Maria, filha de Joaquim e Ana, prometida em casamento a José. À primeira vista uma mulher comum, como qualquer outra do seu tempo. Seguidora dos mandamentos bíblicos e dotada de diversas qualidades. Fiel às tradições judaicas, fiel ao seu tempo e à sua cultura.
No entanto, certo dia esta adolescente moradora em Nazaré recebe a visita de um anjo e tudo muda: na sua vida e na própria história da Humanidade. Uma nova criação era anunciada, um novo futuro traçado.
«No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré. Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de David. E o nome da virgem era Maria. O anjo entrou onde Ela estava, e disse: «Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo!» Ouvindo isso, Maria ficou preocupada e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer. O anjo disse: «Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que vais ficar grávida, terás um Filho e dar-Lhe-ás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dar-Lhe-á o trono de seu pai David, e Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacob. E o seu reino não terá fim.» (Lc 1,26-33)
Tem início deste modo a participação de Maria no plano salvífico de Deus. Através da sua resposta - «Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.» (Lc 1,26-33) – Maria diz sim ao projeto proposto por Deus, para ela própria e para a Humanidade. O seu “sim” marca o início de um novo tempo e da admiração e carinho de todos os que com ela conviverem.
A menina simples de Nazaré tornou-se modelo de fé, de doação, de seguimento, de amor a Deus e ao próximo. A sua relação com Cristo, nosso Senhor e Salvador, passou a ser recordada e saudada por todos os seguidores do Filho de Deus. Maria engravidou, deu à luz o Menino, protegeu-O dos perigos do mundo, educou-O na fé e na tradição. Durante o ministério público de Jesus, a realização da sua missão, Maria esteve sempre ao seu lado, como mostram as Bodas de Caná (Jo 2,1-12) e a própria via crucis. Ela acompanhou com enorme sofrimento no coração as dores de Cristo julgado e crucificado.
Por essa relação com Cristo, que pela sua morte redimiu a natureza humana tornando-nos dignos da herança do Reino e por consequência dignos da filiação divina, tornou-se também Mãe de todos nós.
«Jesus viu sua Mãe e, ao lado dela, o discípulo que Ele amava. Então disse a sua Mãe: «Mulher, eis aí o teu filho.» Depois disse ao discípulo: «Eis aí a tua Mãe.» E, dessa hora em diante, o discípulo recebeu-a em sua casa. (Jo 19,26-27)
Maria, que já seguia os passos de seu Filho, como verdadeira discípula, acompanha os caminhos da Igreja que nasce com o grupo dos Apóstolos e demais seguidores do Mestre. Estava presente no Pentecostes e com os discípulos recebeu o Espírito Santo e a missão de evangelizar. Pela forte experiência de Deus que havia feito e continuava a fazer, animava a Igreja nascente.
Não é difícil então pensar em como nasceu a devoção a Nossa Senhora, Mãe de Jesus e nossa Mãe. O forte amor que os primeiros discípulos a ela dedicavam passou a caracterizar também as demais gerações de cristãos, surgindo com o tempo diversos títulos marianos, associados a diferentes características da Mãe de Deus e a factos da sua vida.
Assim surgiram os dogmas: Maternidade Divina, Imaculada Conceição, Virgindade Perpétua e Assunção; as devoções relacionadas com momentos fortes da sua vida: Anunciação, Natividade, Desterro, Apresentação, Visitação, Dores, entre outros; devoções ligadas a traços da sua personalidade e dons: Auxiliadora, Alegria, Consolata, Piedade, Graças, Glória, Imaculado Coração, entre outros; títulos ligados a santuários e imagens especiais: Aparecida, Candelária, Altagrácia, Almudena, Lapa, Loreto, Penha, entre outros; títulos provenientes de aparições, momentos fortes de manifestação da sua santidade e amor à Humanidade: Fátima, Guadalupe, La Salette, Lourdes, Medjugorge, entre outros.
Todas estas devoções, ou títulos, para caracterizar uma única mulher – Maria -, revelam a grande estima dos cristãos por ela e o reconhecimento de que Maria foi modelo de fé, de vida e de seguimento. Como tal, tem muito a ensinar aos que querem ser discípulos, querem viver o Evangelho com seriedade e profundidade. Maria não é uma deusa, não idolatramos Maria. Ela é apenas modelo de santidade - «Bendita és tu entre as mulheres» (Lc 1,42) -, exemplo de como um ser humano, nas suas limitações e imperfeições, pode aproximar-se de Deus e viver conforme Ele ensinou, obedientemente. É exemplo de que o ser humano “encontrou graça diante de Deus”, mas precisa viver coerentemente com esta dádiva.
Muitos títulos surgiram ao longo de dois milénios de Cristianismo. Aqui juntamos vários deles, com a sua origem, tradição e uma oração para que a nossa aproximação a Maria, e por ela a Deus, seja cada vez mais intensa e frutífera.