Se me não engano, foi também no decurso deste mês que aí
	apareceu um jovem (22) que, pela sua elevada estatura, me fez
	tremer de medo. Quando vi entrar em casa, à minha procura, um
	Senhor que teve que curvar-se para caber na entrada da porta,
	julguei-me em presença dum alemão. E como, em esse tempo,
	estávamos em guerra e as famílias usavam meter medo às crianças,
	dizendo: – Aí vem um alemão para te matar – eu julguei-me, por
	isso, chegada ao último momento. O meu susto não passou
	desapercebido ao dito jovem que procurou tranquilizar-me,
	sentando(-me) em seus joelhos e interrogando-me com toda a
	amabilidade. Terminado o seu interrogatório, pediu a minha mãe
	para me deixar ir ensinar-lhe o sítio das aparições e rezar aí com
	ele. Obteve a licença desejada e lá vamos. Mas eu estremeci de
	pavor ao ver-me só, por aqueles caminhos, na companhia do
	desconhecido. Tranquilizou-me porém, a ideia de que, se me matava, ia ver a Nosso Senhor e a Nossa Senhora. Chegados ao
	local, posto de joelhos, pediu-me para rezar um Terço com ele e
	pedir à Santíssima Virgem uma graça que ele muito desejava: que
	uma tal menina consentisse em receber com ele o Sacramento do
	Matrimónio. Estranhou-me o pedido e pensei: se ela te tiver tanto
	medo como eu, nunca te dirá que sim! Terminada a reza do nosso
	Terço, o bom jovem acompanhou-me até perto do meu lugar e
	despediu-se amavelmente, recomendando-me o seu pedido.
	Desatei, então, em uma corrida desfeita até chegar à casa de meus
	tios, receando que ele ainda voltasse atrás. Qual não foi o meu
	espanto quando, no dia 13 de Outubro, me encontrei, de repente,
	depois das aparições, nos braços do dito personagem, nadando
	por em cima das cabeças do povo. Realmente estava bem, para
	que todos pudessem satisfazer a sua curiosidade de me ver!
	Passado pouco, o bom Senhor, como não via onde punha os pés,
	tropeçou em uns pedregulhos e caiu. Eu não caí, porque fiquei
	entalada entre as massas que me apertavam. Outros pegaram logo
	em mim e o dito personagem desapareceu, até que, passado algum
	tempo, lá apareceu, com (a) dita menina, já então sua esposa. Ia
	agradecer à Santíssima Virgem a graça recebida e pedir-Lhe uma
	copiosa bênção. Este jovem é hoje o senhor Dr. Carlos Mendes,
	de Torres Novas.
	(22) Refere-se à visita do Dr. Carlos de Azevedo Mendes, no dia 8 de Setembro de
	1917.
		Se me não engano, foi também no decurso deste mês que aí
	
		apareceu um jovem (22) que, pela sua elevada estatura, me fez
	
		tremer de medo. Quando vi entrar em casa, à minha procura, um
	
		Senhor que teve que curvar-se para caber na entrada da porta,
	
		julguei-me em presença dum alemão. E como, em esse tempo,
	
		estávamos em guerra e as famílias usavam meter medo às crianças,
	
		dizendo: – Aí vem um alemão para te matar – eu julguei-me, por
	
		isso, chegada ao último momento. O meu susto não passou
	
		desapercebido ao dito jovem que procurou tranquilizar-me,
	
		sentando(-me) em seus joelhos e interrogando-me com toda a
	
		amabilidade. Terminado o seu interrogatório, pediu a minha mãe
	
		para me deixar ir ensinar-lhe o sítio das aparições e rezar aí com
	
		ele. Obteve a licença desejada e lá vamos. Mas eu estremeci de
	
		pavor ao ver-me só, por aqueles caminhos, na companhia do
	
		desconhecido. Tranquilizou-me porém, a ideia de que, se me matava, ia ver a Nosso Senhor e a Nossa Senhora. Chegados ao
	
		local, posto de joelhos, pediu-me para rezar um Terço com ele e
	
		pedir à Santíssima Virgem uma graça que ele muito desejava: que
	
		uma tal menina consentisse em receber com ele o Sacramento do
	
		Matrimónio. Estranhou-me o pedido e pensei: se ela te tiver tanto
	
		medo como eu, nunca te dirá que sim! Terminada a reza do nosso
	
		Terço, o bom jovem acompanhou-me até perto do meu lugar e
	
		despediu-se amavelmente, recomendando-me o seu pedido.
	
		Desatei, então, em uma corrida desfeita até chegar à casa de meus
	
		tios, receando que ele ainda voltasse atrás. Qual não foi o meu
	
		espanto quando, no dia 13 de Outubro, me encontrei, de repente,
	
		depois das aparições, nos braços do dito personagem, nadando
	
		por em cima das cabeças do povo. Realmente estava bem, para
	
		que todos pudessem satisfazer a sua curiosidade de me ver!
	
		Passado pouco, o bom Senhor, como não via onde punha os pés,
	
		tropeçou em uns pedregulhos e caiu. Eu não caí, porque fiquei
	
		entalada entre as massas que me apertavam. Outros pegaram logo
	
		em mim e o dito personagem desapareceu, até que, passado algum
	
		tempo, lá apareceu, com (a) dita menina, já então sua esposa. Ia
	
		agradecer à Santíssima Virgem a graça recebida e pedir-Lhe uma
	
		copiosa bênção. Este jovem é hoje o senhor Dr. Carlos Mendes,
	
		de Torres Novas.
	
		(22) Refere-se à visita do Dr. Carlos de Azevedo Mendes, no dia 8 de Setembro de
	
		1917.
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