olhar Teu tem para mim mais valor do que

milhares de mundos, do que o Céu inteiro.

Tu, Senhor, podes fazer que a minha alma saiba compreender-Te em

toda a plenitude, [conhecer] como és. Eu sei e creio que Tu podes tudo; se

Te dignaste dar-Te a mim com tanta generosidade, sei que podes ser ainda

mais generoso; introduz-me numa intimidade Contigo até onde pode ser

introduzida a natureza humana…

 

1632. JMJ

Os Meus desejos são tão inconcebíveis e tão grandes

Que nada é capaz de encher o abismo do meu coração.

Nem sequer as mais belas criaturas escolhidas do mundo inteiro

Nem por um só instante me substituiriam a Ti, oh Deus.

Com um só olhar penetrei o mundo inteiro na sua totalidade.

E não encontrei um amor semelhante ao do meu coração,

Voltei o olhar para o mundo eterno, já que este é muito pequeno para mim,

O meu coração desejou o amor do Imortal.

O meu coração sentiu que sou filha do Rei,

Que me encontro no exílio, numa Terra estrangeira,

Soube que a minha casa é um palácio celeste,

Só ali me sentirei como na minha própria pátria.

Tu Mesmo, oh Senhor, atraíste a minha alma para Ti.

Oh Soberano eterno, Tu Mesmo Te humilhaste até mim,

Dando à minha alma um conhecimento mais profundo de Ti Mesmo.

Sei o mistério do amor pelo qual me criaste.

O amor fez-me forte e valente,

Não tenho medo nem dos Serafins nem do Querubim que vigia com a

espada

E passo livremente ali onde os outros tremem,

Porque não há de que temer quando o amor é o guia.

E, de repente, o olhar da minha alma deteve-se em Ti,

Oh Senhor Jesus Cristo pregado na cruz,

Eis aqui o meu amor com que descansarei no túmulo,

Eis aqui o meu Esposo, o meu Senhor e o meu Deus inconcebível.

[Nesta altura do manuscrito há meia página em branco].

 

1633. 10 III [1938]. Contínuos sofrimentos físicos. Estou na cruz com

Jesus. Numa ocasião a Madre Superiora disse-me: «a irmã tem falta de

amor ao próximo, porque come algo e depois sofre, perturbando as outras

no descanso nocturno». Eu, no entanto, tenho a certeza de que estas dores

nos intestinos, não são provocados absolutamente pela comida, e o mesmo

constatou o médico.

 

São dores orgânicas, ou melhor, uma prova de Deus. No entanto, depois

dessa observação tomei a decisão de sofrer ocultamente e não pedir ajuda

que, de todas as formas, é inútil, pois vomito os remédios que tomo.

Algumas vezes, só Jesus sabe como consegui suportar alguns ataques. Estes

dores são tão violentas e fortes que até fico inconsciente. Depois do ataque,

quando desmaio e me cubro de suores frios, então começam a ceder pouco

a pouco. Às vezes duram até três horas ou mais. Oh meu Jesus, que se faça

a Tua santa vontade, aceito tudo das Tuas mãos. Se aceito os êxtases e os

enlevos de amor até me esquecer do que sucede à minha volta, é também

justo que aceite com amor os sofrimentos que me tiram a lucidez da mente.

 

1634. Quando veio o médico e eu não pude descer ao locutório como as

outros irmãs, pedi que viesse à minha cela, porque não podia descer devido

a certo obstáculo. Um momento depois veio o médico à cela e ao examinarme, disse: «Direi tudo à irmã enfermeira». Quando veio a irmã enfermeira,

depois do médico se ter retirado, disse-lhe a razão pela qual não tinha

podido descer ao locutório, mas ela manifestou o seu descontentamento. E

quando lhe perguntei: irmã, ¿que disse o médico das minhas dores?,

respondeu-me que não tinha dito nada, que não era nada. Disse que são

caprichos de doente e foi-se embora.

 

Então disse a Deus: Cristo, dá-me força e fortaleza para sofrer, infunde

no meu coração o amor puro a esta irmã. Depois, durante toda a semana não

me visitou nem por um momento. No entanto, as dores repetiram-se com

grande violência e duraram quase toda a noite, parecendo que se

aproximava o fim. As Superioras decidiram consultar outro médico e este

constatou que o estado era grave e disse-me: «É impossível voltar a uma

saúde nova. Ainda se pode restabelecer um pouco, mas já não se pode falar

de plena saúde».

 

Receitou um medicamento contra as dores e, depois de o tomar, os

graves ataques não se repetiram. «Mas se a irmã, vier para cá, [para o

sanatório] trataremos de melhorar a sua saúde dentro do que ainda é

possível». O médico insistiu em que fosse tratar-me para o sanatório. Oh

meu Jesus, que misteriosos são os os Teus desígnios.

 

1635. Jesus faz-me escrever tudo isto para o consolo de outras almas que

serão expostas, com frequência, a semelhantes sofrimentos.

 

1636. Apesar de me sentir muito fraca, fui àquele médico, já que tal era

a vontade das Superioras. A irmã que me acompanhava ia comigo

contrafeita. Manifestou isso várias vezes e por fim disse-me: «¿Que

fazemos? Não tenho dinheiro suficiente para o carro». Não lhe respondi

nada. «E se não houver carro. ¿Como faremos para percorrer todo este

caminho?» Essas e muitas outras coisas as disse unicamente para me

inquietar, porque as queridas Superioras deram dinheiro suficiente, e não

faltava. Ao conhecer dentro de mim toda esta história, ri-me e disse àquela

irmã que eu estava completamente tranquila e que tivessemos confiança em

Deus. Mas percebi que a minha profunda calma a irritava.

Então pus-me a rezar por sua intenção.

 

1637. Oh Senhor meu, tudo isto para Ti, para suplicar Misericórdia para

os pobres pecadores. Quando regressei estava tão cansada que tive que

deitar-me imediatamente; no entanto era o dia da confissão trimestral, ainda

procurei ir confessar-me, porque tinha a necessidade não só da confissão

mas também de pedir conselho ao director espiritual. Comecei a prepararme, mas senti-me tão fraca que decidi pedir à Madre Superiora licença para

me confessar antes das noviças, por me sentir sem forças. A Madre

Superiora respondeu: «Procure, irmã, a Madre Mestra, e se ela lhe

permitir confessar-se antes das noviças, está bem». Mas faltavam só três

irmãs para se confessar, portanto esperei, tanto mais que não tinha forças

para ir à procura da Madre Mestra. Mas quando entrei no confessionário

senti-me tão mal que não consegui descrever o estado da minha alma,

apenas me confessei. Soube então como é necessário o espírito; a

letra só por si não faz crescer o amor.

 

1638. No dia de hoje surgiram certos mal entendidos entre a Superiora e

eu. Não foi culpa sua nem minha; mas ficou o sofrimento moral, porque não

pude esclarecer o assunto, por ser segredo. Por isto sofri, embora com uma

só palavra tivesse podido revelar a verdade.

 

1639. 20 [III 1938]. Hoje acompanhei espiritualmente uma alma

agonizante. Obtive-lhe a confiança na Divina Misericórdia. Aquela alma

estava à beira da desespero.

 

1640. Esta noite, só Tu a conheces, Senhor. Ofereci-a pelos pobres

pecadores endurecidos para pedir a Tua Misericórdia para eles. Despedaçame e fulmina-me aqui, desde que me dês as almas dos pecadores e

especialmente… Oh Jesus, Contigo nada se perde; Tu tens tudo, dá-me as

almas… dos pecadores.

 

1641. Na adoração durante o ofício das “Quarenta horas”, o Senhor

disse-me: Minha filha, escreve que as culpas involuntárias das almas

não retêm o Meu amor por elas, nem Me impedem de Me unir a elas;

no entanto as culpas, mesmo as mais pequenas, mas voluntárias,

prendem as Minhas graças, e a essas almas não as posso encher dos

Meus dons.

 

1642. Jesus mostrou-me que tudo depende da Sua vontade, dando-me

uma profunda serenidade no que respeita a toda esta Obra.

 

1643 Escuta, Minha filha, embora todas as obras que surgem pela

Minha vontade estejam expostas a grandes sofrimentos, no entanto

considera se alguma delas esteve exposta a maiores dificuldades que a

obra directamente Minha, a Obra da Redenção. Não deves preocuparte demasiadamente pelas contrariedades. O mundo não é tão forte

como parece, a sua força é estritamente limitada. Deves saber, Minha

filha, que se a tua alma estiver cheia do fogo do Meu puro amor, então

todas as dificuldades desaparecem como a névoa sob os raios do sol e

não ousarão atacar uma alma assim, e todos os adversários temem

meter-se com ela, porque sentem que essa alma é mais forte que o

mundo inteiro…

 

1644 Minha filha, em toda esta Obra da Misericórdia faz tanto

quanto te permita a obediência, mas apresenta claramente ao confessor

até o mais pequeno dos Meus desejos, e não podes sustrair-te ao que ele

decida, mas deves cumpri-lo fielmente porque, de outro modo, Eu não

teria mais predilecção por ti…

 

1645. 25 III [1938]. Hoje vi Jesus a sofrer, que se inclinou para mim e

sussurrou-me: Minha filha, ajuda-me a salvar os pecadores. De súbito

entrou na minha alma um fogo de amor pela salvação das almas. Quando

voltei a mim, sabia como salvar as almas e preparei-me para maiores

sofrimentos.

 

1646. Hoje as dores aumentaram, e além disso senti as chagas nas

mãos, nos pés e no lado; suportei-as com paciência. Senti a raiva do inimigo

das almas, mas não me tocou.

 

1647. 1 IV [1938]. Hoje sinto-me outra vez pior. A febre alta começa a

consumir-me. Não posso tomar alimentos, desejava beber alguma coisa

para me reanimar, mas aconteceu nem sequer haver água no meu jarro.

Oh Jesus, tudo para suplicar Misericórdia para as almas.

Apenas tinha renovado a intenção com mais amor, entrou uma das

noviças e deu-me uma laranja grande mandada pela Madre Mestra. Vi nisso

o dedo de Deus. Isso repetiu-se umas quantas vezes.

 

 

Durante esse tempo, embora soubessem das minhas necessidades, nunca

me deram para comer coisas refrescantes, apesar de eu as pedir, mas eu

sabia que Deus exigia sofrimentos e sacrifícios. Não descrevo em pormenor

tudo o que me era recusado, por ser muito melindroso e difícil de crer, mas

Deus pode exigir também sacrifícios assim.

 

1648. Uma vez quis dizer à Madre Superiora que tinha uma grande sede

e pedi que me permitisse ter na cela alguma coisa para apagar essa sede

, mas antes de o pedir, foi a própria Madre que começou a dizer:

«irmã, que esta doença termine de uma vez, de um modo ou de outro. Terá

que submeter-se a tratamento, alguma coisa terá de fazer-se, mas assim não

pode continuar». Quando um momento depois fiquei sozinha, disse: Cristo

¿que fazer? ¿Pedir-Te a saúde ou a morte? Sem ter uma ordem clara

ajoelhei-me e disse: Que se faça em mim segundo a Tua santa vontade;

Jesus, faz comigo o que Te agradar. Naquele momento senti-me como se

estivesse só e atacaram-me distintas tentações, no entanto numa oração

ferverosa encontrei a luz, e soube que a Superiora estava apenas a pôr-me à

prova.

 

1649. Não sei como pode acontecer que o quarto onde me encontrava

estava muito descuidado e, às vezes, não o limpavam durante mais de duas

semanas. Muitas vezes ninguém acendia o aquecimento e por essa razão a

minha tosse aumentava. Às vezes pedia, e outras vezes faltava-me coragem

para o pedir. Uma vez, quando me visitou a Madre Superiora e perguntou se

não seria, talvez, de aquecer mais o quarto, respondi que não, porque lá fora

já havia mais calor e tinhamos a janela aberta.

 

1650. Primeira sexta-feira do mês. Quando vi “O Mensageiro do

Coração de Deus” e li sobre a canonização de São Andrés Bobola, de

repente a minha alma foi invadida por um grande desejo de que também em

nossa casa houvesse uma santa e comecei a chorar como uma criança

pequena. E o Senhor Jesus disse-me: Não chores, tu és essa mesma. Então

a luz divina inundou a minha alma e deu-me a conhecer quanto sofreria e

disse ao Senhor: ¿Como vai ser isso se me falaste de outra Congregação? E

o Senhor respondeu-me: Não é teu assunto saber como sucederá isto,

mas sim ser fiel à Minha graça e fazer sempre o que está ao teu alcance

e o que te permite a obediência….

 

1651. Hoje entrou no meu [quarto] uma das irmãs e disse-me que certa

irmã se estava a refugiar na sua doença e acrescentou que isso a irritava

tanto que com gosto lhe diria o que pensava dela, mas não era deste

convento. Respondi-Lhe que isso me surpreendia muito: ¿Como é que a

irmã, pode pensar assim? lembre-se só de ¿quantas noites sem dormir tem

essa irmã e quantas lágrimas?…… A irmã modificou, então, a sua maneira

de pensar.

 

1652. JMJ

Alma minha, adora a Misericórdia do Senhor,

Coração meu, alegra-te n’Ele plenamente,

Já que foste escolhida por Ele

Para difundir a glória da Sua Misericórdia.

Ninguém penetrou, nem ninguém conseguirá medir a Sua bondade,

A Sua compaixão é incalculável,

Experimente-a cada alma que d'Ele se aproxima,

Ele a protegerá e estreitará ao seu peito misericordioso.

Feliz a alma que confiou na Tua bondade

E se aniquilou plenamente na Tua Misericórdia,

Essa alma está cheia da serenidade do amor,

A defendes em toda a parte como a uma criança.

Oh alma, quem quer que sejas neste mundo,

Embora os teus pecados sejam negros como a noite,

Não tenhas medo de Deus, tu, oh criancinha,

Porque é grande o poder da Divina Misericórdia.

 

1653. JMJ

À luz excelsa, onde reina o meu Deus,

Lança-se a minha alma,

Aspira o meu coração

E todo o meu ser se eleva para Ti.

Aspiro ao mais além, ao próprio Deus,

À luz inconcebível, ao ardor próprio do amor,

Porque a minha alma e o meu coração foram criados para Ele

E o meu coração O amou desde a primeira juventude.

Nos esplendores da luz do Teu rosto

Descansará o meu amor cheio de anseio,

Realmente, uma virgem em exílio agoniza por Ti,

Porque ela vive quando está unida a ti.

 

JMJ

O meu dia já está a terminar,

Já sinto os Teus eternos reflexos, oh Deus,

Ninguém saberá o que sente o meu coração,

A minha boca calar-se-á em grande humildade.

Já vou às bodas eternas,

Ao Céu eterno, ao espaço inconcebível,

Não suspiro pelo descanso nem pelo prémio,

Atrai-me ao Céu o puro amor de Deus.

Já vou ao Teu encontro, Amor eterno,

Com o coração ansioso que Te deseja.

Sinto que o Teu puro amor, oh Deus, habita no meu coração

E sinto que o meu destino eterno está no Céu.

Já vou para o meu Pai, ao Céu eterno,

Do exílio, deste vale de lágrimas.

A Terra não é capaz de reter mais o meu coração puro,

As alturas do Céu atraíram-me a si.

Já vou, oh Esposo meu, para ver a Tua glória,

Que já agora enche a minha alma de alegria,

Onde todo o Céu se submerge em Tua adoração.

Sinto que a minha adoração Te é agradável, embora seja nada.

Na felicidade eterna não esquecerei os homens na Terra,

Suplicarei a Misericórdia de Deus para todos,

E recordarei especialmente os que me foram queridos ao meu coração.

Nem a mais profunda submersão em Deus me impedirá recordá-los.

Nestes últimos momentos não sei falar com os homens,

Em silêncio Te espero só a Ti, oh Senhor.

Sei que chegará o momento quando todos reconheçam

A obra de Deus na minha alma,

Sei que esta é Tua vontade, e assim sucederá.

 

JMJ

 

1654. ¡Oh verdade, oh vida semeada de espinhos!

Para passar por Ti vitoriosamente

Há que apoiar-se em Ti, oh Cristo,

E estar sempre próximo de Ti.

Sem Ti, oh Cristo, não saberia sofrer,

Só por mim não saberia afrontar as contrariedades,

Só, não teria a coragem de beber do Teu cálice,

Mas Tu, Senhor, estás sempre comigo e me guias

Por caminhos misteriosos

E eu, uma criancinha, comecei a lutar em Teu nome

Lutei com coragem embora, às vezes, sem êxito,

E sei que Te foram agradáveis os meus esforços,

E sei que Tu recompensas eternamente só o esforço.

¡Oh verdade, oh combate de vida e morte!

Ao começar a luta, como um oficial inexperiente,

Senti que tinha sangue de guerreiro, mas era ainda uma criança,

Por isso, oh Cristo, necessito da Tua ajuda e da Tua defesa.

O meu coração não descansará do esforço nem da luta,

Até que Tu próprio me chames do campo de batalha.

Apresentar-me-ei diante de Ti não pela recompensa nem honras

Mas para me submergir em Ti pela eternidade, na paz.

 

1655. Oh Cristo, se a alma conhecesse de uma vez tudo o que sofrerá ao

largo de toda a sua vida, morreria de susto depois de conhecê-lo, não

aproximaria dos lábios o cálice da amargura. Mas como lhe é dado saber

gota a gota, esvazia-o até ao fundo. Oh Cristo, se Tu Mesmo não

sustentasses a alma, ¿que poderia [fazer] por si mesma? Somos fortes, mas

com a Tua força; somos santos, mas com a Tua santidade; e sós, ¿o que

somos? - menos do que o nada…

 

1656. Meu Jesus, és para mim mais que tudo no mundo. Embora os

sofrimentos sejam grandes, Tu me susténs. Embora os abandonos sejam

terríveis, Tu mos alivias. Embora a debilidade seja grande, Tu ma convertes

em força. Não sei descrever tudo o que sofro; e o que escrevi até agora é

apenas uma gota. Há momentos de sofrimento que eu, na verdade, não sei

descrever. Mas há na minha vida também momentos quando a minha boca

se cala e não tem uma só palavra em sua defesa e se submete totalmente à

vontade de Deus, e então o Senhor Mesmo me defende e intervém em meu

favor e a Sua intervenção pode ver-se até exteriormente. No entanto,

quando sinto as Suas maiores intervenções que se manifestam como

castigos, então suplico-Lhe fervorosamente Misericórdia e perdão. Mas

nem sempre sou escutada.

 

O Senhor procede comigo de modo misterioso. Há momentos em que

Ele Mesmo permite terríveis sofrimentos, mas também há momentos em

que não me permite sofrer e elimina tudo o que pudesse entristecer a minha

alma. Eis os Seus caminhos impenetráveis e incomprensíveis para nós; o

nosso dever é submetermo-nos sempre à Sua santa vontade. Há mistérios

que a mente humana jamais conseguirá penetrar aqui na Terra, mas os

revelará a eternidade.

 

1657. 10 IV [1938] Domingo de Ramos. Estive na Santa Missa, mas não

tive força para ir procurar a palma. Sentia-me tão fraca que só pude

aguentar durante o tempo da Santa Missa. Durante a Santa Missa Jesus deume a conhecer a dor da Sua alma e senti claramente como os hinos

Hosanna ressoavam dolorosamente no Seu Sagrado Coração. Também a

minha alma foi inundada por um mar de amargura e cada Hosanna

trespassava-me o coração por completo. Toda a minha alma foi atraída à

proximidade de Jesus.

Ouvi a voz de Jesus: Minha filha, a tua compaixão por Mim é um

alívio para Mim, a tua alma adquire uma beleza especial meditando a

Minha Paixão.

 

1658. Recebi a Santa Comunhão cá em cima, porque não me foi possível

baixar à capela, já que estava muito debilitada por ter suado fortemente, e

quando os suores passaram vieram escalafrios e febre. Sentia-me

extremamente fraca. Hoje trouxe-nos a Santa Comunhão um dos Padres

jesuítas. Quando deu o Senhor a três irmãs e depois a mim, pensou

que era a última e por isso me deu duas Hóstias, mas faltou para uma das

noviças que estava noutra cela. O sacerdote foi outra vez e levou-lhe o

Senhor; no entanto Jesus disse-me: Entro nesse coração com relutância;

recebeste duas Hóstias, porque quero demorar a chegar a essa alma,

que se opõe à Minha graça. Não me agrada ser hóspede de tal alma.

Naquele momento a minha alma foi atraída para a Sua proximidade e recebi

uma profunda luz interior que me permitiu compreender profundamente

toda [a Obra] da Misericórdia. Foi um relâmpago, mas mais evidente do

que se o tivesse observado durante horas inteiras com os olhos do corpo.

 

1659. Mas, para escrever qualquer coisa, tenho que usar palavras,

embora elas não reflictam plenamente aquilo que a minha alma gozou

vendo a glória da Divina Misericórdia. A glória da Divina Misericórdia já

ressoa apesar dos esforços dos inimigos e do próprio Satanás, que odeia

muitíssimo a Divina Misericórdia; como esta Obra lhe arrebatará um grande

número de almas, o espírito das trevas tenta, às vezes violentamente, as

pessoas boas para que obstaculizem esta Obra. No entanto, soube

claramente que a vontade de Deus já se está cumprindo, e se cumprirá até

ao último pormenor. Os maiores esforços dos inimigos não frustrarão nem

sequer o mais pequeno pormenor do que o Senhor estabeleceu. Não importa

que haja momentos nos quais esta Obra parece completamente destruída; é

então quando ela se consolida.

 

1660. A minha alma foi inundada por uma paz tão profunda como nunca

tinha sentido. É uma confirmação que vem de Deus e que não se deixa

apagar, é uma profunda paz, que não se deixa perturbar, embora tenha que

passar as maiores provações. Estou tranquila, o próprio Deus dirige tudo.

 

1661. Durante todo o dia permaneci em acção de graças e o

agradecimento inundou-me a alma. Oh Deus, que bom és, que grande é a

Tua Misericórdia. Com as Tuas enormes graças visitas-me, o mais

miserável pó que sou. Caindo de joelhos a Teus pés, oh Senhor, reconheço

com toda a sinceridade do meu coração que não mereço nem a mais

pequena das Tuas graças e se Tu Te dás a mim tão generosamente é só pela

Tua bondade inconcebível; por isso quanto maiores são as graças que o meu

coração recebe, tanto maior é a humildade na qual se submerge.

 

1662. Oh Cristo, sofrer por Ti é um deleite para o coração e para a alma.

¡Prolonguem-se, sofrimentos meus, ao infinito, para que possa dar-Te um

testemunho do meu amor. Aceito tudo o que a Tua mão me oferece. Bastame o Teu amor, oh Jesus. Glorificar-Te-ei no abandono e nas trevas, nos

tormentos e no temor, nas dores e na amargura, nos tormentos da alma e na

amargura do coração; em tudo sejas glorificado. O meu coração está tão

despegado da Terra que só Tu me bastas plenamente. Já não há nem um

momento na minha vida para ocupar-me de mim própria.

 

1663. Quinta-feira Santa. Hoje senti-me bastante forte para poder

participar nas cerimónias na igreja. Durante a Santa Missa apresentou-se

[Jesus] e disse-me: Olha o Meu Coração cheio de amor e de

Misericórdia pelos homens e, especialmente, pelos pecadores. Olha e

medita sobre a Minha Paixão. Num instante experimentei e vivi toda a

Paixão de Jesus no meu coração admirando-me de que estes suplícios não

me tivessem tirado a vida.

 

1664. Durante a adoração Jesus disse-me: Minha filha, deves saber que

o teu amor vivo e a compaixão que tens por Mim, foram para Mim um

consolo no Horto das Oliveiras.

 

1665. À noite, durante a Hora Santa ouvi estas palavras: Vês a Minha

Misericórdia pelos pecadores, que agora se manifesta em todo o seu

poder. Olha o pouco que escreveste dela, é apenas uma gota. Faz o que

esteja ao teu alcance para que os pecadores conheçam a Minha

bondade.

 

1666. Sexta-feira Santa. Vi o Senhor Jesus martirizado, mas não cravado

à cruz, antes da crucifixão e disse-me: Tu és o Meu coração, fala aos

pecadores da Minha Misericórdia. E o Senhor mostrou-me interiormente

todo o abismo da Sua Misericórdia pelas almas e entendi que o que tinha

escrito era, realmente, uma gota.

 

1667. Sábado Santo. Durante a adoração o Senhor disse-me: Fica

tranquila, Minha filha, esta Obra da Misericórdia é Minha, não há

nada teu nela. Agrada-Me que estejas cumprindo fielmente o que te

recomendei, não acrecentaste nem suprimiste uma só palavra. Deu-me

luz interior e percebi que não havia nem uma palavra minha; apesar das

dificuldades e adversidades sempre, sempre cumpri a sua vontade, que tinha

conhecido.

 

1668. Missa da Ressurreição. Antes da Missa da Resurreição senti-me

tão fraca que perdi a esperança de poder participar na procissão dentro da

igreja e disse ao Senhor Jesus: se Te são agradáveis as minhas orações,

fortalece-me para esse momento, para que possa tomar parte na procissão.

Naquele mesmo instante senti-me forte e segura de poder ir juntamente com

as irmãs.

 

1669. Quando a procissão saíu, vi Jesus num resplendor maior que o

brilho do sol. Jesus olhou-me com amor e disse: Coração do Meu

Coração, enche-te de alegria. Naquele mesmo instante o meu espírito

submergiu-se n’Ele… Ao voltar a mim, estava andando na procissão com as

irmãs, toda a minha alma estava submergida n’Ele…

 

1670. Páscoa. Durante a Santa Missa agradeci ao Senhor Jesus por se ter

dignado redimir-nos e por este dom maior, isto é por se ter dignado

oferecer-nos o Seu amor na Santa Comunhão, ou seja a Si Mesmo. Naquele

mesmo instante fui atraída ao seio da Santíssima Trindade e fui submergida

no amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É difícil descrever estes

momentos.

 

1671. Naquele momento pedi ao Senhor por certa pessoa e o Senhor

respondeu-me: Aquela alma é-Me especialmente querida. Alegrei-me

com isso enormemente. A felicidade de outras almas enche-me de uma

nova alegria e ao perceber numa alma alguns dons elevados, o meu coração

sobe ao Senhor com uma nova adoração.

 

1672. 19 IV [1938]. Durante o recreio, uma das irmãs disse: «A Ir.

Faustina está tão mal de saúde que quase não consegue andar; mais valia

que morresse quanto antes, porque será santa». Então uma das irmãs

directoras disse: «Sabemos que morrerá, mas se será santa, é outra coisa».

Começaram comentários mordazes a este respeito. Eu calava-me; disse uma

palavra, mas ao notar que a conversação piorava, voltei a calar-me.

 

1673. Actualmente recebo cartas das irmãs que estão noutras casas e

com as quais estive no noviciado. Às vezes fazem-me rir muito,

divirtem-me. São deste tipo: «Querida Ir. Faustina, lamentamos muito que

esteja tão gravemente doente, mas alegramos-nos muito de que, quando o

Senhor Jesus a levar, a irmã, rezará por nós, porque pode muito diante do

Senhor». Uma das irmãs expressou-se deste modo: «Quando morrer, irmã,

rodeie-me da sua protecção especial, porque mo poderá fazer seguramente».

Outra irmã expressou-se assim: «Eu espero com impaciência que o Senhor

Jesus a leve, já que sei o que sucederá e desejo muito a sua morte, irmã».

Quis perguntar-lhe o que era o que pensava da minha morte, mas

mortifiquei-me e respondi: Comigo, pecadora, sucederá o mesmo que com

todos os pecadores se a Misericórdia de Deus não me proteger.

 

1674. 20 IV [1938]. Partida para Pradnik. Estava muito

preocupada porque ia ficar numa sala comum e exposta a várias coisas; se

fosse uma semana ou duas, mas tratava-se de um tempo tão longo, dois

meses ou, talvez, mais. À noite fui falar mais tempo com o Senhor Jesus.

Quando vi Jesus, abri-Lhe todo o meu coração e expus-Lhe todas as

dificuldades, medos e temores. Jesus ouviu-me com amor e depois disse:

Fica tranquila, Minha filha, Eu estou contigo, vai com a maior

serenidade. Tudo está preparado: mandei, do modo que Me é próprio,

preparar para ti um quarto isolado. Tranquilizada, cheia de gratidão, fui

descansar.

 

1675. No dia seguinte acompanhou-me a Ir. Felicia. Fui com uma

profunda serenidade e liberdade de espírito. Quando chegámos, disseramnos que havia um quarto isolado para a Ir. Faustina. Quando entrámos nesse

quarto ficámos surpreendidas ao ver que tudo estava preparado com

esmero, muito limpo, coberto de toalhas, adornado com flores. Na mesinha

de cabeceira as irmãs puseram um bonito cordeiro pascal. De seguida

vieram três Irmãs do Sagrado Coração que trabalham nesse sanatório,

minhas velhas conhecidas, e que me receberam afectuosamente. A Ir.

Felicia estava surpreendida com tudo isto, despedimo-nos cordialmente e

foi-se embora. Quando fiquei sozinha, a sós com o Senhor Jesus, agradeciLhe por esta grande graça. Jesus disse-me: Fica tranquila, Eu estou

contigo. Cansada, adormeci. À noite veio a irmã que ia cuidar de

mim.

 

1676. «Amanhã, irmã, não terá o Senhor Jesus porque está muito

cansada, e depois veremos como será».

Isso magoou-me muitíssimo, mas respondi com grande calma: Está bem.

Abandonando-me completamente ao Senhor procurei dormir. De manhã fiz

a meditação e preparei-me para a Santa Comunhão, embora não fosse

receber o Senhor Jesus. Quando o meu anseio e o meu amor chegaram ao

ponto culminante, de repente, junto à minha cama, vi um Serafim que me

deu a Santa Comunhão, dizendo estas palavras: Eis o Senhor dos Anjos.

Quando recebi o Senhor, o meu espírito submergiu-se no amor de Deus e no

assombro. Isso repetiu-se durante 13 dias, sem eu ter a certeza de que no dia

seguinte me trouxesse mas, abandonando-me a Deus, tinha confiança na

Sua bondade; no entanto nem sequer me atrevia a pensar se no dia seguinte

receberia a Santa Comunhão deste modo.

 

O Serafim estava rodeado de uma grande claridade, reflectia o divino, o

amor de Deus. Vestia uma túnica dourada e por cima dela uma sobrepeliz e

uma estola transparentes. O cálice era de cristal, coberto de um véu

transparente. Assim que me dava o Senhor, desaparecia imediatamente.

 

1677. Uma vez, quando tinha certa dúvida que me tinha surgido um

pouco antes da Santa Comunhão, de repente apresentou-se novamente o

Serafim com o Senhor Jesus. Eu, no entanto, perguntei ao Senhor Jesus e

sem receber a resposta, disse ao Serafim: ¿Podes confessar-me? E ele

respondeu-me: Nenhum espírito no Céu tem esse poder. Nesse mesmo

instante a Santa Hóstia pousou nos meus lábios.

 

1678. No domingo a irmã que cuidava de mim disse: «Bom, hoje o

sacerdote vai trazer-lhe o Senhor Jesus». Respondi-Lhe: Está bem; e trouxem'O. Algum tempo depois recebi licença de me levantar. Assim, já podia ir

à Santa Missa e visitar o Senhor.

 

1679. Depois do primeiro exame o médico constatou que o estado

era grave. «Suspeito, irmã, que se trate daquilo pelo que tem perguntado,

mas, bom, a Deus Todo-Poderoso nada é impossível».

Ao entrar no meu quarto, mergulhei numa oração de graças por tudo o

que o Senhor me tinha enviado durante toda a vida, submetendo-me

completamente à Sua santíssima vontade. Um abismo de alegria e de paz

inundou a minha alma. Sentia uma paz tão profunda que se naquele

momento tivesse chegado a morte não lhe teria dito, "espera! porque ainda

tenho assuntos por tratar". Não, tê-la-ia saudado com alegria, porque estou

preparada para o encontro com o Senhor não só desde hoje, mas desde o

momento em que me confiei completamente à Divina Misericórdia,

abandonando-me plenamente à Sua santíssima vontade, cheia de

Misericórdia e de compaixão. Sei o que sou por mim mesma…

 

1680. Domingo in Albis. Hoje ofereci-me ao Senhor novamente como

vítima de holocausto pelos pecadores. Meu Jesus, se já se está aproximando

o fim da minha vida, suplico-Te com a maior humildade, aceita a minha

morte em união Contigo como um sacrifício de holocausto que hoje Te

ofereço com toda a consciência e pleno consentimento da vontade, pelo

triplo fim:

 

Primeiro: que a Obra da Tua Misericórdia se difunda no mundo inteiro e

que a Festa da Divina Misericórdia seja solenemente aprovada e celebrada.

 

Segundo: que os pecadores e, especialmente, as almas agonizantes,

recorram à Tua Misericórdia obtendo os indescritíveis frutos desta

Misericórdia.

 

Terceiro: que toda a Obra da Tua Misericórdia seja realizada segundo os

Teus desejos e por certa pessoa que dirige esta Obra…

Aceita, oh piedosíssimo Jesus, a minha pobre oferenda que hoje Te fiz

em presença do Céu e da Terra. Que o Teu Sagrado Coração, cheio de

Misericórdia, supra o que lhe falta e a ofereça ao Teu Pai pela conversão

dos pecadores. Tenho sede de almas, oh Cristo.

 

1681. Naquele momento penetrou-me a luz divina e senti-me

propriedade exclusiva de Deus e senti a máxima liberdade de espírito de

que antes não fazia nem ideia; e naquele mesmo instante vi a glória da

Divina Misericórdia e a multidão inconcebível de almas que glorificavam a

Sua bondade. A minha alma submergiu-se totalmente em Deus e ouvi estas

palavras: Tu és a Minha filha muito querida. A viva presença de Deus

durou todo o dia.

 

1682. 1 V [1938]. Esta noite Jesus disse-me: Minha filha, ¿não te falta

nada? Respondi: Oh Amor meu, quando te tenho a Ti, tenho tudo. E o

Senhor por sua vez respondeu: Se as almas se abandonassem totalmente

a Mim, Eu Mesmo Me encarregaria de as santificar e as encheria de

graças ainda maiores. Há almas que frustram os Meus esforços, mas

não desanimo; sempre que se dirigem a Mim, apresso-Me a ajudá-las,

protegendo-as com a Minha Misericórdia e dou-lhes primazia no Meu

compassivo Coração.

 

1683 Escreve para as almas dos religiosos que é o Meu deleite vir aos

seus corações na Santa Comunhão; mas se há outrém em tal coração,

Eu não o posso tolerar e saio dele quanto antes, levando todos os dons e

graças que lhe tinha preparado, sem sequer se dar conta da Minha

saída. Depois de algum tempo, o vazio interior e o descontentamento

lhe chamarão a atenção. Oh, se então se dirigir a Mim, bem a ajudarei

a limpar o coração, realizando tudo na sua alma, mas sem o seu

conhecimento e consentimento não posso governar esse coração.

 

1684. Relaciono-me muitas vezes com almas agonizantes pedindo para

elas a Misericórdia de Deus. Oh, que grande é a bondade de Deus, maior do

que nós podemos compreender. Há momentos e mistérios da Divina

Misericórdia dos quais se assombram os Céus. Que se calem os nossos

juízos sobre as almas, porque a Divina Misericórdia é admirável para com

elas.

Hoje, durante a Hora Santa pedi ao Senhor Jesus que se digne instruirme sobre a vida interior.

 

1685. Jesus respondeu-me: Minha filha, observa fielmente as palavras

que te vou dizer: não valorizes demasiadamente nenhuma coisa

exterior, ainda que te pareça muito preciosa. Esquece-te de ti mesma e

permanece continuamente Comigo. Confia-me tudo e não faças nada

por tua conta e terás sempre uma grande liberdade de espírito;

nenhuma circunstância nem acontecimento conseguirão perturbar-te.

Não prestes muita atenção ao que dizem as pessoas, deixa que cada um

te julgue como quiser. Não te justifiques, que isso não te prejudicará.

Deixa tudo ao primeiro sinal de pedido, ainda que sejam as coisas mais

necessárias; não peças nada sem Me consultar. Deixa que te tirem até

ao que tens direito; o reconhecimento, o bom nome; que o teu espírito

se eleve acima de tudo isso. E assim, liberta de tudo, descansa junto ao

Meu Coração. Não consintas que nada perturbe a tua paz. Discípula,

reflecte bem sobre as palavras que te disse.

 

1686. Oh Amor meu, meu Mestre eterno, que bom é obedecer, porque

[com a obediência] entra na alma a fortaleza e a força para agir.

 

1687. Hoje vi o Senhor Jesus crucificado. Da chaga do seu Coração

caiam pérolas preciosas e brilhantes. Via que muitíssimas almas recolhiam

estes dons, mas havia uma alma que estava mais próxima do seu Coração e

ela recolhia com grande generosidade não somente para si, mas também

para outros, conhecendo a grandeza do dom. O Salvador disse-me: Eis os

tesouros das graças que jorram sobre as almas, mas nem todas as

almas sabem aproveitar-se da Minha generosidade.

 

1688. Hoje o Senhor disse-me: Minha filha, observa o Meu Coração

misericordioso e reproduz a Sua compaixão no teu coração e nas tuas

acções, de modo que tu mesma, que proclamas ao mundo a Minha

Misericórdia, sejas inflamada por ela.

 

1689. 8 V [1938]. Hoje vi duas colunas muito grandes cravadas na Terra;

uma tinha-a colocado eu, e o outro, certa pessoa, com um inaudito esforço,

fadiga e empenho. E ao colocar aquela coluna eu própria me admirei de

onde tinha tido tanta força. E soube que não o tinha feito com as minhas

próprias forças, mas com o vigor [que me foi dado] do Alto. Estas duas

colunas estavam muito próximas uma da outra, no lugar desta imagem e vi

a Imagem apoiada nestas duas colunas, muito alto. Num só instante surgiu

um grande templo destas duas colunas, tanto a parte interior como a

exterior. Reparei na mão que dava o último toque ao templo, mas não vi a

pessoa. Uma grande multidão de pessoas estava fora e dentro do templo e

as torrentes que saíam do piedosíssimo Coração de Jesus derramavam-se

sobre todos.

 

1690. Hoje, depois da Santa Comunhão, Jesus disse-me: Minha filha,

dá-me almas; deves saber que a tua missão é a de conquistar-Me almas

com a oração e o sacrifício, animando-as à confiança na Minha

Misericórdia.

 

1691. Oh, quanto desejo a glória da Tua Misericórdia. Para mim, a

amargura e o sofrimento. Quando vejo a glória da Tua Misericórdia estou

desmesuradamente feliz. Que caiam sobre mim toda a desonra, a

humilhação e o desprezo, desde que ressoe a glória e o culto à Tua

Misericórdia, a mim isso me basta.

 

1692. O criador e a criatura:

Te adoro, Criador e Senhor, oculto no Santíssimo Sacramento. Adoro-Te

por todas as obras das Tuas mãos, nas quais se revela tanta sabedoria,

bondade e Misericórdia. Oh Senhor, espalhaste tanta beleza sobre a Terra e

ela fala-me da Tua beleza, embora seja um pálido reflexo de Ti, beleza

incompreensível. E embora Te tenhas escondido e ocultado, e ocultaste a

Tua beleza, o meu olhar, iluminado pela fé, chega até Ti e a minha alma

reconhece o seu Criador, o seu Bem supremo, e o meu coração submerge-se

completamente numa prece de adoração.

 

Criador e Senhor meu, a Tua bondade animou-me a conversar Contigo.

A Tua Misericórdia faz que desapareça o abismo que separa o criador da

criatura. Falar Contigo, oh Senhor, é o deleite do meu coração. Em Ti

encontro tudo o que o meu coração pode desejar. Aqui a Tua luz ilumina a

minha mente permitindo-lhe conhecer-Te a Ti cada vez mais

profundamente. Aqui torrentes de graças fluem sobre o meu coração, aqui a

minha alma obtém a vida eterna. Oh Criador e Senhor meu, além de me

ofereceres estes dons, Tu Mesmo Te entregas a mim e Te unes intimamente

à Tua criatura miserável. Aqui os nossos corações se entendem sem

procurar palavras; aqui ninguém é capaz de interromper a nossa

conversação. Aqui, o que falo Contigo, oh Jesus, é nosso segredo que outras

criaturas desconhecerão e que os Anjos não se atrevem a perguntar.

São os secretos perdões que conhecemos só Jesus e eu, é o mistério da

Sua Misericórdia que abraça cada alma individualmente. Por causa desta

inconcebível bondade Tua, Te adoro, oh Criador e Senhor, com todo o meu

coração e toda a minha alma. Esta minha adoração é muito miserável e

insignificante, no entanto estou serena, porque sei que Tu sabes que é

sincera, embora tão imperfeita….

 

1693. Enquanto escrevia estas palavras, vi o Senhor Jesus inclinado

sobre mim, e perguntou-me: Minha Filha, ¿o que estás a escrever?

Respondi: escrevo sobre Ti, oh Jesus, sobre a Tua presença oculta no

Santíssimo Sacramento, sobre o Teu amor inconcebível e a Tua

Misericórdia para os homens. E Jesus disse-me: Secretária do Meu mais

profundo mistério, fica a saber que estás em confidência exclusiva

Comigo; a tua missão é a de escrever tudo o que te faço conhecer sobre

a Minha Misericórdia para o proveito daqueles que, lendo estes

escritos, encontrarão nas suas almas consolo e ganharão coragem para

se aproximar de Mim. Assim, pois, desejo que todos os momentos livres

os dediques a escrever. Oh Senhor, ¿terei sempre ao menos um breve

momento para anotar algo? E Jesus respondeu-me: Não te compete pensar

nisso, faz somente o que puderes; Eu disporei sempre as circunstâncias

de tal modo que cumpras fácilmente o que exijo…

 

1694. Hoje visitou-me uma pessoa leiga por causa da qual tive grandes

desgostos, que abusou da minha bondade mentindo muito. Num primeiro

momento, mal a vi gelou-se-me o sangue nas veias, pois me surgiu diante

dos olhos o que tinha sofrido por sua culpa, embora com uma só palavra

tivesse podido livrar-me disso. E passou-me pela cabeça a ideia de fazê-la

conhecer a verdade de modo decidido e imediato. Mas imediatamente se me

apresentou diante dos olhos a Divina Misericórdia e decidi comportar-me

como se tivera comportado Jesus no meu lugar. Comecei a falar com ela

docemente e, como quis conversar comigo a sós, fiz-lhe conhecer

claramente e de maneira muito delicada, o triste estado da sua alma. Vi a

sua profunda comoção, apesar de que tentou ocultá-la. Naquele momento

entrou uma terceira pessoa e a nossa conversa íntima terminou. Essa pessoa

pediu-me um copo de água e duas outras coisas e atendi-a com agrado.

Mas, se não fosse pela graça de Deus, não seria capaz de me portar assim

com ela. Quando se foram embora, agradeci a Deus pela graça que me

susteve nesse momento.

 

1695. Então ouvi estas palavras: Alegro-Me de que te tenhas

comportado como Minha verdadeira filha. Sê sempre misericordiosa,

como Eu sou misericordioso. Ama a todos por amor de Mim, também

os teus maiores inimigos, para que a Minha Misericórdia possa

reflectir-se plenamente no teu coração.

 

1696. Oh Cristo, é verdade que são necessários esforços muito grandes,

mas com a Tua graça tudo se pode [fazer].

 

1697. Hoje senti-me bastante bem e alegrei-me de poder fazer a Hora

Santa. Mas ao começar a Hora Santa aumentaram os meus sofrimentos

físicos até tal ponto que não fui capaz de orar. Quando a Hora Santa passou,

cessaram também as minhas dores e queixei-me ao Senhor de que desejava

muitíssimo submergir-me na Sua amarga Paixão e os sofrimentos não mo

permitiram. Então Jesus respondeu-me: Minha filha, deves saber que se te

permito experimentar e conhecer mais profundamente os Meus

sofrimentos, é pela Minha graça; mas quando experimentas um

ofuscamento da mente e os teus sofrimentos são grandes, então

participas activamente na Minha Paixão e faço-te completamente

semelhante a Mim. O teu dever é submeter-te à Minha vontade, mais

nesses momentos do que em quaisquer outros…

 

1698. Acompanho frequentemente as almas agonizantes, [415] peço para

elas a confiança na Divina Misericórdia e suplico a Deus a magnanimidade

da graça de Deus que sempre triunfa. A Divina Misericórdia alcança o

pecador, às vezes no último momento, de modo especial e misterioso.

Exteriormente parece como se tudo estivesse perdido, mas não é assim; a

alma iluminada por um raio da forte, e última, graça divina, dirige-se a

Deus no último momento com tanta força de amor que nesse último

momento obtém de Deus [o perdão] das culpas e das penas, sem dar,

exteriormente, alguma sinal de arrependimento ou de contrição, porque já

não reage às coisas exteriores. Oh que insondável é a Divina Misericórdia.

Mas, ¡que horror! Também há almas que repudiam voluntária e

conscientemente esta graça e a desprezam. Já mesmo na agonia, Deus

misericordioso dá à alma um momento de lucidez interior e, se a alma quer,

tem a possibilidade de voltar a Deus. Mas às vezes, nas almas há uma

dureza tão grande que conscientemente escolhem o Inferno; frustram todas

as orações que outras almas elevam a Deus por elas e até os próprios

esforços de Deus…

 

1699. JMJ

 

Solidão, os meus momentos preferidos,

Solidão, mas sempre Contigo, Oh Jesus e Senhor.

Junto ao Teu Coração o tempo passa agradavelmente

E a minha alma encontra descanso.

Quando o coração [está] cheio de Ti e cheio de amor

E a alma arde com um fogo puro,

Então, mesmo no maior abandono, não sentirá solidão,

Porque descansa no Teu seio.

Oh solidão, momentos da mais intensa companhia,

Embora abandonada por todas as criaturas

Submerjo-me por completo no oceano da Tua divindade

E Tu escutas docemente as minhas confidências.

 

1700. Esta noite o Senhor perguntou-me: ¿Não tens algum desejo no

coração? Respondi: Tenho um desejo enorme que é o de me unir a Ti pela

eternidade. E o Senhor respondeu-me: Isso sucederá dentro de pouco

tempo. Minha amadíssima criança, cada movimento teu se reflecte no

Meu coração. O Meu olhar descansa mais benevolamente em ti do que

noutras criaturas.

 

 

1701. Hoje pedi ao Senhor que se dignasse instruir-me sobre a vida

interior, porque por mim não alcanço compreender nada nem pensar em

nada perfeito. E o Senhor respondeu-me: Tenho sido teu Mestre; sou e

serei. Procura que o teu coração se assemelhe ao Meu Coração manso e

humilde. Não reclames nunca os teus direitos. Soporta com grande

calma e paciência tudo o que te suceda; não te defendas quando toda a

vergonha recaia sobre ti injustamente; deixa que triunfem os outros.

Não deixes de ser boa se vês que abusam da tua bondade; quando for

necessário Eu Mesmo intervirei em teu favor.

Agradece pela mais pequena graça minha, porque esta gratidão

obriga-Me a conceder-te novas graças…

 

1702. No final da Via Sacra que eu estava a fazer, o Senhor Jesus

começou a queixar-Se das almas dos religiosos e dos sacerdotes, da falta de

amor nas almas eleitas. Permitirei destruir os conventos e as igrejas.

Respondi: Jesus, mas são tão numerosas as almas que Te louvam nos

conventos. O Senhor respondeu: Esse louvor fere o Meu Coração, porque

o amor foi banido dos conventos.

Almas sem amor e sem devoção, almas cheias de egoísmo e de amor

próprio, almas soberbas e arrogantes, almas cheias de enganos e

hipocrisia, almas tíbias que apenas têm o calor suficiente para se

manterem vivas. O Meu Coração não pode suportar isto. Todas as

graças que derramo sobre elas cada dia, resvalam como sobre uma

pedra. Não posso suportá-las, porque não são nem boas nem más.

Instituí conventos para santificar o mundo através deles. Deles deve

brotar uma potente chama de amor e de sacrifício. E se não se

convertem e não se inflamam com o seu primeiro amor, entregá-las-ei

ao exterminio deste mundo…

¿Como poderão sentar-se no trono prometido, a julgar o mundo, se

as suas culpas pesam mais que as do mundo? Não há penitência, nem

reparação… Oh coração que Me recebeste pela manhã e ao meio-dia

ardes de ódio contra Mim sob as formas mais variadas. Oh coração,

¿terás sido escolhido especialmente por Mim para Me fazer sofrer

mais? Os grandes pecados do mundo ferem o Meu Coração como que

superficialmente, mas os pecados de uma alma eleita trespassam o Meu

Coração por completo…

 

1703. Quando procurei intervir a favor delas não pude encontrar nada

para as justificar e sem poder imaginar nada naquele momento em sua

defesa, partiu-se-me o coração de dor e chorei amargamente.

Então, o Senhor olhou-me amavelmente e consolou-me com estas

palavras: Não chores, ainda há um grande número de almas que Me

amam muito, mas o Meu Coração deseja ser amado por todos e, porque

o Meu amor é grande, os ameaço e os castigo.

 

1704. A luta contra certa tentação. Havia uma pessoa que me abordava

continuamente com palavras lisonjeiras e conhecendo a hora em que eu ia à

capela ou à varanda, me cortava o caminho; não se atrevendo a aproximarse sozinho, tinha encontrado um companheiro semelhante a ele, mas

nenhum deles se atrevia a aproximar-se de mim. Quando ia ao ofício do

mês de Maio, [vi que] essas pessoas já estavam ali por onde eu tinha que

passar; antes de chegar onde estavam ouvi palavras aduladoras dirigidas a

mim. E o Senhor deu-me a conhecer os pensamentos dos seus corações, que

não eram bons. Intuí que, depois do ofício, me esperariam no caminho e

então teria que falar com eles, porque até o momento, pela minha parte,

nunca tinha havido qualquer palavra. Quando saí da capela, vi essas pessoas

aprontadas, esperando pela minha passagem e, desta vez, despertaram-me

temor. De repente Jesus pôs-Se a meu lado e disse: Não tenhas medo, Eu

vou contigo.

 

Subitamente senti na alma tanta força que não consigo exprimi-la, e

como estava a uns passos deles, disse em voz alta e sem medo: "Louvado

seja Nosso Senhor Jesus Cristo". E eles, saindo do caminho responderam:

"Agora e sempre. Amen". Como se os partisse um raio, baixaram as

cabeças sem atrever-se nem sequer a olhar-me.

Disseram algumas palavras maliciosas quando passei. A partir daquele

momento, essa pessoa, quando me via, fugia para não se encontrar comigo e

eu, graças ao Senhor, ficava tranquila…

 

1705. Uma vez, depois da Santa Missa fui ao jardim para fazer a minha

meditação; como a essa hora ainda não havia doentes no jardim, estava à

vontade. Quando meditava sobre os benefícios de Deus, o meu coração

inflamou-se com um amor tão forte que me parecia que o peito ia rebentar.

De repente Jesus pôs-Se ao meu lado e disse:

¿Que fazes por aqui tão cedo? Respondi: Medito sobre Ti, sobre a Tua

Misericórdia e sobre a bondade para nós. E Tu, Jesus, ¿que fazes aqui? Saí

ao teu encontro para cumular-te de novas graças. Procuro as almas que

queiram aceitar a Minha graça.

 

1706. Hoje, durante as vésperas, o Senhor fez-me saber quanto lhe

agrada o coração puro e livre. Senti que é uma delícia para Deus olhar tal

coração…. Mas tais corações são os corações de guerreiros, a sua vida é

uma contínua batalha…

 

1707. Quando ia para a varanda, entrei um momento na capela. O meu

coração submergiu-se numa profunda prece de adoração, glorificando a

inconcebível bondade de Deus e a Sua Misericórdia. Então ouvi estas

palavras: Sou e serei para ti tal como Me glorificas; ainda nesta vida

experimentarás a Minha bondade e na vida futura [a gozarás] em toda

a plenitude.

 

1708. Oh Cristo, tenho o meu maior deleite quando vejo que Tu és

amado, que ressoam a Tua honra e glória e, especialmente, o louvor à Tua

Misericórdia. Oh Cristo, até o último instante da minha vida não deixarei de

glorificar a Tua bondade e Misericórdia. Com cada gota do meu sangue,

com cada batimento do meu coração glorifico a Tua Misericórdia. Desejo

transformar-me por completo num hino da Tua adoração. Quando me

encontrar no meu leito de morte, que o último batimento do meu coração

seja um hino amoroso de louvor à Tua insondável Misericórdia.

 

1709. Hoje o Senhor disse-me: Antes da vinda do Espírito Santo farás

três dias de exercícios espirituais. Eu Mesmo te guiarei. Não seguirás

nenhuma norma em vigor nos exercícios espirituais, nem usarás livros

de meditação. A tua tarefa consiste apenas em ouvir as Minhas

palavras. Como leitura espiritual lerás um capítulo do Evangelho de

São João.

 

[No manuscrito, aqui, vem meia página em branco].

 

1710. 26 V (1838). Hoje acompanhava Jesus enquanto ascendia ao Céu

. Passado o meio-dia, apoderou-se de mim um enorme anseio de Deus.

Uma coisa estranha, quanto mais sentia a presença de Deus, tanto mais

fervorosamente o desejava. Depois vi-me entre uma grande multidão de

discípulos e apóstolos e a Mãe de Deus. Jesus disse que fossem pelo mundo

inteiro ensinando em Meu nome estendeu os braços, abençoou-os e

desapareceu numa núvem. Vi a nostalgia da Santíssima Virgem. A Sua alma

desejava Jesus com toda a força do amor, mas estava tão tranquila e

abandonada a Deus que no Seu coração não tinha nem um só vislumbre

contrário à vontade de Deus.

 

1711. Quando fiquei a sós com a Santíssima Virgem, instruíu-me sobre a

vida interior. Disse-me: A verdadeira grandeza da alma consiste em amar a

Deus e humilhar-se na Sua presença, esquecer-se por completo de si

próprio e ter-se por nada, porque o Senhor é grande, mas compraz-se só

nos humildes enquanto rejeita sempre os soberbos.

 

1712. Quando me visitou novamente certa pessoa que já mencionei em

outro lugar [e] quando me dei conta que começou a desfazer-se em

mentiras, fiz-lhe conhecer que sabia que mentia. Envergonhou-se

muitíssimo e ficou calada. Então falei-lhe dos grandes juízos de Deus. E

soube também que atraía almas inocentes para caminhos perigosos.

Revelei-lhe tudo o que tinha oculto no coração. Tive que esforçar-me para

conversar com ela; para demonstrar a Jesus que amava os inimigos dei-lhe a

minha merenda. Afastou-se com luz na alma, mas ainda estará longe de pôr

em prática…

 

1713. Há momentos em que o Senhor Jesus cumpre os meus mais

pequenos desejos. Hoje disse que desejava ver as espigas de trigo, que não

se podem ver do nosso sanatório. Tinha-o ouvido um dos doentes e, no dia

seguinte, saíu do sanatório, foi ao campo, e trouxe-me umas belíssimas

espigas. O meu quarto está sempre enfeitado com flores frescas, mas o meu

espírito não encontra satisfação em nada; o meu anseio por Deus é cada vez

mais forte.

 

1714. Hoje pedi fervorosamente ao Senhor Jesus pela nossa casa e que

se digne retirar essa pequena cruz que havia descido sobre o nosso convento

. O Senhor respondeu-me: As tuas preces foram aceites para outras

intenções e essa pequena cruz não a posso retirar até que conheçam o

seu significado. Eu, no entanto, não deixei de rezar.

 

1715. Uma forte tentação. Quando o Senhor me fez saber quanto lhe é

agradável o coração puro, conheci mais profundamente a minha própria

miséria; e quando comecei a preparar-me para a confissão assaltaram-me

fortes tentações contra os confessores. Eu não via Satanás, mas sentia-o, a

ele e à sua tremenda maldade. Sim, é um homem como os outros. Não é

como os outros, porque tem o poder de Deus. Sim, acusar-se dos pecados

não é difícil, mas descobrir os mais escondidos segredos do coração, prestar

contas da actuação da graça de Deus, falar de cada desejo de Deus, de tudo

o que se passa entre mim e Deus, dizer isto a um homem, isso está por cima

das forças humanas. E sentia que lutava contra forças poderosas e exclamei:

Oh Cristo, Tu e o sacerdote são um, aproximar-me-ei do confessor como de

Ti e não como de um homem.

Ao aproximar-me do confessionário, contei primeiro as minhas

dificuldades. O sacerdote disse que não tinha podido fazer melhor que

revelar em primeiro lugar essas fortes tentações. E depois da confissão

dispersaram-se todas quem sabe para onde; a minha alma disfruta de paz.

 

1716. Uma vez, durante o recreio, uma das Irmãs Directoras disse que as

Irmãs Conversas não tinham sentimentos e, portanto, podiam ser

tratadas com severidade. Entristeci-me por as Irmãs Directoras conhecerem

tão pouco as Irmãs Conversas e julgarem só segundo as aparências.

 

1717. Hoje falei com o Senhor que me disse: Há almas nas quais não

posso fazer nada; são as almas que investigam continuamente os outros

sem ver o que se passa no seu próprio interior. Não deixam de falar dos

outros, até durante o silêncio rigoroso que está dedicado a falar

Comigo.

 

Pobres almas, não ouvem as Minhas palavras, ficam vazias no seu

interior, não Me procuram dentro dos seus corações, mas nos

falatórios, onde Eu nunca estou. Sentem o seu vazio, mas não

reconhecem a sua culpa e as almas nas quais Eu reino com plenitude

são o seu contínuo remorso de consciência.

Em vez de se emendar têm os corações onde cresce a inveja, e se não

se arrependerem, afundam-se mais. O coração, até então invejoso,

começa a cultivar o ódio. E já estão próximas do abismo, invejam os

Meus dons a outras almas, mas elas mesmas não sabem nem querem

aceitá-los.

 

1718. Permanecer a Teus pés, oh Deus oculto,

É o deleite e o paraíso da minha alma.

Ali Te revelas a mim, oh Infinito,

E dizes-me docemente: dá-me o coração, dá-mo.

Uma silenciosa conversa Contigo, a sós,

É como viver momentos celestiais,

E dizer a Deus: dar-Te-ei o meu coração, Senhor, dar-To-ei,

E Tu, grande e infinito, o aceitas amavelmente.

O amor e a doçura, aqui a vida da minha alma

Com a Tua contínua presença nela.

Vivo na Terra num êxtase perene

E como um Serafim repito Hosanna.

Oh, Oculto, com o corpo, a alma e a divindade,

Debaixo das ténues aparências do pão,

Tu és a minha vida, de Ti as graças brotam para mim em abundância,

Tu estás, para mim, acima das delícias do Céu.

Quando Te unes a mim na Comunhão, oh Deus,

Então sinto a minha grandeza inconcebível,

Que me vem de Ti, oh Senhor, reconheço-o humildemente,

E, apesar da minha miséria, com a Tua ajuda posso tornar-me santa.

 

1719. Durante a Santa Missa soube que certo sacerdote não trabalhava

muito nas almas, porque pensava em si mesmo, portanto estava só, a graça

de Deus fugia dele. Baseava-se em bagatelas, coisas exteriores que aos

olhos de Deus não têm nenhuma importância; e era tão soberbo que tirava

do vazio e vertia no vazio, fatigando-se inútilmente.

 

1720. Há momentos em que Jesus me dá um entendimento interior, e

então tudo o que existe na Terra está ao meu serviço: os amigos e os

inimigos, o êxito e as adversidades; tudo, queira ou não queira, tem de

servir-me. Não penso nada nisto, trato de ser fiel a Deus e amá-Lo até me

esquecer completamente de mim mesma. Ele Mesmo cuida de mim e luta

contra os meus inimigos.

 

1721. Depois da Santa Comunhão, ao introduzir Jesus no meu coração,

disse-lhe: Amor meu, reina nos mais íntimos rincões do meu coração, ali

onde se engendram os meus pensamentos mais íntimos, onde só Tu, Senhor,

tens acesso; neste mais profundo santuário onde o pensamento humano não

é capaz de chegar. Permanece ali só Tu e que de Ti provenha tudo o que

faça exteriormente. Desejo fervorosamente, e faço todo o possível com

todas as forças da minha alma, para que neste santuário Te sintas, oh

Senhor, como em Tua casa.

 

1722. Ouvi estas palavras: Se não Me atasses as mãos, enviaria muitos

castigos sobre a Terra. Minha filha, o teu olhar desarma a Minha ira;

embora a tua boca silencie, chamas-Me com tal força que todo o Céu

estremece. Não posso reagir à tua súplica, porque não Me persegues a

distância mas no teu próprio coração.

 

1723. Uma noite veio ver-me a alma de certa jovenzinha, que me fez

sentir a sua presença dando-me a conhecer que necessitava da minha

oração. Rezei um momento, mas o seu espírito não se afastou de mim.

Então disse dentro de mim: se és um espírito bom, deixa-me em paz e as

indulgências de amanhã serão para ti. Naquele momento, esse espírito

abandonou a meu quarto; soube que estava no Purgatório.

 

1724. Hoje, mais do que nunca, senti a Paixão do Senhor no meu corpo.

Senti que foi por um pecador agonizante.

 

1725. Hoje, o Senhor voltou a instruir-me como devo aproximar-me do

sacramento da penitência: Minha filha, como te preparas na Minha

presença, assim te confessas diante de Mim; o sacerdote é para Mim só

um representante. Não averigues como é o sacerdote. Abre a alma ao

confessar-te como o farias Comigo, e Eu encherei a tua alma com a

Minha luz.

 

1726. Cristo e Senhor, conduzes-me sobre tais precipícios que quando os

olho, sinto receio, mas no mesmo instante encho-me de paz, abraçando-me

ao Teu Coração. Junto ao Teu Coração não tenho medo de nada. Nos

momentos de perigo comporto-me como uma criança que está nos braços

da mãe: ao ver alguma ameaça, abraça com mais força o pescoço da mãe e

sente-se segura.

 

1727. Às vezes vejo as redes estendidas contra mim pelas almas que não

deveriam fazê-lo. Não me defendo, mas confio mais em Deus que vê o meu

interior e dou-me conta de que essas almas se enredam elas próprias. Oh

Deus, que justo e bom és.

 

1728. Escreve: Sou santo, três vezes santo e sinto aversão pelo menor

pecado. Não posso amar a alma manchada por um pecado, mas quando

se arrepende, então a Minha generosidade para ela não conhece limites.

A Minha Misericórdia abraça-a e justifica-a. Persigo os pecadores com

a Minha Misericórdia em todos os seus caminhos e o Meu Coração

alegra-Se quando eles voltam para Mim. Esqueço as amarguras que

deram a beber ao Meu Coração e alegro-Me com o seu retorno. Diz aos

pecadores que nenhum escapará das Minhas mãos. Se fogem do Meu

Coração misericordioso, cairão nas Minhas justas mãos. Diz aos

pecadores que sempre os espero, escuto atentamente o pulsar dos seus

corações [para saber] quando batem por Mim. Escreve que lhes falo

através dos remorsos de consciência, através dos fracassos e

sofrimentos, através das tormentas e raios, falo com a voz da Igreja e se

menosprezam todas as Minhas graças, desgosto-Me com eles

abandonando-os a si próprios, dando-lhes o que desejam.

 

1729. Oh meu Jesus, só Tu conheces os meus esforços; parece que estou

melhor, mas melhor só para poder ir à varanda e não ficar de cama. Vejo e

dou-me conta claramente do que se passa comigo; apesar do cuidado das

Superioras e dos esforços dos médicos, a minha saúde está a esgotar-se e a

fugir, mas alegro-me enormemente com o Teu chamamento, oh meu Deus,

Amor meu, porque sei que no momento da morte começará a minha missão.

Oh, quanto desejo ser libertada deste corpo. Oh meu Jesus, Tu sabes que em

todos os meus desejos quero ver sempre a Tua vontade. Por mim mesma,

não quereria morrer nem um minuto antes nem viver um minuto mais, nem

que diminuam ou aumentem os sofrimentos, mas desejo unicamente o que

seja conforme à Tua santa vontade.

Embora o meu entusiasmo seja grande, e grandes desejos ardam no meu

coração, mas nunca por cima da Tua vontade.

 

1730. Acudo à Tua Misericórdia, Deus compassivo, já que só Tu és

bondade. Embora a minha miséria seja grande e as minhas ofensas muitas,

confio na Tua Misericórdia e desde tempo imemorial nunca se ouviu, nem

no Céu nem na Terra, recordar que uma alma confiada na Tua Misericórdia

tenha ficado decepcionada. Oh Deus de piedade, só Tu podes justificar-me e

jamais me rejeitarás, quando eu, arrependida, me aproximar do Teu Coração

misericordioso, do qual ninguém foi jamais rejeitado, mesmo que tenha

sido o maior pecador.

 

1731. Hoje acordou-me um grande temporal; o vento estava enfurecido,

chovia como se houvesse um furacão e caíam raios a cada instante. Pus-me

a pedir que a tempestade não causasse nenhum prejuízo; de repente ouvi

estas palavras: Reza a coroinha que te ensinei e a tempestade cessará.

Comecei logo a rezar a coroinha e nem sequer a terminei quando o temporal

acabou, e ouvi estas palavras: Através dela obterás tudo, se o que pedires

estiver de acordo com a Minha vontade.

 

1732. Enquanto rezava pela Polónia, ouvi estas palavras: Amei a

Polónia de modo especial e se obedecer à Minha vontade, enaltecê-la-ei

em poder e em santidade. Dela sairá uma centelha que preparará o

mundo para a Minha última vinda.

 

1733. Saúdo-Te, amor oculto, vida da minha alma. Saúdo-Te, Jesus, sob

as ténues aparências do pão. Saúdo-Te, oh minha dulcíssima Misericórdia

que Te derramas sobre todas as almas. Saúdo-Te, bondade infinita que

derramas torrentes de graças à Tua volta. Saúdo-Te, resplendor obscurecido,

luz das almas. Saúdo-Te, fonte da Misericórdia inesgotável, manancial

puríssimo do qual brotam para nós a vida e a santidade. Saúdo-Te, deleite

dos corações puros. Saúdo-Te, única esperança das almas pecadoras.

 

1734. Oh meu Jesus, Tu sabes que há momentos nos quais não tenho

nem pensamentos elevados, nem ardor de espírito. Suporto-me

pacientemente e reconheço por mim mesma tal qual sou, já que tudo o que é

belo em mim é graça de Deus. Naqueles momentos humilho-me

profundamente e espero que a Tua ajuda e a graça da Tua presença não

tardem em chegar a um coração humilde.

 

1735. Oh virgem, flor preciosa,

Já não permanecerás muito tempo neste mundo,

Oh, que belo é o teu encanto,

Oh Minha casta esposa.

Ninguém pode indicar

O precioso que é a tua flor virginal.

E o teu resplendor não ofuscado por nada

É valente, forte, invencível.

O resplendor mesmo do sol de meio-dia

Apaga-se e oscurece diante de um coração virginal.

Não vejo nada maior que a virgindade,

É uma flor tirada do Coração de Deus.

Oh virgem mansa, rosa perfumada,

Embora sejam muitas as cruzes na Terra,

O olhar não viu, nem passou pela mente humana,

O que espera uma virgem no Céu.

Oh virgem, açucena branca como a neve,

Tu vives completamente só por Jesus,

E no puro cálice do teu coração

Há uma agradável morada para o próprio Deus.

Oh virgem, ninguém consegue cantar o teu hino,

Na tua canção está escondido o amor de Deus,

Os próprios Anjos não compreendem

O que as virgens cantam a Deus.

Oh virgem, tu és flor do paraíso

Escureces todos os esplendores deste mundo,

E embora o mundo não consiga compreender-te,

No entanto, inclina-se humildemente diante de Ti.

Embora o caminho da virgem esteja semeado de espinhos,

E a sua vida eriçada de várias cruzes,

Mas quem é tão valente como ela?

Nada a quebrará, é invencível.

Oh virgem, Anjo na Terra,

A tua grandeza é famosa em toda a Igreja,

Tu fazes guarda diante do tabernáculo

E, como um Serafim, transformas-te toda em Amor.

 

1736. Uma vez, na varanda, soube que certa pessoa era atormentada por

graves tentações referentes à confissão, duvidando do seu carácter secreto.

Embora conhecesse o estado daquela alma, não iniciei a conversa. Quando

ficámos sós, ela abriu o seu coração e contou-me tudo. Depois de uns

momentos de conversa disse-me: Já estou tranquila, foi concedida muita luz

à minha alma.

 

1737. Hoje Jesus preveniu-me para que falasse pouco com certa

religiosa. Uma graça especial de Deus me susteve durante essa conversa

que, em caso contrário, não teria sido para a glória de Deus.

 

1738. O Senhor disse-me: Entra muitas vezes no Purgatório, já que

ali necessitam de ti. Entendo, oh Jesus, o significado destas palavras que

me diriges, mas permite-me primeiro entrar no tesouro da Tua Misericórdia.

 

1739. Escreve, Minha filha, que para uma alma arrependida sou a

própria Misericórdia. A maior miséria de uma alma não desperta a

Minha ira, mas o Meu Coração sente uma grande Misericórdia por ela.

 

1740. Oh Jesus, dá-me força para suportar os sofrimentos e para que não

faça má cara quando bebo o cálice da amargura. Ajuda-me Tu Mesmo para

que o meu sacrifício Te seja agradável, que não o profane o meu amor

próprio, embora este se prolongue ao longo dos anos. Que a pureza da

intenção To torne agradável, viçoso e vivo.

Uma luta perene, um esforço contínuo, esta é a minha vida para cumprir

a Tua santa vontade, mas que Te louve, oh Senhor, tudo o que, dentro de

mim, seja miséria e força.

 

1741. A infinita bondade de Deus na criação dos Anjos.

Oh Deus, que és a felicidade em ti Mesmo e para esta felicidade não

necessitas de nenhuma criatura, já que és, por Ti próprio, a plenitude do

amor. Pela Tua insondável Misericórdia chamas as criaturas à existência e

as fazes participantes da Tua felicidade eterna e da Tua eterna vida interior

divina que vives Tu, Único Deus, Trinitário em Pessoas. Na Tua insondável

Misericórdia criaste os espíritos angélicos e os admitiste ao Teu amor, à Tua

familiaridade divina. Fizeste-os capazes de amar eternamente; embora os

tenhas cumulado, oh Senhor, tão generosamente, do resplendor de beleza e

de amor, no entanto não diminuiu nada a Tua plenitude, oh Deus, nem

tampouco a sua beleza e amor Te completaram, porque Tu em Ti Mesmo és

tudo. E se os fizeste participantes da Tua felicidade e lhes permitistes existir

e amar-Te, é unicamente graças ao abismo da Tua Misericórdia, à Tua

bondade insondável pela qual Te glorificam sem cessar, humilhando-se aos

pés da Tua Majestade e cantando os seus hinos eternos: Santo, Santo,

Santo…

 

1742. Adorado sejas, Único na Santíssima Trindade,

Deus misericordioso,

Insondável, infinito, inconcebível.

Submergindo-se em Ti, a sua mente não consegue compreender-Te,

Portanto repetem sem cessar o seu eterno: Santo.

Glorificado sejas, nosso misericordioso Criador e Senhor, Omnipotente,

mas cheio de piedade inconcebível.

Amar-Te é uma tarefa de nossa existência,

Cantando o nosso eterno hino, Santo…

Bendito sejas, oh Deus misericordioso,

Amor eterno,

Tu estás por cima dos Céus, safiras e firmamentos,

A pura legião de espíritos Te louva assim,

Com o seu eterno hino, três vezes Santo.

Contemplando-te cara a cara, oh Deus,

Vejo que terias podido chamar outras criaturas,

Por isso me prosto perante Ti, com grande humildade,

Porque vejo bem que esta graça se deve unicamente à Misericórdia.

Um dos espíritos mais belos não quis

Reconhecer a Tua Misericórdia,

Arrastou consigo outros, cegado pela sua soberba,

E de um Anjo tão belo se tornou demónio,

E num momento, do alto do Céu foi precipitado no Inferno.

De repente os espíritos fiéis exclamaram:

¡Glória à Misericórdia de Deus!

E resistiram felizmente à prova de fogo.

Glória a Jesus, a Cristo humilhado,

Glória à Sua Mãe, a Virgem humilde e pura.

Depois daquela luta, estes espíritos puros

Submergiram-se no oceano da Divindade,

Meditando, adoram o abismo da Sua Misericórdia,

Submergem-se na Sua beleza

E no Seu imenso resplendor,

Conhecendo a Trindade das Pessoas,

Mas a unidade da Divindade.

 

1743. A infinita bondade de Deus na criação dos homens.

Oh Deus que pela Tua Misericórdia Te dignaste chamar do nada à

existência o género humano, cumulando-o generosamente da natureza e da

graça. Mas para a Tua bondade isso não [foi] suficiente. Tu, oh Senhor, em

Tua Misericórdia dás-nos a vida eterna. Admites-nos à Tua felicidade eterna

e fazes-nos participantes da Tua vida íntima e tudo isto unicamente pela Tua

Misericórdia. Concedes-nos a Tua graça unicamente porque és bom e cheio

de amor. Não éramos minimamente necessários para a Tua felicidade, mas

Tu, Senhor, queres compartilhar connosco a Tua própria felicidade. Mas o

homem não resistiu à prova; terias podido castigá-lo como aos Anjos,

rejeitando-o eternamente, mas aqui manifestou-se a Tua Misericórdia e as

Tuas entranhas foram sacudidas por uma grande piedade e Tu Mesmo

prometeste restaurar a nossa salvação. Não nos castigaste como

merecíamos, devido ao inconcebível abismo da Tua compaixão. Que seja

adorada a Tua Misericórdia, oh Senhor; glorificá-La-emos pelos séculos. E

os Anjos assombraram-se da grandeza da Misericórdia que manifestaste aos

homens….

 

1744. Adorado sejas, nosso Deus misericordioso,

Nosso omnipotente Criador e Senhor,

Rendemos-Te honra, na humildade mais profunda,

Submergindo-nos no oceano da Tua Divindade.

Mas o homem não resistiu na hora da prova. Por instigação do maligno, foiTe infiel,

Perdeu a graça e os dons e ficou-lhe apenas a miséria,

Lágrimas, sofrimentos, dor, amargura, até descansar no túmulo.

Mas Tu, oh Deus misericordioso, não permitiste à humanidade perecer

E prometeste-lhe o Redentor.

Não nos deixaste desesperar, apesar das nossas grandes maldades,

E enviaste os Teus profetas a Israel.

Mas a humanidade suplica-Te, dia e noite,

Do abismo da miséria, dos pecados e de cada dor.

Escuta os gemidos e as lágrimas. Tu que reinas no Céu,

Deus de grande Misericórdia, Deus de piedade.

O homem pecou, mas não está em condições de pedir perdão,

Porque um abismo infinito se abriu entre Deus e o homem,

E chama com a voz da sua miséria: envia-nos a Tua piedade,

Mas Javé cala-Se… E passa um século após outro.

Aumenta o anseio de toda a humanidade

Por Aquele que lhe tinha sido prometido.

Vem, Cordeiro de Deus e apaga as nossas culpas,

Vem, ilumina as nossas trevas como um raio luminoso.

E a humanidade sem cessar clama a Ti, Senhor dos senhores,

À tua insondável Misericórdia, à Tua piedade.

Oh grande Javé deixa-Te aplacar,

Recorda a Tua bondade e perdoa as nossas maldades.

 

1745. A infinita bondade de Deus ao enviar-nos o Seu Filho Unigénito

Oh Deus, que não exterminaste a homem depois da queda, mas que na

Tua Misericórdia o perdoaste como Deus, isto é, não só lhe perdoaste a

culpa, mas cumulaste-o de toda a graça.

A Misericórdia levou-Te a dignar-Te descer até nós e a levantar-nos da

nossa miséria.

Deus descer à Terra, o Senhor dos senhores, o Imortal, humilhar-Se. Mas

¿onde descerás, Senhor? ¿Ao templo de Salomão, ou fazes construir um

santuário novo a que pensas descer? Oh Senhor, que templo Te

prepararemos, visto que toda a Terra é o Teu escabelo?

Tu Mesmo Te preparaste um templo, a Santíssima Virgem. As Suas

entranhas imaculadas são a Tua morada e faz-se o milagre da Tua

Misericórdia, oh Senhor. O Verbo faz-Se Carne, Deus habita entre nós, o

Verbo de Deus, a Misericórdia Encarnada. Elevaste-nos à Tua divindade

através da Tua humilhação; é o excesso do Teu amor, é o abismo da Tua

Misericórdia. Os Céus assombram-se com este excesso do Teu amor, agora

ninguém tem medo de aproximar-se de Ti. Tu és o Deus da Misericórdia,

tens piedade da miséria, és o nosso Deus e nós o Teu povo. Tu és nosso Pai

e nós, por Tua graça, somos Teus filhos. Seja glorificada a Tua Misericórdia

por Te teres dignado descer até nós.

 

1746. Adorado sejas, oh Deus misericordioso,

Por Te teres dignado descer dos Céus a esta Terra.

Adoramos-Te com grande humildade,

Por Te teres dignado elevar todo o género humano.

Insondável na Tua Misericórdia inconcebível,

Por amor a nós tomaste o corpo

Da Virgem Imaculada, jamais roçada pelo pecado,

Porque assim o estabeleceste desde a eternidade.

A Santíssima Virgem, esta açucena branca como a neve,

É a primeira a adorar a omnipotência da Tua Misericórdia.

O Seu coração puro abre-se com amor à vinda do Verbo,

Crê nas palavras do mensageIro divino e fortalece-se na confiança.

O Céu assombrou-se por Deus se ter feito homem,

Que tivesse na Terra um coração digno do próprio Deus.

¿Por que não Te unes a um Serafim, Senhor, mas a um pecador?

Oh, este é um mistério da Tua Misericórdia,

Apesar do puro regaço da Virgem.

Oh mistério da Divina Misericórdia, oh Deus da piedade,

Que te dignaste abandonar o trono celestial,

E desceste à nossa miséria, à debilidade humana,

Porque não são os Anjos mas os homens os

Que necessitam da Tua Misericórdia.

Para exprimir dignamente a Misericórdia do Senhor,

Nos unimos à Tua Mãe Imaculada,

Porque assim o nosso hino Te será mais agradável

Já que Ela foi eleita entre os Anjos e os homens

Através d'Ela, como através do cristal puro,

Chegou a nós a Tua Misericórdia,

Por seu mérito o homem fez-se agradável a Deus,

Por seu mérito todos as torrentes de graças

Fluem sobre nós.

 

1747. A infinita bondade de Deus na redenção do homem.

Oh Deus, que com uma só palavra terias podido salvar milhares de

mundos, um suspiro de Jesus teria satisfeito a Tua justiça. Mas Tu, oh Jesus,

entregaste-Te por nós a tão terrível paixão, unicamente por amor. A justiça

do Teu Pai teria sido expiada com um só suspiro Teu; todos os Teus

aniquilamentos são exclusivamente actos da Tua Misericórdia e do Teu

amor inconcebível. Tu, oh Senhor, partindo desta Terra desejaste ficar

connosco e Te deixaste a Ti Mesmo no Sacramento do Altar e nos abriste,

de par em par, a Tua Misericórdia.

 

Não há miséria que Te possa esgotar; chamaste todos a esta fonte de

amor, a este manancial de piedade divina. Aqui está o trono da Tua

Misericórdia, aqui o remédio para as nossas doenças. Para Ti, oh Fonte viva

de Misericórdia, correm todas as almas: umas como cervos, sedentos do

Teu amor, outras para lavar a ferida dos seus pecados; outras, ainda,

cansadas da vida, para recuperar forças. Quando estavas a morrer na cruz,

naquele momento doaste-nos a vida eterna; ao ter permitido abrir o Teu

sacratíssimo lado, abriste-nos uma inesgotável Fonte da Tua Misericórdia;

ofereceste-nos o mais valioso que tinhas, isto é, o Sangue e a água do Teu

Coração. Eis a omnipotência da Tua Misericórdia, dela toda a graça se

derrama sobre nós.

 

1748. Adorado sejas, oh Deus, na obra

Da Tua Misericórdia,

Bendito sejas por todos os corações fiéis

Sobre os quais pousa o Teu olhar,

Nos quais está a Tua vida imortal.

Oh meu Jesus da Misericórdia, a Tua santa vida sobre a Terra foi dolorosa.

E terminarás a Tua obra entre terríveis tormentos,

Pregado e suspenso na árvore da cruz,

E tudo isto por amor às nossas almas.

Por um amor inconcebível permitiste abrir

O Teu sacratíssimo lado,

E do Teu Coração brotaram torrentes de Sangue e Água

Aqui está a Fonte viva da Tua Misericórdia,

Aqui as almas encontram consolo e alívio.

No Santíssimo Sacramento deixaste-nos

A Tua Misericórdia.

O Teu amor conseguiu

Que, caminhando pela vida, com sofrimentos e fadigas,

Eu nunca duvide da Tua bondade e da Tua Misericórdia.

Embora sobre a minha alma pesem as misérias do mundo inteiro,

Não posso duvidar nem um só instante,

Mas confiar na força da Divina Misericórdia,

Porque Deus acolhe sempre com bondade uma alma arrependida.

Oh inefável Misericórdia de nosso Senhor,

Fonte de piedade e de toda a doçura.

Confia, confia oh alma, apesar de estares manchada pelo pecado,

Porque quando te aproximares de Deus não sentirás amargura.

Porque Ele é a chama viva de um grande amor,

Quando nos aproximamos d'Ele

Desaparecem as nossas misérias, pecados e maldades,

Ele salda as nossas dívidas quando nos entregamos a Ele.

 

1749. + Infinita bondade de Deus por haver adornado o mundo inteiro de

toda a beleza, para fazer mais agradável ao homem a sua morada na Terra.

Oh Deus, com que generosidade derramas a Tua Misericórdia e tudo isso

o fazes pelo homem. Oh quanto deves amar o homem, se o Teu amor por

ele é tão intenso. Oh meu Criador e Senhor, em todo o lado vejo os

vestígios da Tua mão e o selo da Tua Misericórdia que abraça tudo o que

está criado. Oh meu Criador piedosíssimo, desejo prestar-Te homenagem

em nome de todas as criaturas, com alma e sem alma e, chamar o mundo

inteiro a adorar a Tua Misericórdia. Oh, que grande é a Tua bondade, oh

Deus.

 

1750. Adorado sejas, Criador e Senhor nosso.

Oh universo inteiro, adora o Senhor em humildade.

Agradece ao teu Criador com todas as tuas forças

E exalta a sua inconcebível Misericórdia.

Vem, Terra inteira com a tua verdura,

Vem, também tu, mar insondável,

Que o teu agradecimento se transforme num hino delicioso

E cante o grande que é a Divina Misericórdia.

Vem, sol belo e fulgurante,

Ide, antes dele, auroras luminosas,

Uni-vos num só hino, que as vossas limpas vozes

Cantem em uníssono a grande Misericórdia de Deus.

Vinde, montes e colinas, bosques e matagais espessos,

Vinde, belas flores na madrugada,

Que a vossa fragância exclusiva

Exalte e adore a Misericórdia de Deus.

Vinde, todas as maravilhas da Terra,

Das quais o homem não deixa de se assombrar,

Vinde em harmonia adorar a Deus,

Exaltando a Sua inconcebível Misericórdia.

Vem, oh beleza indelével de toda a Terra,

E adora o teu Criador com grande humildade,

Porque tudo está encerrado na Sua Misericórdia,

Tudo grita com uma voz potente o grande que é a Divina Misericórdia.

Mas, por cima de todas estas belezas

A adoração mais agradável a Deus

É a alma inocente e cheia da confiança da criança

Que se une estreitamente a Ele através da graça.

 

1751. Oh Jesus oculto no Santíssimo Sacramento do Altar, meu único

amor e Misericórdia. Recomendo-Te todas as necessidades da minha alma e

do meu corpo. Tu podes ajudar-me, porque és a própria Misericórdia, em Ti

está toda a minha esperança.

 

[No manuscrito aqui vem uma página inteira em branco].

 

JMJ Cracóvia – Pradnik, 2 VI 1938

 

Exercícios espirituais de três dias

 

1752. Sob a direcção do Mestre, Jesus. Ele próprio me mandou fazer

estes exercícios espirituais e Ele Mesmo estabeleceu os dias para os fazer,

três dias antes da vinda do Espírito Santo, e Ele próprio os dirigiu.

No entanto, pedi licença ao confessor para poder fazer estes exercícios e

obtive-a. Pedi também licença à Madre Superiora. Tinha decidido que sem

licença das Superioras não os faria. Comecei a novena ao Espírito Santo e

esperava a resposta da Madre Superiora.

Hoje deveriam começar os exercícios espirituais e eu não tinha nenhuma

notícia sobre qual é a opinião da Madre Superiora.

À noite, quando fui ao ofício, durante as ladainhas vi o Senhor Jesus:

Minha filha, começamos os exercícios espirituais. Respondi: Jesus, meu

amadíssimo Mestre, desculpa-me, mas não vou fazê-los, porque não sei se a

Madre Superiora me dá licença ou não. Fica tranquila, Minha filha, a

Superiora deu-te licença, sabê-lo-ás amanhã de manhã, mas

começamos os exercícios esta noite…

E efectivamente, de noite a Madre Superiora telefonou à irmã [419] que

me assiste nesta doença, para que me dissesse que me permitia fazer os

exercícios espirituais; no entanto a irmã esqueceu-se de me dizer e só disse

na manhã do dia seguinte, desculpando-se muito comigo por não mo ter

dito no dia anterior. Respondi-lhe: esteja tranquila, eu já comecei os

exercícios espirituais de acordo com o desejo da Superiora.

 

1753. PRIMEIRO DIA

À noite Jesus deu-me o tema da meditação. No primeiro momento o

temor e a alegria penetraram no meu coração. Então estreitei-me ao Seu

Coração, o temor desapareceu e ficou a alegria.

Senti-me completamente como filha de Deus, e o Senhor disse-me: Não

tenhas medo de nada, o que está vedado aos outros é-te concedido a ti;

as graças que a outras almas não lhes está concedido ver nem sequer de

longe, alimentam-te cada dia, como o pão quotidiano.

 

1754. Considera, Minha filha, quem é Aquele ao qual o teu coração

está estreitamente unido pelos votos…

Antes de criar o mundo, amava-te com o amor que agora

experimenta o teu coração e por todos os séculos o Meu amor não

mudará jamais.

 

1755. Aplicação: À simples recordação d'Aquele com quem o meu

coração estava esposado, a minha alma entrou num recolhimento mais

profundo e uma hora passou-se como um minuto. Neste recolhimento

conheci os atributos de Deus. Inflamada assim interiormente de amor, fui

para o jardim, para me refrescar; ao olhar o Céu, uma nova chama de amor

me inundou o coração. Depois ouvi estas palavras:

 

1756. Minha filha, se esgotaste o tema que te foi proposto, dar-te-ei

outro. Respondi: Oh Majestade infinita, não me bastará a eternidade para

Te conhecer… No entanto, o meu amor por Ti cresceu muitíssimo. Como

um acto de agradecimento deposito o meu coração a Teus pés, como um

botão de rosa: que o seu perfume encante o Teu Divino Coração agora e na

eternidade. Que paraíso [há] na alma quando o coração sente ser tão amado

por Deus…

 

1757. Hoje vais ler o capítulo quinze [do] Evangelho de São João.

Desejo que leias muito devagar.

Segunda meditação

 

1758. Minha filha, medita sobre a vida divina que se encontra na

Igreja para a salvação e a santificação da tua alma. Considera como

aproveitas estes tesouros de graças, estes esforços do Meu amor.

 

1759. Aplicação: Oh Jesus tão compassivo, nem sempre eu soube

aproveitar estes dons inestimáveis, porque não reparava no dom mesmo,

mas fixava-me demasiadamente no vaso em que me concedias as tuas

graças. Oh meu dulcíssimo Mestre, a partir de agora já será de outro modo:

aproveitarei a Tua graça da melhor forma de que a minha alma seja capaz.

Suster-me-á a fé viva; a graça que me enviarás sob qualquer forma, aceitála-ei directamente de Ti, sem pensar no recipiente no qual ma envias. Se

nem sempre está ao meu alcance recebê-la com alegria, fá-lo-ei sempre

submetendo-me à Tua santa vontade.

 

 

1760. + Conferência sobre a luta espiritual

Minha filha, quero instruir-te sobre a luta espiritual. Nunca confies

em ti mesma, mas abandona-te totalmente à Minha vontade. No

abandono, nas trevas e em diferentes dúvidas recorre a Mim e ao teu

director espiritual; ele te responderá sempre em Meu nome. Não te

ponhas a discutir com nenhuma tentação, refugia-te imediatamente no

Meu Coração e à primeira oportunidade, revela-a ao confessor. Põe o

amor próprio no último lugar para que não contamine as tuas acções.

Suporta-te a ti mesma com grande paciência. Não descuides as

mortificações interiores.

 

Justifica sempre dentro de ti a opinião das Superioras e do

confessor. Afasta-te dos murmuradores como de uma peste. Que todos

se comportem como entendem, tu comporta-te como Eu exijo de ti.

Observa a Regra com a máxima fidelidade. Depois de sofrer um

desgosto, pensa que poderias fazer de bom à pessoa que te fez sofrer.

Evita a dissipação. Cala-te quando te repreenderem; não perguntes a

opinião de todos, mas do teu director espiritual; com ele sê sincera e

simples como uma criança. Não desanimes com a ingratidão; não

examines com curiosidade os caminhos pelos quais te conduzo. Quando

o aborrecimento e o desânimo baterem à porta do teu coração, foge de

ti mesma e esconde-te no Meu Coração. Não tenhas medo da luta,

muitas vezes a própria coragem atemoriza as tentações, e não se

atrevem a atacar. Luta sempre com esta profunda convicção de que Eu

estou a teu lado. Não te deixes guiar pelo sentimento, porque ele nem

sempre está em teu poder, todo o mérito está na vontade. Depende

sempre das Superioras nas coisas mais pequenas. Não te iludas com a

paz e os consolos, mas prepara-te para grandes batalhas. Deves saber

que agora estás em cena, onde te observam a Terra e todo o Céu, luta

como um guerreiro para que Eu possa conceder-te o prémio; não

tenhas medo sem razão, porque não estás só.

 

SEGUNDO DIA

 

1761. Minha filha, hoje considera a Minha dolorosa Paixão, toda a

sua imensidade; medita-a como se tivesse sido empreendida

exclusivamente por ti.

 

1762. Aplicação: Quando comecei a submergir-me na Divina Paixão,

descobri o grande valor da alma humana e toda a maldade do pecado e

constatei como eu não sabia sofrer. Para adquirir méritos pelos sofrimentos,

unirei os meus sofrimentos à Paixão do Senhor Jesus, pedindo graça para as

almas agonizantes a fim de que a Misericórdia de Deus as envolva nesse

importante momento…

Segunda meditação

 

1763. Minha filha, medita sobre a Regra e os votos que Me fizeste.

Tu sabes quanto os aprecio e todas as graças que tenho para as almas

dos religiosos se relacionam com a Regra e os votos.

 

1764. Aplicação: Oh meu Jesus, vejo aqui muitas faltas, mas por mérito

da Tua graça não recordo uma infracção consciente e voluntária da Regra

ou dos votos religiosos; continua a guardar-me, oh meu bom Jesus, porque

por mim mesma sou fraca.

 

1765. Hoje, Minha filha, terás como leitura o capítulo dezanove do

Evangelho de São João e lê não só com os lábios, mas com o coração…

 

1766. Durante esta leitura a minha alma estava cheia de uma profunda

tristeza. Vi toda a ingratidão das criaturas para com o seu Criador e Senhor.

Pedi que Deus me livrasse da cegueira do intelecto.

 

1767. Conferência sobre o sacrifício e a oração.

Minha filha, quero ensinar-te a salvar as almas com o sacrifício e a

oração. Com a oração e o sacrifício salvarás mais almas que um

missionário apenas com palestras e sermões. Quero ver em ti uma

oferenda de amor vivo, que só assim tem poder diante de Mim. Tens

que ser aniquilada, destruída, viver como se estivesses morta no mais

oculto do teu ser. Tens que ser destruída nesse recôndito que o olhar

humano jamais atinge e, então, serás para Mim uma oferenda

agradável, um holocausto, cheio de doçura e perfume e a tua força será

potente quando intercedas por alguém. Exteriormente o teu sacrifício

deve ser: escondido, silencioso, impregnado de amor, saturado de

oração. Exijo de ti, Minha filha, que o teu sacrifício seja puro e cheio de

humildade para que possa comprazer-me nele. Não te pouparei a

Minha graça, para que possas cumprir o que exijo de ti.

 

Ensinar-te-ei, agora, em que consistirá esse holocausto na vida

quotidiana, para te preservar de ilusões. Aceitarás com amor todos os

sofrimentos; não te aflijas se muitas vezes o teu coração sente

repugnância e aversão por este sacrifício. Todo o seu poder está

encerrado na vontade, portanto os sentimentos contrários não só não

diminuiem este sacrifício a Meus olhos, mas até o fazem maior. Deves

saber que o teu corpo e a tua alma estarão muitas vezes no fogo.

Embora em certas horas não Me sintas, Eu estarei junto a ti. Não

tenhas medo, a Minha graça estará contigo…

 

TERCEIRO DIA

 

1768. Minha filha, nesta meditação considera o amor ao próximo: ¿é

o Meu amor o que te guia no amor ao próximo?, ¿rezas pelos

inimigos?, ¿desejas o bem a quem, de qualquer modo, te entristeceu ou

te ofendeu?

 

Deves saber que qualquer coisa boa que faças a qualquer alma, a

acolho como se a tivesses feito a Mim próprio.

 

1769. Aplicação: Oh Jesus, Amor meu. Tu sabes que nas relações com o

próximo, só desde há pouco me guio exclusivamente pelo Teu amor.

Somente Tu conheces os meus esforços para alcançar este fim.

Agora é mais fácil, mas se Tu Mesmo não tivesses acendido esse amor

na minha alma, não teria conseguido perseverar nele. É graças ao Teu amor

Eucarístico, que me inflama cada dia.

Segunda meditação

 

1770. Agora vais meditar sobre o Meu amor no Santíssimo

Sacramento. Aqui estou inteiro para ti, com o corpo, a alma e a

divindade, como teu Esposo. Tu sabes o que exige o amor, uma só coisa,

isto é, a reciprocidade…

 

1771. Aplicação: Oh meu Jesus, Tu sabes que desejo amar-Te com um

amor que até agora nenhuma alma Te amou. Desejaria que o mundo inteiro

se transformasse em amor por ti, meu Esposo. Tu alimentas-me com o leite

e o mel do Teu Coração. Desde os mais tenros anos me criaste Tu Mesmo,

para Ti, com o fim de que agora saiba amar-Te. Tu sabes que Te amo,

porque só Tu conheces a profundidade do sacrifício que Te ofereço cada

dia.

 

1772. Jesus disse-me: Minha filha, ¿ tens alguma dificuldade nestes

exercícios espirituais? Respondi que não tinha. Durante estes exercícios

espirituais a minha mente é como um relâmpago. Com grande facilidade

penetro em todos os mistérios da fé, oh meu Mestre e Guia. Sob o raio da

Tua luz, toda a escuridão desaparece da minha mente.

 

1773. Hoje, como leitura tomarás o santo Evangelho escrito por São

João, capítulo 21. Vive-o mais com o coração do que com a mente.

 

1774. Durante o ofício que se celebra no mês de Junho, o Senhor disseme: Minha filha, em teu coração depositei a Minha complacência.

Quando fiquei no Santíssimo Sacramento, na Quinta-feira Santa,

tinha-te bem na Minha mente.

 

1775. Depois destas palavras o meu amor esforçou-se para Lhe exprimir

o que Ele era para mim, mas não consegui encontrar palavras e comecei a

chorar por esta minha impotência. E Jesus disse: Sou para ti a própria

Misericórdia, portanto peço-te que Me ofereças a tua miséria e esta tua

impotência, e com isso alegrarás o Meu Coração.

 

1776. Hoje, na minha alma entrou uma chama de amor divino tão viva

que se tivesse durado mais tempo, me teria consumido nesse fogo,

libertando-me dos laços do momento presente. Parecia-me que bastaria um

momentinho mais para que me afundasse no oceano de amor. Não sei

descrever estas setas de amor que trespassam a minha alma.

 

1777. Conferência sobre a Misericórdia

Deves saber, Minha filha, que o Meu Coração é a própria

Misericórdia. Deste mar de Misericórdia as graças derramam-se sobre

o mundo inteiro. Nenhuma alma que se aproximou de Mim, se retirou

sem consolo. Toda a miséria se afunda [na] Minha Misericórdia e deste

manancial brota toda a graça, salvadora e santificante. Minha filha,

desejo que o teu coração seja morada da Minha Misericórdia. Desejo

que esta Misericórdia se derrame sobre o mundo inteiro através do teu

coração. Quem quer que se aproxime de ti, não pode retirar-se sem

confiar nesta minha Misericórdia, que tanto desejo para as almas.

Reza, quanto possas, pelos agonizantes, suplica para eles a confiança

na Minha Misericórdia, porque são eles os que mais necessitam de

confiança e quem menos a têm. Fica a saber que a graça da salvação

eterna de algumas almas, no último momento, depende da tua oração.

Tu conheces todo o abismo da Minha Misericórdia, então recolhe dela

para ti e, especialmente, para os pobres pecadores. Mais facilmente o

Céu e a Terra se tornariam nada, do que a Minha Misericórdia

deixaria de abraçar uma alma confiante.

 

1778. O meu propósito continua a ser o mesmo: a união com Cristo

Misericórdia.

 

1779. Fim dos exercícios espirituais; última conversa com o Senhor.

Agradeço-Te, Amor eterno, pela Tua inconcebível benevolência comigo,

por Te ocupares Tu Mesmo directamente, da minha santificação. Minha

filha, que te adornem especialmente três virtudes; humildade, pureza

de intenção [e] amor. Não faças nada mais do que exijo de ti e aceita

tudo o que te oferecer a Minha mão. Procura viver em recolhimento

para ouvir a Minha voz que é tão suave que só a podem ouvir as almas

recolhidas….

 

1780. Hoje, até à meia-noite não consegui adormecer, por estar

preocupada com a renovação dos votos no dia seguinte. A grandeza de

Deus envolvia todo o meu ser.

 

1781. Pentecostes. Renovação dos votos.

Levantei-me muito mais cedo que habitualmente e fui à capela

submergindo-me no amor de Deus.

Antes de receber a Santa Comunhão renovei os meus votos religiosos

em voz baixa. Depois da Santa Comunhão abraçou-me o inconcebível amor

de Deus. A minha alma estava em comunhão com o Espírito Santo que é o

Mesmo Senhor que o Pai e o Filho. O Seu sopro enchia a minha alma de

tanto deleite que me esforçaria em vão se quisesse dar uma pálida ideia do

que estava a viver o meu coração. Durante todo o dia, em toda a parte, e

onde quer que me encontrasse, com quem quer que falasse, acompanhavame a Presença viva de Deus; e a minha alma afundou-se em gratidão por

estas enormes graças.

 

1782. Hoje, quando saí ao jardim, o Senhor disse-me: Volta para o teu

quarto, porque espero-te ali. Ao voltar, vi imediatamente o Senhor Jesus,

que estava sentado à mesa e me esperava.

Olhando-me bondosamente disse-me: Minha filha, desejo que agora

escrevas, porque esse passeio não seria conforme à Minha vontade.

Fiquei só e imediatamente me pus a escrever.

 

1783. Ao submergir-me na oração e ao unir-me com todas as Missas que

nesse momento se estavam a celebrar no mundo inteiro, pedi a Deus,

mediante todas essas Santas Missas, a Misericórdia para o mundo e,

especialmente, para os pobres pecadores que nesse momento estavam em

agonia. E naquele momento, no meu interior, recebi a resposta de Deus, de

que mil almas tinham recebido a graça através da oração que eu tinha

elevado a Deus. Não sabemos que número de almas podemos salvar com as

nossas orações e o nosso sacrifício, por isso oremos sempre pelos

pecadores.

 

1784. Hoje, durante uma conversa mais demorada, o Senhor disse-me:

Quanto desejo a salvação das almas. Minha queridíssima secretária,

escreve que desejo derramar a Minha vida divina nas almas humanas e

santificá-las, desde que queiram acolher a Minha graça. Os maiores

pecadores chegariam a uma grande santidade se confiassem na Minha

Misericórdia. As Minhas entranhas estão cumuladas de Misericórdia,

que está derramada sobre tudo o que criei. O Meu deleite é agir na

alma humana, enchê-la da Minha Misericórdia e justificá-la. O Meu

reino na Terra é a Minha vida nas almas dos homens.

Escreve, secretária minha, que o director das almas sou Eu Mesmo,

directamente, enquanto indirectamente as guio por meio dos sacerdotes

e conduzo cada uma à santidade pelo caminho que somente Eu

conheço.

 

1785. Hoje visitou-me a Madre Superiora, mas por muito breve tempo.

Ao olhar à sua volta disse-me que o que me rodeava era muito bonito. E,

realmente, as irmãs tratam de me fazer agradável a estadia no sanatório.

Mas toda a beleza não diminui o meu sacrifício, que só Deus vê e que

terminará no momento em que o meu coração deixar de bater. Nenhuma

beleza de toda a Terra, nem mesmo do Céu, apagará o tormento da minha

alma que, embora totalmente íntimo, se mantém vivo em cada momento.

Terminará quando Tu Mesmo, Autor do meu tormento, me disseres:

“Basta”. Nada conseguirá, pois, minorar o meu sacrifício.

 

1786. Primeira sexta-feira depois do Corpus Cristi.

[17 VI 1938].

Logo na sexta-feira depois do Corpus Cristi senti-me tão mal que pensei

que se aproximava o momento desejado.

Apareceu uma febre alta e, de noite, cuspi muito sangue. Apesar disso,

de manhã fui receber o Senhor Jesus, mas não pude ficar para a Santa

Missa. De tarde a febre baixou repentinamente a 35,8.

Sentia-me tão enfraquecida que tive a sensação de que tudo em mim

estava a morrer. Mas quando me submergi numa oração mais profunda,

soube que não era ainda o momento da libertação, mas uma chamada mais

próxima do Esposo.

 

1787. Ao encontrar-me com o Senhor, disse-lhe: Enganas-me, Jesus,

mostras-me a porta aberta do Céu e deixas-me novamente na Terra. E o

Senhor disse-me: Quando vires, no Céu, os teus dias actuais, alegrar-teás e quererás ver tantos quantos seja possível. Não Me admira, Minha

filha, que agora não consigas compreender isto, já que o teu coração

está transbordante de dor e de ânsia por Mim. Agrada-Me a tua

vigilância e seja-te suficiente a Minha palavra de que já não falta

muito.

E, de novo, a minha alma se encontrou no exílio. Uni-me

carinhosamente à vontade de Deus, submetendo-me aos Seus amorosos

desígnios.

 

1788. As conversas sobre as coisas do mundo que aqui oiço, cansam-me

tanto que fico a ponto de desfalecer. Até as irmãs que tratam se mim já se

aperceberam, porque isso se reflecte exteriormente.

 

1789. Hoje vi a glória de Deus que flui desta Imagem. Muitas

almas recebem graças, embora não o digam abertamente. Embora as

situações sejam diferentes, Deus recebe glória através dela, e os esforços de

Satanás e de pessoas mal intencionadas desmoronam-se e desvanecem-se.

Apesar da maldade de Satanás, a Divina Misericórdia triunfará no mundo

inteiro e receberá o culto de todas as almas.

 

1790. Aprendi que para que Deus possa actuar numa alma, esta tem que

renunciar a agir por sua própria conta, porque, em caso contrário, Deus não

realizará nela a Sua vontade.

 

1791. Quando se aproximava uma grande tempestade, comecei a rezar a

coroinha. De repente ouvi a voz de um Anjo: Não posso avançar com o

temporal, porque a claridade que sai da sua boca afasta-me a mim e ao

temporal. O Anjo queixava-se a Deus. De repente soube a grande

destruição que essa tempestade poderia causar, mas soube também que essa

oração era agradável a Deus e quão grande é o poder desta coroinha.

 

1792. Conheci que certa alma que é muito agradável a Deus, apesar de

várias perseguições, é revestida por Deus de uma superior dignidade; o meu

coração sentiu, com isso, uma grande alegria.

Os meus momentos mais gratos são aqueles em que estou conversando

com o Senhor no meu interior. Procuro, segundo está ao meu alcance, que

não esteja sozinho; Ele gosta de estar sempre connosco…

 

1794. Oh Jesus, Deus eterno, agradeço-Te pelas Tuas inumeráveis graças

e bênçãos. Que cada batimento do meu coração seja um hino novo de

agradecimento a Ti, oh Deus. Que cada gota do meu sangue circule por Ti,

Senhor. A minha alma é todo um hino de adoração à Tua Misericórdia.

Amo-Te, Deus, por Ti Mesmo.

 

1795. Oh meu Deus, embora os sofrimentos sejam grandes e se

prolonguem, aceito-os da Tua mão como um magnífico dom. Aceito-os

todos, também aqueles que outras almas não quiseram aceitar. Podes vir a

mim, oh Jesus, com tudo, não Te negarei nada; Peço-Te uma só coisa, dáme força para os suportar e faz que sejam meritórios. Aqui tens todo o meu

ser, faz comigo o que quiseres.

 

1796. Hoje vi o Sagrado Coração de Jesus no Céu [em] uma grande

claridade; da chaga saíam os raios, que se difundiam pelo mundo inteiro.

 

1797. Hoje o Senhor entrou no meu [quarto] e disse-me: Minha filha,

ajuda-me a salvar as almas. Irás a casa de um pecador agonizante e

rezarás esta coroinha com o qual obterás para ele a confiança na

Minha Misericórdia, pois já está em desespero.

 

1798. De repente encontrei-me numa cabana desconhecida onde, entre

terríveis tormentos, agonizava um homem já avançado em anos. À volta da

cama havia uma multidão de demónios e a família, que chorava.

Quando comecei a rezar, os espíritos das trevas dispersaram-se com

silvos e ameaças a mim dirigidas.

Essa alma tranquilizou-se e, cheia de confiança, descansou no Senhor.

No mesmo instante encontrei-me no meu quarto. Como isto sucede, não

sei.

 

1799. JMJ. Sinto que alguma força me defende e protege das setas do

inimigo. Guarda-me e defende-me, sinto-o muito bem, estou protegida

como se estivesse à sombra das Suas asas.

 

1800. Oh meu Jesus, só Tu és bom. Embora o meu coração se esforçasse

para descrever ao menos uma pequena parte da Tua bondade, não seria

capaz; isso está para além de qualquer imaginação nossa.

 

1801. Um dia, durante a Santa Missa, o Senhor fez-me conhecer mais

profundamente a Sua Santidade e a Sua Majestade, ao mesmo tempo que

tomei consciência da minha miséria. Regozijei-me com esse conhecimento

e toda a minha alma se afundou na Sua Misericórdia; sinto-me imensamente

feliz.

 

1802. No dia seguinte ouvi, claramente, as palavras: «Vês, Deus é tão

santo e tu és pecadora. Não te aproximes d'Ele e confessa-te todos os dias».

Efectivamente, qualquer coisa em que pensasse parecia-me pecado. No

entanto, não abandonei a Santa Comunhão e decidi confessar-me no tempo

devido, não havendo um impedimento evidente. No entanto, quando se

aproximou o dia da confissão, preparei uma grande quantidade de pecados

para me acusar deles.

 

Mas, ao aproximar-me do confessionário, Deus permitiu-me acusar-me

apenas de duas imperfecções, apesar de que me ter esforçado por confessarme conforme me tinha preparado. Quando me afastei do confessionário, o

Senhor disse-me: Minha filha, todos os pecados que quiseste confessar

não são pecados a Meus olhos, portanto tirei-te a possibilidade de os

dizer. Vi que Satanás, querendo perturbar a minha paz, me sugere

escrúpulos exagerados. Oh Salvador, que grande é a Tua bondade.

 

1803. Um dia, enquanto me preparava para a Santa Comunhão e me dei

conta de que não tinha nada para Lhe oferecer, caí a Seus pés invocando

toda a Sua Misericórdia para a minha pobre alma. A Tua graça, que flui

sobre mim do Teu Coração compassivo, me fortifique para a luta e para os

sofrimentos, para que Te permaneça fiel; embora seja uma perfeita miséria,

não Te tenho medo, porque conheço bem a Tua Misericórdia. Nada me

afastará de Ti, oh Deus, porque tudo é bem menos do que o conhecimento

que tenho [de Ti]. E vejo isto claramente.

 

[Aqui termina o sexto e último caderno das notas da Ir. Faustina

 

Kowalska, religiosa professa com votos perpétuos da Congregação das

Irmãs da Mãe de Deus da Misericórdia]

 

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