CAPÍTULO IV VIVENDO A VIDA DE JESUS CRISTO NA OCEÂNIA

CAPÍTULO IV   VIVENDO A VIDA DE JESUS CRISTO NA OCEÂNIA

« Quando Jesus acabou de falar, disse a Simão: "Faz-te ao largo; e vós lançai as redes para a pesca". Simão respondeu: "Mestre, trabalhámos durante toda a noite e nada apanhámos, mas, porque Tu o dizes, lançarei as redes". Assim fizeram e apanharam uma grande quantidade de peixe. As redes estavam a romper-se e eles fizeram sinal aos companheiros que estavam na outra barca para que os viessem ajudar. Vieram e encheram as duas barcas, a ponto de se irem afundando» (Lc 5, 4-7).

 

VIDA ESPIRITUAL E SACRAMENTAL

 

VINDE, ESPÍRITO SANTO!

 

36. « O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi concedido » (Rom 5, 5). Quando « o Verbo Se fez carne e habitou entre nós » (Jo 1, 14), Deus irrompeu na história humana para nos tornar « participantes da natureza divina » (2 Ped 1, 4). Viver em Cristo implica um novo modo de existir que é obra do Espírito. São Paulo diz que temos de « revestir-nos do homem novo, criado em conformidade com Deus na justiça e santidade verdadeiras » (Ef 4, 24). A Igreja na Oceânia foi enriquecida pelo Espírito Santo com muitos dons. Apesar da grande diversidade de culturas e tradições, ela é uma só na fé, esperança e caridade, na doutrina e disciplina católica, na comunhão da Santíssima Trindade. Nesta comunhão, todos são chamados a viver a vida de Cristo no contexto da sua actividade quotidiana, a patentear os frutos maravilhosos do Espírito (cf. Gal 5, 22-23) e a ser testemunhas do amor e da misericórdia de Deus no mundo.

 

O ESPÍRITO DE INTERIORIDADE

 

37. A Assembleia Especial deu realce à importância fundamental que têm, para a Igreja na Oceânia, a oração e a vida interior de união com Cristo. Os indígenas conservaram o gosto pelo silêncio, pela contemplação e pelo sentido do mistério na vida. A actividade frenética da vida moderna com todas as suas pressões torna indispensável que os cristãos procurem o silêncio orante e a contemplação como condição e manifestação duma fé viva. Quando Deus deixa de estar no centro da vida humana, fica vazia e sem sentido a própria existência.

 

Os Padres Sinodais reconheceram a necessidade de dar novo impulso e encorajamento à vida espiritual de todos os fiéis. Muitas vezes o próprio Jesus « retirou-Se para um lugar solitário e ali Se pôs em oração » (Mc1, 35); observa o evangelista: « A sua fama espalhava-se cada vez mais, juntando-se grandes multidões para O ouvirem e para que os curasse dos seus males. Mas Ele retirava-Se para lugares solitários e entregava-Se aí à oração » (Lc 5, 15-16). A oração de Jesus é um exemplo para nós, sobretudo quando nos sentimos oprimidos pelas aflições e responsabilidades da vida diária. Os Padres Sinodais assinalaram a grande importância da vida de oração para fazer frente ao impacto crescente da secularização e do materialismo em toda a região; e, como incentivos à vida interior, encorajaram a participação na Santa Missa, a visita ao Santíssimo Sacramento, a via-sacra, o terço e outras práticas devocionais, como também a oração em família. A presença de comunidades de vida contemplativa na Oceânia é um apelo particularmente forte ao espírito de interioridade, que nos ajuda a experimentar a presença de Deus no nosso coração. Este espírito de interioridade é fundamental também na inspiração e orientamento das iniciativas pastorais, porque dá a força dum genuíno amor apostólico no qual se reflecte o amor de Deus.

 

LECTIO DIVINA E SAGRADA ESCRITURA

 

38. A Igreja « exorta com ardor e insistência todos os fiéis (...) a que "aprendam a sublime ciência de Jesus Cristo" (Fil 3, 8) com a leitura frequente das divinas Escrituras (...). Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração, para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; "porque a Ele falamos, quando rezamos; a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos" ». A palavra de Deus do Antigo e Novo Testamento é fundamental para todos os crentes em Cristo, e constitui a fonte inexaurível da evangelização. A santidade de vida e uma actividade apostólica eficaz nascem da escuta constante da palavra de Deus. Um renovado apreço pela Sagrada Escritura permite-nos voltar às fontes da nossa fé e encontrar a verdade de Deus em Cristo. A familiaridade com as Escrituras é exigida a todos os crentes, mas de modo particular aos seminaristas, sacerdotes e religiosos. É preciso animá-los a empenharem-se na lectio divina, aquela meditação tranquila e devota da Sagrada Escritura que consente à palavra de Deus falar ao coração humano. Esta forma de oração, privada ou em grupo, aprofundará o seu amor pela Bíblia, tornando-a parte essencial e elemento vivificante da sua vida quotidiana.

 

Por esta razão, é preciso que a Sagrada Escritura seja acessível a todos na Oceânia, traduzida, conveniente e fielmente, no maior número possível de línguas vernáculas. Já se realizou um trabalho altamente louvável de tradução bíblica, mas há ainda muito a fazer. Contudo, não é suficiente dar aos numerosos grupos linguísticos um texto bíblico que possam ler; para ajudá-los a compreender o que lêem, há necessidade duma formação bíblica sólida e contínua para aqueles que são chamados a proclamar e a ensinar a palavra de Deus.

 

LITURGIA

 

39. Os Padres Sinodais reflectiram longamente sobre a importância da liturgia nas Igrejas particulares da Oceânia, e fizeram votos de que estas continuem a aperfeiçoar a sua vida litúrgica para que os fiéis possam penetrar mais profundamente no mistério de Cristo. Reconheceram como um dos frutos do Concílio Vaticano II a maior participação do povo de Deus na liturgia, daí resultando, como se esperava, um maior sentido da missão. A vida cristã ficou robustecida com a renovada compreensão e estima da liturgia, especialmente do sacrifício eucarístico. O Concílio tinha considerado a renovação da liturgia como um processo para chegar a um aprofundamento dos ritos sagrados, e nesta linha muitas Igrejas particulares estão empenhadas na reflexão teórica e actuação prática duma verdadeira inculturação das formas de culto, com o devido respeito pela integridade do Rito Romano. Adequadas traduções dos textos litúrgicos e um uso apropriado de símbolos tirados das culturas locais podem evitar a sensação de estranheza cultural aos indígenas, quando eles se aproximam do culto da Igreja. Deste modo, as palavras e sinais da liturgia serão os mesmos da sua alma.

 

A EUCARISTIA

 

40. A eucaristia completa a iniciação do cristão, sendo a fonte e o cume da vida cristã. Cristo está real e substancialmente presente no sacramento do seu Corpo e Sangue, oferecidos em sacrifício pela salvação do mundo e partilhados pelos fiéis na comunhão. Desde a sua origem, a Igreja não cessou de obedecer ao mandamento do Senhor: « Fazei isto em memória de Mim » (1 Cor11, 24). Os católicos da Oceânia têm clara noção do lugar central da eucaristia nas suas vidas; sabem que a celebração regular e devota do sacrifício eucarístico os torna capazes de seguir o caminho da santidade pessoal e de cumprir o seu dever na missão da Igreja. Com grande satisfação reconheceram os Padres Sinodais esta estima generalizada e grande amor pelo maior sacramento da Igreja.

 

Ao mesmo tempo, porém, mostraram-se preocupados com tantas comunidades da Oceânia que ficam longos períodos sem a celebração da eucaristia. E isso por muitas razões: a escassez cada vez maior de sacerdotes disponíveis para o ministério pastoral, o aumento da pobreza rural e a fuga para as cidades, sobretudo na Austrália, provocando uma diminuição da população e o isolamento de muitas comunidades, as enormes distâncias entre muitas ilhas traduzem-se frequentemente na impossibilidade de ter um sacerdote residente. Por tudo isso, muitas comunidades se reúnem no Dia do Senhor para actos de culto que não são a celebração da eucaristia; e há necessidade de muita sensatez e coragem para enfrentar esta lamentável situação. Faço minha a insistência do Sínodo para que haja maior empenho em despertar vocações para a vida sacerdotal e distribuir os sacerdotes de forma mais equitativa por todo o continente.

 

O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA

 

41. « Torna-se aqui importante reflectirmos sobre o facto de Cristo querer que o sacramento da penitência seja fonte e sinal de uma radical misericórdia, reconciliação e paz. A Igreja serve melhor o mundo quando ela é precisamente o que deve ser: uma comunidade reconciliada e reconciliadora de discípulos de Cristo. (...) A Igreja é tanto mais ela mesma, quanto mais realiza a obra de mediação e de reconciliação, no amor e no poder de Jesus Cristo, mediante o sacramento da penitência ». À luz desta certeza, os Padres Sinodais deram graças a Deus por verem, na maioria das dioceses da Oceânia, o sacramento da penitência intensamente praticado e estimado como fonte de graça salutar.

 

Mas observaram também que algumas Igrejas particulares enfrentam sérios desafios pastorais no âmbito deste sacramento; sobretudo nas sociedades evoluídas, muitos fiéis mostram-se confusos ou indiferentes quanto à realidade do pecado e à necessidade do sacramento da penitência para o seu perdão. Às vezes, não alcançam o verdadeiro sentido da liberdade humana. A redescoberta do lugar fundamental que tem este sacramento na vida do povo de Deus constitui um profundo desejo dos bispos, tendo insistido para que « seja ministrada uma catequese mais ampla sobre a responsabilidade pessoal, a realidade do pecado e o sacramento da reconciliação, lembrando aos católicos a terna misericórdia de Jesus Cristo que lhes é oferecida através deste sacramento e a necessidade da absolvição sacramental para os pecados graves cometidos depois do baptismo. Em virtude da ajuda deste sacramento para o progresso espiritual, os sacerdotes devem ser encorajados não só a fazerem do sacramento da reconciliação um momento importante da sua vida, mas também a garantirem, como parte vital do seu ministério, o devido aproveitamento por parte dos fiéis ». A experiência do recente Jubileu ensina que chegou o tempo para uma renovada catequese e prática deste grande sacramento da misericórdia.

 

A UNÇÃO DOS ENFERMOS

 

42. O amor compassivo de Cristo é oferecido, de modo especial, aos doentes e atribulados. Isto vê-se no cuidado que tem a Igreja por todos os que sofrem no corpo e na alma. A renovada Liturgia dos Doentes foi um dos contributos mais positivos para quantos atravessam situações em que a vida corre perigo: doenças graves, operações cirúrgicas arriscadas, ou a velhice. Os idosos sofrem frequentemente por causa do isolamento e da solidão. As celebrações comunitárias da unção dos enfermos são de grande ajuda e consolação para os doentes e atribulados, e tornam-se uma fonte de esperança para aqueles que os assistem. Os Padres Sinodais testemunharam especial gratidão a quantos acompanham os doentes e moribundos por oferecerem um precioso testemunho do amor do próprio Cristo no momento em que o doente e o moribundo poderiam ser considerados um peso.

 

O POVO DE DEUS

 

A VOCAÇÃO DOS LEIGOS

 

43. No discipulado cristão, é fundamental a experiência de sentir-se chamado como Mateus: « Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus, sentado ao telónio, e disse-lhe: "Segue-Me"! E ele levantou-se e seguiu-O » (Mt 9, 9). No baptismo, todos os cristãos receberam o chamamento à santidade. Toda a vocação pessoal é um chamamento a partilhar a missão da Igreja; tendo em vista as necessidades da nova evangelização, é urgente recordar aos leigos a sua particular vocação na Igreja. Os Padres Sinodais congratularam-se pelo « trabalho e testemunho de um número tão grande de leigos que muito têm contribuído para o crescimento da Igreja na Oceânia ». De facto, aparecem verdadeiramente empenhados desde os primórdios da Igreja na Oceânia no seu crescimento e missão, e continuam a fazê-lo com a sua colaboração em várias formas de serviço, sobretudo como catequistas nas paróquias, formadores na preparação para os sacramentos, animadores das actividades juvenis, guias de pequenos grupos e comunidades.

 

Num mundo que precisa de ver e ouvir a verdade de Cristo, os leigos são, nas várias profissões, testemunhas vivas do Evangelho. Animar a ordem temporal nos seus múltiplos elementos é a vocação fundamental dos leigos. Os Padres Sinodais asseguraram o seu total apoio « aos leigos, homens e mulheres, que vivem a sua vocação cristã principalmente na vida diária, animando as várias realidades da ordem temporal: "os bens da vida e da família, a cultura, os bens económicos, as artes e profissões, as instituições políticas, as relações internacionais e outras semelhantes" ». A Igreja apoia e anima os leigos na sua missão de estabelecer a justa escala de valores na ordem temporal e assim encaminhá-la através de Cristo para Deus. Deste modo, a Igreja torna-se o fermento que leveda toda « a farinha » (cf. Mt 13, 33) da ordem temporal.

 

OS JOVENS NA IGREJA

 

44. Em muitos países da Oceânia, os jovens constituem a maioria da população, enquanto noutros, como Austrália e Nova Zelândia, tal já não se verifica. Os Padres Sinodais desejaram transmitir à juventude da Igreja na Oceânia a convicção de que é chamada a ser « o sal da terra (...) e a luz do mundo » (Mt 5, 13.14); quiseram que os jovens soubessem que são uma parte vital da Igreja actual, e que os responsáveis não cessam de procurar modos adequados para envolvê-los cada vez mais na vida e missão da Igreja. Os jovens católicos são chamados a seguir Jesus não somente depois como adultos, mas já como discípulos em vias de maturação. Possam eles sentirem-se sempre atraídos pela figura cativante de Jesus e estimulados pelo desafio dos valores sublimes do Evangelho. Deste modo serão capazes de tomar sobre os seus ombros o apostolado activo a que a Igreja os chama, e desempenhar, felizes e decididos, a sua parte na vida da Igreja a todos os níveis: universal, nacional, diocesano e local. Hoje, « os jovens vivem uma cultura própria. É essencial que os responsáveis eclesiais estudem a cultura e a linguagem dos jovens, acolham e introduzam os seus aspectos positivos na vida e missão da Igreja ».

 

Entretanto, este é também um tempo em que os jovens têm de enfrentar grandes dificuldades: muitos não conseguem encontrar emprego, frequentemente deslocam-se para as cidades maiores onde a pressão do isolamento, da solidão e do desemprego os arrastam para situações subversivas. Alguns são impelidos para o uso de drogas ou para outras formas de toxicodependência, e até para o suicídio. Apesar disso, mesmo nestas situações, os jovens andam frequentemente à procuram duma vida que só Cristo lhes pode oferecer. Por isso, é indispensável que a Igreja proclame o Evangelho aos jovens de modo que eles o possam compreender e lhes permita agarrar a mão de Cristo que nunca deixa de vir ao seu encontro, sobretudo nos dias cinzentos.

 

Convencidos da necessidade de os jovens serem evangelizadores dos jovens, os membros do Sínodo recordaram o apelo que fiz à juventude quando visitei a região: « Não tenhais medo de vos empenhar na tarefa de fazer Cristo conhecido e amado, em particular entre as numerosas pessoas da vossa idade, que constituem a maior parte da população ». Com os Padres Sinodais, convido os jovens da Igreja a tomarem em consideração, na oração, a possibilidade de seguir Jesus como sacerdotes ou na vida consagrada, porque a necessidade é grande. Os bispos louvaram os jovens pelo seu forte sentido de justiça, integridade pessoal, respeito pela dignidade humana, atenção para com os indigentes, e preocupação pelo meio ambiente. São sinais duma grande generosidade de espírito, que não deixarão de dar fruto na vida actual da Igreja, como sempre aconteceu no passado.

 

Em muitos lugares, as peregrinações da juventude constituem uma iniciativa positiva na vida dos jovens católicos. A peregrinação fez parte durante muito tempo da vida cristã e pode ser de grande ajuda para conferir um sentido de identidade e pertença. Os Padres Sinodais reconheceram a importância do Dia Mundial da Juventude vendo nele uma oportunidade para os jovens experimentarem uma genuína communio, como se verificou de forma extraordinária durante o Grande Jubileu. Reúnem-se para escutar a palavra de Deus apresentada numa linguagem acessível, reflectir sobre a mesma na oração, tomar parte em liturgias e encontros de oração estimulantes. Repetidas vezes tenho constatado como muitos deles são por natureza abertos ao mistério de Deus revelado no Evangelho. Possa o mistério glorioso de Jesus Cristo cumular sempre de paz e alegria os jovens da Oceânia!

 

MATRIMÓNIO E VIDA FAMILIAR

 

45. « Uma revelação e actuação específica da comunhão eclesial é constituída pela família cristã, que, por isso também, se pode e deve chamar "Igreja doméstica" ». A família, considerada na sua raiz última, é imagem da communio inefável da Santíssima Trindade. Pela procriação e educação dos filhos, a família compartilha a obra de Deus na criação e, como tal, constitui uma grande força para a evangelização dentro da Igreja e para além dos seus confins. « A Igreja e a sociedade na Oceânia muito dependem da qualidade da vida familiar », o que implica uma grande responsabilidade para os cristãos que celebraram a aliança conjugal; por isso, « é necessária uma conveniente preparação dos noivos que desejam receber o sacramento do matrimónio ».

 

A família, como instituição, sempre necessitará de todo o cuidado pastoral da Igreja, mas há que ter em conta as exigências e responsabilidades das famílias mais numerosas. A Igreja e as autoridades civis devem empenhar-se a fornecer os serviços e ajudas possíveis para apoiar os pais e as famílias. A Igreja tem particularmente a peito a liberdade das mulheres na decisão matrimonial, e também o seu direito a serem respeitadas no âmbito do matrimónio. A poligamia, que ainda existe em alguns lados, é uma causa grave de exploração da mulher. Alargando o horizonte, os Padres Sinodais mostraram-se preocupados pela condição social da mulher na Oceânia, insistindo para que seja respeitado o princípio de salário igual para trabalho igual e facultado à mulher o acesso ao mundo do trabalho. Ao mesmo tempo, é extremamente importante que as mães não sejam penalizadas quando têm de ficar em casa a cuidar dos filhos, já que a dignidade da maternidade e da paternidade é muito grande, e o cuidado dos filhos o valor mais importante.

 

Nas famílias cujos pais são ambos católicos, é mais fácil que eles partilhem a sua fé com os filhos. Embora reconhecendo com gratidão os matrimónios mistos que são bem sucedidos a alimentar a fé tanto de ambos os esposos como dos filhos, o Sínodo encoraja os esforços pastorais tendentes a promover matrimónios entre pessoas da mesma fé.

 

Hoje na Oceânia, como noutras partes aliás, o matrimónio e a família estão a ser vítimas de muitas pressões que podem corroer a sua função de célula basilar da sociedade humana, com graves consequências para a própria sociedade. Como fiz notar quando estive na Austrália, « o conceito cristão do matrimónio e da família está a ser contestado por uma nova visão secular, pragmática e individualista, que conquistou terreno no campo legislativo e tem uma certa "aprovação" no sector da opinião pública ». Cientes disto, os Padres Sinodais afirmaram haver urgente necessidade de « programas pastorais que dêem apoio às famílias a braços com sérios problemas da sociedade moderna; muitas delas, tanto na cultura urbana como na tradicional, sofrem gravemente por causa do alcoolismo, da droga e doutras dependências, especialmente a do jogo de azar. (...) Face às dificuldades que hoje se levantam para o matrimónio e a família, com o triste cenário da falta de harmonia nos casais, das separações e dos divórcios », o Sínodo recomendou uma renovada catequese sobre os ideais do matrimónio cristão: uma aliança que, em Cristo, dura toda a vida, baseando-se na generosa doação de ambos e num amor sem reservas. Esta visão admirável do matrimónio e da família oferece uma verdade salutar para os indivíduos e a sociedade inteira; por isso, os princípios teológicos que estão na base da doutrina católica hão-de ser, cuidadosa e convictamente, explicados a todos.

 

Os programas de enriquecimento espiritual no matrimónio podem ajudar os casais a aprofundarem a dedicação às suas obrigações e a alegria no dom do amor conjugal. Quando o matrimónio estiver de algum modo ameaçado, os sacerdotes prestem toda a solicitude possível àqueles que se encontram na aflição. O Sínodo reconheceu o grande zelo de tantos pais que ficaram sozinhos a prover ao crescimento e à educação dos filhos, e manifestou profundo apreço a tais pessoas que procuram viver o Evangelho frequentemente em circunstâncias difíceis. A elas e seus filhos, será preciso que os sacerdotes, as escolas católicas e os catequistas prestem especial atenção.

 

AS MULHERES NA IGREJA

 

46. A longa série de santos de todos os tempos põe em evidência que as mulheres sempre contribuíram com dons próprios e indispensáveis para a vida da Igreja, e que, sem estes dons, a comunidade cristã ficaria irremediavelmente mais pobre. Hoje mais do que nunca, a Igreja precisa das capacidades e energias e também da santidade das mulheres, se se quer que a nova evangelização produza os frutos ardentemente esperados. E, enquanto algumas mulheres se sentem ainda marginalizadas na Igreja e também na sociedade inteira, muitas outras provaram um profundo sentido de realização contribuindo para a vida paroquial, participando na liturgia, na vida de oração e nas actividades apostólicas e caritativas da Igreja na Oceânia. É importante que a Igreja, a nível local, consinta às mulheres de desempenharem a sua legítima parte na missão eclesial; nunca deveriam sentir-se postas de lado. Há muitas formas do apostolado laical e muitos programas de formação para leigos abertos às mulheres, como há também várias funções de responsabilidade onde podem largamente colocar os seus dons ao serviço da missão da Igreja.

 

NOVOS MOVIMENTOS ECLESIAIS

 

47. Um dos « sinais dos tempos » para Igreja na Oceânia é a afirmação de novos movimentos eclesiais, que são um fruto mais do Concílio Vaticano II. Oferecem um poderoso estímulo e apoio aos católicos de todas as idades no seu esforço de viverem mais intensamente a vida de discipulado; além disso, tem desabrochado, no âmbito de alguns deles, um bom número de vocações para o sacerdócio e para a vida consagrada, o que é motivo para dar graças. Com o seu auxílio, muitos católicos estão a redescobrir Cristo com maior profundidade, experiência esta que lhes consente de permanecerem fiéis, não obstante as dificuldades, nas culturas deste tempo; ajudando as pessoas a crescerem na dimensão cristã, os movimentos são portadores de muitos dons de santidade e de serviço para a Igreja. Acolhendo-os como sinais do Espírito Santo em acção na Igreja, os Padres Sinodais pedem-lhes que trabalhem dentro das estruturas das Igrejas particulares para ajudarem a construir a communio da diocese onde se encontram. Ao bispo local compete « exercer o discernimento pastoral quanto ao seu acolhimento e orientação, pedindo-lhes que respeitem os planos pastorais da diocese ».

 

MINISTÉRIOS ORDENADOS E VIDA CONSAGRADA

 

VOCAÇÕES E SEMINÁRIOS

 

48. Vista a função essencial do sacerdócio e a grande importância da vida consagrada na missão da Igreja, os Padres da Assembleia Especial assinalaram o testemunho dado por bispos, sacerdotes e pessoas de vida consagrada através da sua oração, fidelidade, generosidade e simplicidade de vida. A messe onde trabalham é grande, e o seu número relativamente pequeno. Contudo a Oceânia tem muitos jovens, que constituem um precioso tesouro espiritual, havendo certamente muitos dentre eles que foram chamados ao sacerdócio ou à vida consagrada. « Desejaria que um número cada vez maior dos vossos jovens pudesse ouvir atentamente e aceitar prontamente as palavras de Cristo que falam de uma especial escolha pessoal da parte de Deus para uma fecundidade apostólica: "Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi e vos nomeei para irdes e dardes fruto, e o vosso fruto permanecer" (Jo15, 16) ». Os Padres Sinodais sublinharam a preocupante penúria de sacerdotes e de consagrados na Oceânia. A promoção das vocações é uma responsabilidade urgente de toda a comunidade católica. Cada bispo deveria esforçar-se por instituir e fazer funcionar um plano para promover as vocações sacerdotais e religiosas a todos os níveis: na diocese, na paróquia, na escola e na família. Os Padres Sinodais olham com esperança para o futuro, pedindo « ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe » (Lc 10, 2), firmes na fé que « Deus providenciará » (Gen 22, 8).

 

Nos seminários, os sacerdotes do futuro são formados à imagem do Bom Pastor, « unindo-se a Cristo no conhecimento da vontade do Pai e no dom de si mesmos pelo rebanho que lhes foi confiado ». Cada bispo é responsável pela formação do clero no contexto da cultura e tradição local. A tal respeito, os Padres Sinodais pediram para « ser tomados em séria consideração modelos mais flexíveis e criativos de formação e aprendizagem », que tenham em conta os elementos essenciais duma formação bem integrada dos candidatos ao sacerdócio na Oceânia: formação humana, intelectual, espiritual e pastoral. Ao mesmo tempo, os bispos « acautelaram contra excessos de clericalismo ou de secularismo e para os perigos duma insuficiente preparação académica, resultado por vezes da formação dos seminários de hoje, que esquecem as necessidades profundas dos seminaristas a nível intelectual e espiritual ».

 

Uma especial atenção deve ser dada à situação de algumas Igrejas na Oceânia, nomedamente às da Papuásia-Nova Guiné, das Ilhas Salomão e de outras nações insulares do Pacífico, onde foram abertos novos seminários para responder ao número crescente de seminaristas que esperam ser formados nas suas próprias regiões e na sua cultura. Ao mesmo tempo que davam graças pelo dom precioso de novas vocações, os Padres Sinodais constataram a necessidade dum corpo docente local, adequadamente preparado para os objectivos académicos e educativos. Foram feitas algumas propostas para se ultrapassar a situação crítica actual, nomeadamente a partilha de pessoal no âmbito do Continente. Aos sacerdotes diocesanos locais deveriam ser oferecidas mais oportunidades de estudos superiores feitos quer na região quer fora. É preciso elaborar um programa mutuamente acordado de intercâmbios para solucionar as várias carências referidas. A preocupação prioritária dos bispos é a formação humana e pastoral integral dos seminaristas no seu próprio contexto cultural. Ocorrem soluções capazes de prover ao necessário apoio económico dos seminários, que constituem actualmente um pesado fardo para muitas dioceses. Quando os recursos forem insuficientes na Oceânia, será preciso fazer apelo às estruturas mais amplas da Igreja, às ordens, congregações e institutos religiosos para ajudarem as jovens Igrejas na formação de pessoal local qualificado. O futuro da Igreja na Oceânia depende em grande parte precisamente disto, porque a Igreja não pode viver sem o sacerdócio sacramental, nem funcionar bem sem bons padres.

 

A VIDA DOS MINISTROS ORDENADOS

 

49. Desde o Concílio Vaticano II, o sacerdote tem-se confrontado com as alterações, novidades e desafios da sociedade contemporânea. Os Padres Sinodais constataram « a fidelidade perseverante e o empenhamento dos sacerdotes no seu ministério. Esta fidelidade é ainda mais admirável quando se pensa que é vivida num mundo de incertezas, de isolamento, de actividade frenética e, às vezes, de indiferença e apatia. Reconhecemos que a fidelidade dos sacerdotes é um forte testemunho da solicitude de Cristo por todo o seu povo, e por isso os louvamos ».

 

A vida do sacerdote é absolutamente modelada pelo exemplo de Cristo, que Se entregou a Si próprio para que todos tivessem a vida em plenitude. Através do sacerdócio ordenado, torna-se visível no meio da comunidade a presença de Cristo. Isto, porém, não significa que os sacerdotes estejam isentos de fraquezas humanas ou do pecado. Por isso, cada sacerdote tem necessidade duma contínua conversão e abertura ao Espírito para aprofundar a sua entrega sacerdotal na fidelidade a Cristo. « Para preservar esta fidelidade, o Sínodo convida o clero a redobrar de esforços para configurar a sua vida de oração à de Cristo e adoptar um estilo de vida que reproduza a vida de Cristo, feita de simplicidade, de confiança no Pai, de generosidade para com os pobres e de identificação com os desprotegidos ».

 

O Sínodo estava consciente da erosão da identidade sacerdotal, especialmente do menosprezo pelo celibato sacerdotal num mundo influenciado por valores que são contrários aos requisitos do Evangelho. O celibato sacerdotal é um mistério profundo, radicado no amor de Cristo, que exige uma relação radical, amorosa, exclusiva com Cristo e com o seu Corpo que é a Igreja. O celibato é um dom de Deus àqueles que são chamados a viver a vida cristã como sacerdotes, constituindo uma grande graça para a Igreja inteira o testemunho do dom total de si mesmo por amor do Reino. Os valores perenes do celibato evangélico e da castidade têm de ser defendidos e explicados pela Igreja em culturas que nunca os conheceram e na sociedade contemporânea onde tais valores são pouco compreendidos ou apreciados. Uma análise ainda mais profunda do mistério cristão do celibato ajudará os que abraçaram este dom a vivê-lo mais fiel e serenamente.

 

O Concílio Vaticano II ensinou que « os sacerdotes, elevados ao presbiterado pela ordenação, estão unidos entre si numa íntima fraternidade sacramental. Especialmente na diocese a cujo serviço, sob o bispo respectivo, estão consagrados, formam um só presbitério ». De facto, os sacerdotes com o seu bispo constituem uma única comunidade, frequentemente designada presbyterium. A communio do presbyterium encontra uma particular expressão litúrgica na cerimónia da ordenação presbiteral e na concelebração da eucaristia com o Bispo, especialmente na Missa Crismal de Quinta-feira Santa. Os sacerdotes doentes, idosos e reformados têm um lugar especial no presbyterium; como sinal da gratidão da Igreja pela sua fidelidade, há que proporcionar-lhes sempre assistência e sustentamento adequados. Os ministros consagrados, que deixaram as responsabilidades pastorais directas e se aposentaram, deveriam sentir que ainda têm um lugar respeitável no seio do presbyterium.

 

Na communio do presbyterium, há ainda outros aspectos práticos. « Um sacerdote tem necessidade da companhia e apoio dos outros sacerdotes e do seu bispo. Este procure fazer sentir aos seus irmãos sacerdotes que são realmente os seus colaboradores na vinha do Senhor. Além disso, procure encorajar os seus padres a ajudarem-se reciprocamente num atmosfera fraterna, para se constituir um clero local diocesano forte através do apoio mútuo e duma constante renovação ». Este apoio fraterno é particularmente importante nas situações insulares, quando se pensa que muitos sacerdotes vêm de sociedades com fortes laços comunitários e onde, pela sua Ordenação, lhes era tributada uma honra especial e reconhecido um determinado nível dentro da sociedade. « Tratados assim pela sua gente, agora é-lhes pedido para servir. Têm, por isso, necessidade de intenso apoio para configurar as suas próprias tradições e modo de vida como sacerdote diocesano ».

 

A vida dos bispos, sacerdotes e diáconos requer uma formação permanente e momentos fortes para renovar o entusiasmo na vocação divina. Os Padres Sinodais recomendaram a existência de idóneas oportunidades espirituais, pastorais, intelectuais e recreativas para incrementar a capacidade de servir eficazmente e empenhar-se activamente na missão ao longo dos anos. O Sínodo traçou alguns aspectos da formação permanente: « Lembrem-se todos os ministros de que o cumprimento dos seus deveres quotidianos compreende tudo o que é necessário para sustentar e enriquecer a vida espiritual: celebração da eucaristia, leitura diária e estudo da Bíblia, oração da Liturgia das Horas, recurso a outras fontes para a pregação e o ensino, ouvir de confissão, a leitura de livros e revistas teológicas. Esforcem-se pessoalmente por tomar parte em retiros, conferências e reservar também um tempo de repouso anual, mesmo que isso implique ausentar-se das obrigações pastorais. A formação permanente exige que todos os sacerdotes continuem a desenvolver as suas capacidades para proclamarem a mensagem evangélica de modo compreensível ao seu povo; a referida formação não é apenas intelectual mas também espiritual, humana e pastoral. Os bispos procurem organizar a formação progressiva na sua diocese segundo estas directrizes; hão-de estar previstos também tempos sabáticos de estudo e de renovação espiritual para todo o clero ». Os Padres Sinodais manifestaram o desejo de se ocuparem pastoralmente dos seus sacerdotes, estando receptivos às suas necessidades em qualquer circunstância; mostraram-se sensíveis também à situação daqueles que abandonaram o sacerdócio.

 

Nalgumas partes da Oceânia, verificaram-se abusos sexuais cometidos por sacerdotes e religiosos, que causaram grandes sofrimentos e dano espiritual às vítimas. Provocaram também grave dano à vida da Igreja, tornando-se um obstáculo para a proclamação do Evangelho. Os Padres Sinodais condenaram todo o género de abuso sexual e todas as formas de abuso de poder, tanto dentro da Igreja como na sociedade inteira. O abuso sexual no âmbito da Igreja está em profunda contradição com a doutrina e o testemunho de Jesus Cristo. Os Padres Sinodais pediram desculpa, sem reservas, às vítimas pelo sofrimento e desilusão que lhes foram causados. A Igreja na Oceânia tem procurado procedimentos justos para responder às queixas neste âmbito, comprometendo-se sem reservas a cuidar solícita e eficazmente das vítimas, de suas famílias, da comunidade inteira, e dos próprios transgressores.

 

O DIACONADO PERMANENTE

 

50. O Concílio Vaticano II decidiu restaurar o diaconado permanente como parte do ministério ordenado da Igreja Latina; e já foi introduzido nalgumas dioceses da Oceânia, onde tem sido bem recebido. Uma vantagem particular é a sua capacidade de se adaptar a uma grande variedade de necessidades pastorais locais. Os bispos do Sínodo agradeceram o trabalho incansável e dedicado dos diáconos permanentes na Oceânia, tendo reconhecido também a generosidade das famílias dos diáconos casados. É vital uma apropriada formação dos diáconos, sendo necessária também uma séria catequese e preparação em toda a diocese, sobretudo nas comunidades onde aqueles hão-de prestar o seu serviço. Além disso, aqueles precisam de receber formação permanente. É bom que sacerdotes e diáconos, cada um segundo a sua vocação específica, trabalhem juntos na pregação do Evangelho e na administração dos sacramentos.

 

A VIDA CONSAGRADA

 

51. A história da fundação da Igreja na Oceânia identifica-se em grande parte com a do apostolado missionário de inumeráveis homens e mulheres consagrados, que proclamaram, com generosa dedicação, o Evangelho numa vasta gama de situações e culturas. O seu empenho sem reservas na obra da evangelização permanece de importância vital, e continua a enriquecer de forma específica a vida da Igreja. A sua vocação torna-os peritos na communio da Igreja; procurando a perfeição da caridade no serviço do Reino, dão resposta à sede de espiritualidade dos povos da Oceânia e são sinal da santidade da Igreja. Os pastores devem proclamar sempre o valor excepcional da vida consagrada e dar graças a Deus pelo espírito de sacrifício das famílias prontas a oferecer ao Senhor um ou mais dos seus filhos para esta vocação maravilhosa.

 

Fiéis aos carismas da vida consagrada, as congregações, os institutos e as sociedades de vida apostólica têm-se adaptado corajosamente às novas circunstâncias, fazendo brilhar em novos moldes a luz do Evangelho. Uma boa formação é vital para o futuro da vida consagrada, e é essencial que os aspirantes recebam a melhor formação teológica, espiritual e humana possível. Para isso, os jovens deveriam ser adequadamente acompanhados nos primeiros anos do seu itinerário de discipulado. Vista a importância central da vida consagrada na Oceânia, é indispensável que os bispos respeitem os carismas dos institutos religiosos e os animem de todos os modos a partilharem os seus carismas com a Igreja particular. Isto pode-se conseguir através da sua participação no planeamento e nos processos de decisão da diocese; pelo mesmo motivo, os bispos deveriam encorajar os consagrados e consagradas a associarem-se à realização dos planos pastorais dentro da Igreja particular.

 

As ordens contemplativas lançaram raízes na Oceânia, testemunhando especialmente a transcendência de Deus e o valor supremo do amor de Cristo. Dão testemunho da intimidade de comunhão entre a pessoa, a comunidade e Deus. Os Padres Sinodais reconheceram que a vida de oração na vocação contemplativa é vital para a Igreja na Oceânia. Situada mesmo no coração da Igreja e por caminhos misteriosos, aquela inspira e induz os fiéis a viverem mais radicalmente a vida de Cristo. Por isso, os bispos recomendam que nunca deixe de haver, na Oceânia, uma profunda estima pela vida contemplativa e a determinação em promovê-la de todo o modo possível.

 

52. Tendo considerado a generosidade de Deus na Oceânia e o seu amor infinito pelos povos que nela habitam, como poderemos deixar de dar graças Àquele de quem recebemos todo o bem? E, dentre tantos dons, como não louvá-Lo sobretudo pelo insondável tesouro da fé e pelo chamamento à missão que ela implica? A nossa confiança está posta em Cristo, e é a sua palavra que fomos chamados a apresentar nas circunstâncias concretas do nosso tempo e das nossas culturas. A Assembleia Especial da Oceânia deu muitas pistas e sugestões que precisam de ser assumidas pelas Igrejas do Continente para que estas cumpram a parte que lhes toca na obra da nova evangelização. Sem olhar a dificuldades, somos chamados a esta tarefa por Cristo ressuscitado, que ordenou a Pedro e aos outros Apóstolos: « Faz-te ao largo; e vós lançai as redes para a pesca » (Lc 5, 4). A fé em Jesus certifica-nos de que a nossa esperança não é vã, podendo dizer com Pedro: « Porque Tu o dizes, lançarei as redes » (Lc 5, 5). O resultado é assombroso: « E apanharam uma grande quantidade de peixe » (Lc 5, 6). Apesar de serem muitas, extensas e profundas as águas da Oceânia, a Igreja lá presente não pode cessar de caminhar alegre e confiadamente com Cristo, proclamando a sua verdade e vivendo a sua vida. Agora é o tempo para a grande pesca!

 

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