DIARIO DE SANTA FAUSTINA

Tradução da versão em castelhano

PRÓLOGO DA PRIMEIRA EDIÇÃO
Padre Estanislao Serafín Michalenko, m.i.c.
Ao dar a conhecer o Diário em castelhano sentimo-nos muito felizes por ter podido satisfazer, com a graça de Deus, o anseio de muitas almas que desejavam conhecer este testemunho espiritual e místico sobre a Divina Misericórdia. A sua autora, a beata (santa) Maria Faustina do Santíssimo Sacramento, da Congregação da Mãe de Deus da Misericórdia, de Cracóvia, Polónia, escreveu por ordem do seu Director Espiritual, o rev. P. Miguel Sopocko, querendo, além disso, cumprir e obedecer à vontade de Jesus: Minha filha, sê diligente em tomar nota de cada frase que te digo sobre a Minha Misericórdia porque estão destinadas para um grande número de almas que tirarão proveito delas (Diário, 1142).
A sua missão era transmitir o que Nosso Senhor queria, isto é que todo o mundo conhecesse a Misericórdia de Deus. O seu Diário é um impressionante relato das ascensões e da escuridão da alma, é um testemunho de uma fé difícil e inquebrantável. É, além do mais, um testemunho da confiança total na infinita Misericórdia de Cristo.
O Diário está dividido em seis cadernos. A Ir. Faustina escrevia como pensava e como falava. Cada frase é uma fonte de conhecimento divino. Em 1980, o Santo Padre João Paulo II, dedicou à Divina Misericórdia a sua segunda encíclica: Rico Em Misericórdia. Seria muito de desejar o seu estudo detalhado para indicar os pontos de contacto entre o Diário da Ir. Faustina e a mencionada encíclica. Os pontos de contacto são seguramente numerosos porque se inspiram na mesma fonte, isto é, a revelação de Deus e o ensino de Cristo.
Agora um pouco da história da devoção à Divina Misericórdia. A Ir. Faustina no seu Diário escreveu: “Oh meu Deus, Amor meu, porque sei que no momento da morte começará a minha missão”. Pois, assim foi. Depois da sua morte, em 5 de Outubro de 1938, a devoção à Divina Misericórdia, embora com muitas dificuldades, propagou-se por tudo o mundo como “um incêndio”. A confiança na Divina Misericórdia foi transmitida nos Estados Unidos pelo rev. P. José Jarzebowski, da Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria. Ele soube da Mensagem da Divina Misericórdia graças ao confessor da Ir. Faustina, o Rev. P. Miguel Sopocko. Depois da sua milagrosa libertação das mãos dos nazis e dos russos, passando pelo Extremo Oriente, em 1941 veio para os Estados Unidos.
O Rev. P. José animou os seus irmãos da futura Província de São Estanislao Kostka, a propagar a Mensagem da Divina Misericórdia. Em pouco tempo, a devoção à Divina Misericórdia chegou ao México juntamente com o Rev. P. Jarzebowski. Para nós é uma satisfação muito especial apresentar o Diário da beata (santa) Faustina Kowalska, a toda a população de língua espanhola, a todas as nações do mundo que não o possuíam nesta versão, e que seguramente apreciarão a sua coragem inquestionável e o extraordinário dos ensinamentos teológicos nele contidos, despertando no leitor um melhor conhecimento da Misericórdia de Deus, de maneira que Jesus seja mais bem conhecido e mais ternamente amado como Rei da Misericórdia.
A presente primeira edição é autorizada. A Editorial dos Padres Marianos, desejando participar espiritualmente neste importante acto, entrega nas mãos dos leitores o Diário da beata (santa) Faustina. Esperamos que além de ser uma expressão de veneração e de memória, indicará também como amar, escutar e suplicar a Deus Misericordioso.
Padre Estanislao Serafín Michalenko, M.I.C. Vicepostulador da causa de canonização da beata Ir. Faustina. Stockbridge – Edem Hill, 5 de Outubro de 1996
INTRODUÇÃO À PRIMEIRA EDIÇÃO EM POLACO
Arcebispo Andrzej Deskur
Ao apresentar esta edição do Diário da Ir. Faustina Kowalska, estou
plenamente consciente de oferecer um documento da mística católica de um
valor excepcional não só para a Igreja na Polónia, mas também para a Igreja
Universal. É uma edição crítica e fidedigna, preparada pela Postulação (=
Processo Informativo) da Ir. Faustina, sob a supervisão da Arquidiocese de
Cracóvia, órgão competente nesta matéria.
O Diário, cujo tema é a devoção à Divina Misericórdia, últimamente
tornou-se especialmente actual por duas razões:
- Primeiro, a Congregação para a Ensino da Fé, com a sua declaração de há
dois anos, revogou definitivamente os reparos apresentados anteriormente
pela Congregação do Santo Ofício, a propósito dos escritos da Ir. Faustina.
A revogação da “Notificação” fez que a devoção à Divina Misericórdia,
apresentada no mencionado Diário, retomasse uma nova vitalidade em
todos os continentes, do que dão prova numerosos testemunhos que chegam
continuamente à Postulação e à Congregação a que a Ir. Faustina pertenceu.
- Segundo, a encíclica últimamente públicada Dives in Misericordia do
Papa João Paulo II atraíu, felizmente, o olhar da Igreja e também a do
mundo laico para este admirável atributo de Deus, e, ao mesmo tempo, este
extraordinário aspecto da economia da salvação, que é a Misericórdia de
Deus.
Seria oportuno apresentar um estudo detalhado para indicar a convergência
entre o Diário da Ir. Faustina e a citada encíclica. Estes pontos de contacto
seguramente são numerosos, já que tiram a inspiração da mesma fonte, isto
é da revelação de Deus e do ensino de Cristo. Aliás nasceram no mesmo
ambiente espiritual de Cracóvia, cidade onde, segundo sei, está a mais
antiga igreja dedicada ao culto da Divina Misericórdia. Cabe salientar,
também, que foi o próprio cardeal Karol Wojtyla, então Arcebispo de
Cracóvia, quem começou os trâmites para abrir o processo de beatificação
da Ir. Faustina Kowalska e deu início a este processo.
À luz destes factos, o Diário da Ir. Faustina adquiriu uma enorme
importância para a espiritualidade católica e, daí, a necessidade de preparar
a sua edição fidedigna para evitar a deformação do texto por pessoas que,
talvez actuando de boa fé, não estejam suficientemente preparadas para
isso. Deste modo se evitarão edições que difiram entre si, e inclusivamente
contenham contradições, como sucedeu com o diário espiritual de Santa
Teresa do Menino Jesus, História de uma Alma.
Fazendo uma leitura superficial do Diário chama a atenção a simplicidade
da linguagem e até as faltas gramaticais e estilísticas. Mas o leitor deve ter
presente que a autora do Diário tinha apenas uma formação básica, não
completa. Os ensinamentos teológicos expostos no Diário não deixam no
leitor a menor dúvida de que são de carácter extraordinário. Já este
contraste entre a formação da Ir. Faustina e o sublime que é o seu ensino
teológico indica a influência especial da graça de Deus.
Desejo recordar aqui o meu encontro com uma bem conhecida alma mística
dos nossos dias, a Ir. Speranza, que em Colle Valenza, próximo de Todi,
Itália, fundou o santuário Amore Misericordioso, lugar de numerosas
peregrinações. Perguntei à Ir. Speranza se conhecia os escritos da Ir.
Faustina e que pensava deles. Respondeu-me com simplicidade: “Os
escritos contêm um ensino maravilhoso, mas durante a sua leitura há que ter
presente que Deus fala aos filósofos com a linguagemm de filósofos e às
almas simples com linguagem simples, e que só a estas últimas revela as
verdades ocultas para os sábios e os sensatos deste mundo.”
Antes de terminar esta introdução, permito-me citar mais um recordação
pessoal. Em 1952, assisti pela primeira vez a uma solene beatificação na
Basílica de São Pedro. Depois da cerimónia umas pessoas que também
tinham participado nela, perguntaram-me: ¿Quem era o beatificado ou a
beatificada? A pergunta deixou-me bastante confuso, porque naquele
momento nem sequer me recordava quem eram esses beatificados, embora
estivesse consciente de que o sentido de uma beatificação consiste,
realmente, em proporcionar ao povo de Deus um modelo de vida para
contemplar e imitar.
Entre os beatos e candidatos a subir aos altares, figuram dois polacos. Todo
o mundo os conhece e sabe quem foram, que fizeram durante as suas vidas
e que mensagem nos trouxeram. São: o beato (santo) Maximiliano Kolbe,
“mártir do amor” e a Ir. (santa) Faustina Kowalska, apóstola da Divina
Misericórdia.
Andrzej M. Deskur
Arcebispo Titular de Tene
Roma, 20 de Dezembro de 1980