OS BISPOS

OS BISPOS

41. Em virtude da sua Ordenação, o Bispo é constituído simultaneamente membro do Colégio Episcopal e pastor duma comunidade local que serve através do seu ministério de ensinar, santificar e governar. Juntamente com os Patriarcas, os Bispos são os sinais visíveis da unidade na diversidade da Igreja entendida como Corpo do qual Cristo é a Cabeça (cf. Ef 4, 12-15). São os primeiros a ser escolhidos gratuitamente e a ser enviados a todas as nações para fazer discípulos, ensinando-os a observar tudo o que o Ressuscitado lhes mandou (cf. Mt 28, 19-20). Por isso, é vital que eles ouçam a Palavra de Deus e a conservem no seu coração. Devem anunciá-la com coragem, e defender com firmeza a integridade e a unidade da fé, nas situações difíceis que infelizmente não faltam no Médio Oriente.

 

42. Para promover a vida de comunhão e de serviço, é importante que os Bispos nunca cessem de se empenhar na sua renovação pessoal. Esta vigilância do coração realiza-se « antes de mais com a vida de oração, abnegação, sacrifício e escuta; depois, com a vida exemplar de apóstolos e pastores, feita de simplicidade, pobreza e humildade; e, finalmente, com a preocupação constante de defender a verdade, a justiça, os bons costumes e a causa dos fracos ». Além disso, a renovação tão desejada das comunidades passa pelo cuidado paterno que eles terão por todos os baptizados e de modo particular pelos presbíteros, seus colaboradores imediatos.

 

43. A comunhão dentro de cada Igreja local é o primeiro fundamento da comunhão inter-eclesial, que se alimenta sem cessar da Palavra de Deus e dos sacramentos, bem como das outras formas de oração. Por isso, convido os Bispos a mostrarem a sua solicitude para com todos os fiéis cristãos presentes na sua jurisdição, sem distinção de condição, nacionalidade e proveniência eclesial. Apascentem o rebanho de Deus que lhes foi confiado, velando por ele, « não com um poder autoritário sobre a herança do Senhor, mas como modelos do rebanho » (1 Pd 5, 3). Saibam prestar uma atenção particular àqueles que são inconstantes na sua prática religiosa e a quantos, por diversas razões, a abandonaram. Terão a peito também ser a presença amorosa de Cristo junto das pessoas que não professam a fé cristã; assim, poderão promover a unidade entre os próprios cristãos e a solidariedade entre todos os homens criados à imagem de Deus (cf. Gn 1, 27), porque tudo vem do Pai e, para Ele, caminhamos (cf. 1 Cor 8, 6).

 

44. Compete aos Bispos assegurar uma gestão sã, honesta e transparente dos bens temporais da Igreja, de harmonia com o Código dos Cânones das Igrejas Orientais ou o Código de Direito Canónico da Igreja latina. Os Padres sinodais consideraram ser necessário que se elabore um rol sério dos dinheiros e dos bens, com o objectivo de evitar a confusão entre os bens pessoais e os da Igreja.[41] O apóstolo Paulo diz que o servo de Deus é um administrador dos mistérios de Deus. « Ora, o que se requer dos administradores é que sejam fiéis » (1 Cor 4, 2). O administrador gere bens que não lhe pertencem e se destinam, segundo o Apóstolo, para um uso superior, ou seja, para uso dos mistérios de Deus (cf. Mt 19, 28-30; 1 Pd 4, 10). Esta gestão fiel e desinteressada, querida pelos monges fundadores – verdadeiras colunas de numerosas Igrejas orientais –, deve servir prioritariamente para a evangelização e a caridade. Os Bispos terão o cuidado de assegurar aos presbíteros – os seus primeiros colaboradores – uma justa subsistência para que não se percam na busca dos bens temporais, mas possam consagrar-se dignamente às coisas de Deus e à sua missão pastoral. Aliás, quem ajuda um pobre, ganha o céu. São Tiago insiste no respeito devido ao pobre, lembrando a sua grandeza e o seu verdadeiro lugar na comunidade (cf. 1, 9-11; 2, 1-9). Por isso, é necessário que a gestão dos bens se torne um lugar de anúncio eficaz da mensagem libertadora de Jesus: « O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável do Senhor » (Lc 4, 18-19). O administrador fiel é aquele que compreendeu que só o Senhor é a pérola preciosa (cf. Mt 13, 45-46) e que só Ele é o verdadeiro tesouro (cf. Mt 6, 19-21; 13, 44). Possam os Bispos manifestar isto mesmo de forma exemplar aos presbíteros, aos seminaristas e aos fiéis. Além disso, a alienação dos bens da Igreja deve obedecer estritamente às normas canónicas e às disposições pontifícias em vigor.

 

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