Não sei porquê, as aparições de Nossa Senhora produziam
	em nós efeitos bem diferentes. A mesma alegria íntima, a mesma
	paz e felicidade, mas, em vez desse abatimento físico, uma certa
	agilidade expansiva; em vez desse aniquilamento na Divina presença, um exultar de alegria; em vez dessa dificuldade no falar, um
	certo entusiasmo comunicativo. Mas apesar destes sentimentos,
	sentia a inspiração para calar, sobretudo algumas coisas. Nos interrogatórios, sentia a inspiração íntima que me indicava as respostas que, sem faltar à verdade, não descobrissem o que devia,
	por então, ocultar. Neste sentido, resta-me apenas uma dúvida: se
	não deveria ter dito tudo no interrogatório canónico. Mas não sinto
	escrúpulo de ter calado, porque, nessa altura, eu não tinha ainda
	conhecimento da importância desse interrogatório. Tomei-o, pois,
	como um de tantos a que estava habituada. Apenas estranhei a
	ordem de jurar; mas, como era o confessor que mo mandava e
	jurava a verdade, fi-lo sem dificuldade. Mal eu suspeitava, nesse
	momento, o que o demónio daí ia tirar, para mais tarde me atormentar com um sem fim de escrúpulos. Mas, graças a Deus, já
	tudo passou.
	 Há ainda outra razão que me confirma no pensamento de
	que fiz bem, calando. No decurso do interrogatório canónico, um
	dos interrogantes, Senhor Dr. Marques dos Santos, achou que podia
	alongar a lista das suas perguntas e começou por descer um pouco
	mais fundo. Antes de responder, com um simples olhar, interroguei
	o confessor. Sua Rev.cia tirou-me do embaraço, respondendo por
	mim. Lembrou ao interlocutor que ultrapassava os direitos que lhe
	eram dados.
	Quase o mesmo me aconteceu no interrogatório do senhor
	Dr. Fischer. Autorizado por V. Ex.cia Rev.ma e pela Rev.da Madre Provincial, parecia ter direito a perguntar-me tudo. Mas graças a Deus
	que veio acompanhado pelo confessor. A um dado momento, uma
	estudada pergunta sobre o segredo. Senti-me perplexa, sem saber que responder. Um olhar: o confessor tinha-me entendido e
	respondia por mim. O interrogante entendeu também e limitou-se
	a tapar-me a cara com umas revistas que tinha diante.
	Assim Deus me ia mostrando que ainda não era chegado o
	momento por Ele designado.
	Passo, então, a escrever as aparições de Nossa Senhora. Não
	me detenho a escrever as circunstâncias que as precederam, nem
	as que se lhe seguiram, visto o Senhor Dr. Galamba ter feito o
	favor de me dispensar disso.
		Não sei porquê, as aparições de Nossa Senhora produziam
	
		em nós efeitos bem diferentes. A mesma alegria íntima, a mesma
	
		paz e felicidade, mas, em vez desse abatimento físico, uma certa
	
		agilidade expansiva; em vez desse aniquilamento na Divina presença, um exultar de alegria; em vez dessa dificuldade no falar, um
	
		certo entusiasmo comunicativo. Mas apesar destes sentimentos,
	
		sentia a inspiração para calar, sobretudo algumas coisas. Nos interrogatórios, sentia a inspiração íntima que me indicava as respostas que, sem faltar à verdade, não descobrissem o que devia,
	
		por então, ocultar. Neste sentido, resta-me apenas uma dúvida: se
	
		não deveria ter dito tudo no interrogatório canónico. Mas não sinto
	
		escrúpulo de ter calado, porque, nessa altura, eu não tinha ainda
	
		conhecimento da importância desse interrogatório. Tomei-o, pois,
	
		como um de tantos a que estava habituada. Apenas estranhei a
	
		ordem de jurar; mas, como era o confessor que mo mandava e
	
		jurava a verdade, fi-lo sem dificuldade. Mal eu suspeitava, nesse
	
		momento, o que o demónio daí ia tirar, para mais tarde me atormentar com um sem fim de escrúpulos. Mas, graças a Deus, já
	
		tudo passou.
	
		 Há ainda outra razão que me confirma no pensamento de
	
		que fiz bem, calando. No decurso do interrogatório canónico, um
	
		dos interrogantes, Senhor Dr. Marques dos Santos, achou que podia
	
		alongar a lista das suas perguntas e começou por descer um pouco
	
		mais fundo. Antes de responder, com um simples olhar, interroguei
	
		o confessor. Sua Rev.cia tirou-me do embaraço, respondendo por
	
		mim. Lembrou ao interlocutor que ultrapassava os direitos que lhe
	
		eram dados.
	
		Quase o mesmo me aconteceu no interrogatório do senhor
	
		Dr. Fischer. Autorizado por V. Ex.cia Rev.ma e pela Rev.da Madre Provincial, parecia ter direito a perguntar-me tudo. Mas graças a Deus
	
		que veio acompanhado pelo confessor. A um dado momento, uma
	
		estudada pergunta sobre o segredo. Senti-me perplexa, sem saber que responder. Um olhar: o confessor tinha-me entendido e
	
		respondia por mim. O interrogante entendeu também e limitou-se
	
		a tapar-me a cara com umas revistas que tinha diante.
	
		Assim Deus me ia mostrando que ainda não era chegado o
	
		momento por Ele designado.
	
		Passo, então, a escrever as aparições de Nossa Senhora. Não
	
		me detenho a escrever as circunstâncias que as precederam, nem
	
		as que se lhe seguiram, visto o Senhor Dr. Galamba ter feito o
	
		favor de me dispensar disso.
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