OS FIÉIS-LEIGOS

OS FIÉIS-LEIGOS

55. Pelo Baptismo, os fiéis-leigos tornam-se plenamente membros do Corpo de Cristo e são associados à missão da Igreja universal. A sua participação na vida e nas actividades internas da Igreja é a fonte espiritual permanente que lhes permite intervir além das fronteiras das estruturas eclesiais. Como apóstolos no mundo, traduzem em acções concretas o Evangelho, a doutrina e o ensinamento social da Igreja. De facto, « os cristãos, cidadãos a pleno título, podem e devem oferecer a sua contribuição com o espírito das bem-aventuranças, tornando-se construtores de paz e apóstolos da reconciliação em benefício de toda a sociedade ».

 

56. Dado que a realidade temporal é o vosso campo próprio, encorajo-vos, queridos fiéis-leigos, a reforçar os vínculos de fraternidade e colaboração com as pessoas de boa vontade tendo em vista a busca do bem comum, a correcta gestão dos bens públicos, a liberdade religiosa e o respeito pela dignidade de cada pessoa. Mesmo quando a missão da Igreja se torna difícil nos ambientes onde o anúncio explícito do Evangelho encontra obstáculos ou não é possível, « tende entre os gentios um comportamento exemplar, de modo que (...), vendo as vossas boas obras, acabem por dar glória a Deus no dia da sua visita » (1 Pd 2, 12). Tende a peito dar razão da vossa fé (cf. 1 Pd 3, 15), pela coerência da vossa vida e actividade diárias. Para que o vosso testemunho produza realmente fruto (cf. Mt 7, 16.20), exorto-vos a superar as divisões e qualquer interpretação subjectivista da vida cristã. Tende cuidado que esta – com seus valores e exigências – não fique separada da vida em família ou na sociedade, no trabalho, na política e na cultura, porque os vários âmbitos da vida do fiel-leigo entram todos no desígnio de Deus. Convido-vos a abraçar com ousadia a causa de Cristo, cientes de que nem a tribulação, nem a angústia, nem a perseguição vos podem separar d’Ele (cf. Rm 8, 35).

 

57. No Médio Oriente, os fiéis-leigos estão habituados a manter relações fraternas e assíduas com os fiéis católicos das diversas Igrejas patriarcais ou latina e a frequentar os seus lugares de culto, sobretudo se não há outra possibilidade qualquer. A esta realidade admirável, que demonstra uma comunhão autenticamente vivida, junta-se o facto de que as diversas jurisdições eclesiais aparecem sobrepostas de maneira fecunda no mesmo território. Neste ponto particular, a Igreja do Médio Oriente é exemplar para as outras Igrejas locais do resto do mundo; assim o Médio Oriente é, de alguma forma, um laboratório que actualiza já o futuro da situação eclesial. Este carácter exemplar, que precisa de ser aperfeiçoado e continuamente purificado, diz respeito igualmente à experiência adquirida localmente no campo ecuménico.

 

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