OS JOVENS E AS CRIANÇAS

OS JOVENS E AS CRIANÇAS

62. Com paterna solicitude, saúdo todas as crianças e os jovens do Médio Oriente. Penso nos jovens à procura dum sentido humano e cristão duradouro para a sua vida, sem esquecer aqueles para quem a juventude coincide com um gradual afastamento da Igreja, que se exprime no abandono da prática religiosa.

 

63. Convido-vos, queridos jovens, a cultivar continuamente a verdadeira amizade com Jesus (cf. Jo 15, 13-15) através da força da oração. Esta, quanto mais sólida for, tanto mais vos servirá de farol e protegerá de extravios da juventude (cf. Sl 25/24, 7). A oração pessoal tornar-se-á mais forte pela frequência regular dos Sacramentos, que permite um verdadeiro encontro com Deus e com os irmãos na Igreja. Não tenhais medo nem vergonha de testemunhar a amizade com Jesus no âmbito familiar e público. Fazei-o, porém, no respeito pelos outros crentes, judeus e muçulmanos, com quem partilhais a crença em Deus Criador do céu e da terra, e no respeito também pelos grandes ideais humanos e espirituais. Não tenhais medo nem vergonha de ser cristãos. O relacionamento com Jesus tornar-vos-á disponíveis para colaborar sem reservas com vossos compatriotas, independentemente do seu credo religioso, a fim de construirdes o futuro dos vossos países sobre a dignidade humana, fonte e fundamento da liberdade, da igualdade e da paz na justiça. Amando Cristo e a sua Igreja, podereis discernir com sabedoria, na modernidade, os valores úteis à vossa plena realização e os males que lentamente intoxicam a vossa vida. Não vos deixeis seduzir pelo materialismo nem por um uso indiscriminado da rede informática que poderia mutilar a verdadeira natureza das relações humanas. A Igreja no Médio Oriente conta muito com a vossa oração, o vosso entusiasmo e criatividade, a vossa aptidão e pleno compromisso de servir Cristo, a Igreja, a sociedade e sobretudo os outros jovens da vossa idade. Não hesiteis em aderir a qualquer iniciativa que vos ajude a fortalecer a vossa fé e corresponder à vocação específica que o Senhor vos indicar; e não hesiteis também em seguir o chamamento de Cristo, escolhendo a vida sacerdotal, religiosa ou missionária.

 

64. Agora dirijo-me a vós, queridas crianças! Porventura será preciso recordar-vos que, no vosso caminho com o Senhor, tendes de honrar de modo particular os vossos pais (cf. Ex 20, 12; Dt 5, 16)? São os vossos educadores na fé. Foi como um dom inaudito para o mundo que Deus vos confiou a eles, a fim de cuidarem da vossa saúde, educação humana e cristã e formação intelectual. Por sua vez, os pais, os educadores e os formadores, as instituições públicas têm o dever de respeitar o direito das crianças a partir do momento da sua concepção. Quanto a vós, queridas crianças, aprendei desde agora a obediência a Deus por meio da obediência aos vossos pais, como o Menino Jesus (cf. Lc 2, 51). Aprendei também a viver cristãmente em família, na escola e em toda parte. O Senhor não vos esquece (cf. Is 49, 15); caminha sempre ao vosso lado e quer que vós caminheis com Ele sendo sábias, corajosas e gentis (cf. Tb 6, 2). Em todas as circunstâncias, bendizei o Senhor Deus, pedi-Lhe que dirija os vossos caminhos e leve a bom termo as vossas veredas e projectos; lembrai-vos sempre dos seus mandamentos, não deixando que se apaguem do vosso coração (cf. Tb 4, 19).

 

65. Desejo insistir mais uma vez sobre a formação das crianças e dos jovens, pela importância particular de que se reveste. A família cristã é o lugar natural do desenvolvimento da fé das crianças e dos jovens, a sua primeira escola de catequese. Nestes tempos conturbados, educar uma criança ou um jovem é uma tarefa difícil mas insubstituível; e torna-se ainda mais complicada por causa das particulares circunstâncias sociopolíticas e religiosas que vive a região. Por isso, desejo assegurar aos pais o meu apoio e a minha oração. É importante que a criança cresça numa família unida, que vive a sua fé com simplicidade e convicção. Para a criança e o jovem, é importante ver os seus pais rezarem; é importante que os acompanhem à igreja, percebendo que os seus pais amam a Deus e desejam conhecê-Lo melhor; e é igualmente importante que a criança e o jovem vejam a caridade que os seus pais nutrem pelas pessoas verdadeiramente necessitadas. Compreendem assim que é bom e belo amar a Deus e terão gosto em permanecer na Igreja e disso mesmo se hão-de gloriar, porque sabem e sentem intimamente a verdadeira rocha sobre a qual construir a própria vida (cf. Mt 7, 24-27; Lc 6, 48). Às crianças e aos jovens que não possuem esta sorte, faço votos de que, no seu caminho, se lhes deparem testemunhas autênticas para os ajudarem a encontrar Cristo e descobrir a alegria de O seguir.

 

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