OS PRESBÍTEROS, OS DIÁCONOS E OS SEMINARISTAS

OS PRESBÍTEROS, OS DIÁCONOS E OS SEMINARISTAS

45. A Ordenação presbiteral configura o presbítero a Cristo e faz dele um colaborador estreito do Patriarca e do Bispo, tornando-se participante do seu tríplice múnus. Por isso mesmo, o presbítero é um servidor da comunhão; e o cumprimento desta tarefa requer a sua constante ligação com Cristo e o seu zelo na caridade e nas obras de misericórdia para com todos. Poderá assim irradiar a santidade, a que são chamados todos os baptizados. Há-de educar o povo de Deus para construir a civilização do amor evangélico e da unidade; para tal, renovará e fortificará a vida dos fiéis através duma sábia transmissão da Palavra de Deus, da Tradição e da Doutrina da Igreja e pelos Sacramentos. As tradições orientais tiveram a intuição da direcção espiritual; oxalá os próprios presbíteros, diáconos e consagrados a vivam e, por ela, abram aos fiéis os caminhos da eternidade.

 

46. Além disso, o testemunho de comunhão exige uma formação teológica e uma espiritualidade sólida, que requerem uma renovação intelectual e espiritual permanente. Compete aos Bispos proporcionar aos presbíteros e aos diáconos os meios necessários que lhes permitam aprofundar a vida de fé em benefício também dos fiéis, para que lhes possam dar o « alimento no tempo devido » (Sl 145/144, 15). Além disso, os fiéis esperam deles o exemplo duma conduta irrepreensível (cf. Flp 2, 14-16).

 

47. Convido-vos, queridos presbíteros, a redescobrir cada dia o sentido ontológico da Ordem sagrada que permite viver o sacerdócio como uma fonte de santificação para os baptizados e promoção de todo o homem. « Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado (...), não por um mesquinho espírito de lucro, mas com zelo » (1 Pd 5, 2). Tende apreço também pela vida em comum – onde a mesma for possível –, apesar das dificuldades que lhe são inerentes (cf. 1 Pd 4, 8-10), porque vos ajuda a aprender e a viver melhor a comunhão sacerdotal e pastoral a nível local e universal. Queridos diáconos, em comunhão com o vosso Bispo e os presbíteros, servi o povo de Deus de acordo com o vosso próprio ministério nas tarefas específicas que vos forem confiadas.

 

48. O celibato sacerdotal é um dom inestimável de Deus à sua Igreja, que deve ser acolhido com gratidão, tanto no Oriente como no Ocidente, porque representa um sinal profético sempre actual. Dizendo isto, não quero esquecer o ministério dos presbíteros casados, que são uma componente antiga das tradições orientais: desejo fazer chegar o meu encorajamento também a estes presbíteros que, com suas famílias, são chamados à santidade no exercício fiel do seu ministério e nas suas condições de vida por vezes difíceis. Recordo a todos que a beleza da vossa vida sacerdotal há-de, sem dúvida, suscitar novas vocações, que vos compete cultivar.

 

49. A vocação do jovem Samuel (cf. 1 Sm 3, 1-19) ensina que os homens necessitam de guias sábios que os ajudem a discernir a vontade do Senhor e a responder generosamente à sua vocação. Neste sentido, o florescimento das vocações deve ser favorecido por uma adequada pastoral. Esta deve ser sustentada pela oração em família, na paróquia, dentro dos movimentos eclesiais e nas estruturas educativas. As pessoas que acolhem o chamamento do Senhor têm necessidade de crescer em específicos locais de formação e ser acompanhadas por formadores idóneos e exemplares. Estes educá-las-ão para a oração, a união, o testemunho e a consciência missionária. Programas apropriados abordarão os vários aspectos da vida humana, espiritual, intelectual e pastoral, valorizando com sabedoria a diversidade dos ambientes, das origens, das proveniências culturais e eclesiais.

 

50. Queridos seminaristas, como o junco não pode crescer sem água (cf. Jb 8, 11), também vós não podereis ser verdadeiros construtores de comunhão e autênticas testemunhas da fé sem profundo enraizamento em Jesus Cristo, sem conversão permanente à sua Palavra, sem amor à sua Igreja e sem caridade desinteressada pelo próximo. É hoje que sois chamados a viver e a aperfeiçoar a comunhão em ordem a um testemunho claro e corajoso. A consolidação da fé do povo de Deus dependerá também da qualidade do vosso testemunho. Convido a abrir-vos ainda mais à diversidade cultural das vossas Igrejas, por exemplo, através da aprendizagem de línguas e culturas diversas das vossas, tendo em vista a vossa missão futura. Permanecei abertos também à diversidade eclesial, ecuménica, e ao diálogo inter-religioso. De grande utilidade poderá ser, para vós, um estudo cuidadoso da minha Carta dirigida aos seminaristas.

 

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