49. É indispensável sublinhar que nos relacionamos com a Pessoa de Cristo, através da amizade e da adoração, atraídos pelo amor representado na imagem do seu Coração. Veneramos essa imagem que O representa, mas a adoração dirige-se apenas a Cristo vivo, na sua divindade e em toda a sua humanidade, para nos deixarmos abraçar pelo seu amor humano e divino.
50. Seja qual for a imagem utilizada, é certo que o objeto de adoração é o Coração vivo de Cristo – e nunca uma imagem –, porque faz parte do seu Corpo santíssimo e ressuscitado, inseparável do Filho de Deus que o assumiu para sempre. Ele é adorado enquanto «o coração da pessoa do Verbo a quem está unido de modo inseparável». Não o adoramos isoladamente, mas na medida em que com esse Coração é o próprio Filho incarnado que vive, ama e recebe o nosso amor. Por isso, qualquer ato de amor ou de adoração ao seu Coração é «na realidade e propriamente tributado ao Cristo mesmo», porque se refere espontaneamente a Ele e é «o símbolo e a imagem sensível da caridade infinita de Jesus Cristo».
51. Por isso, ninguém deve pensar que esta devoção nos possa separar ou distanciar de Jesus Cristo e do seu amor. De modo espontâneo e direto, ela dirige-nos a Ele e só a Ele, que nos chama a uma amizade valiosa, feita de diálogo, afeto, confiança e adoração. Este Cristo com o seu coração trespassado e ardente é o mesmo Cristo que por amor nasceu em Belém, percorreu a Galileia curando, acariciando, derramando misericórdia, e amou-nos até ao fim, estendendo os braços na cruz. Por fim, é o mesmo que ressuscitou e vive gloriosamente no meio de nós.