58 – POR QUE É QUE NÓS CATÓLICOS PEDIMOS AS GRAÇAS A DEUS POR MEIO DE MARIA? 

Porque, por disposição divina, Ela é a medianeira universal de todas as graças. 

«Assunta aos Céus... por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna... Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de Advogada, Auxiliadora, Protetora e Medianeira». (CV II, LG 62)

 

59 – MAS SÃO PAULO DIZ, NA SUA EPÍSTOLA A TIMÓTEO: “Há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1Tm 2, 5)? 

Jesus Cristo é o único Mediador e dessa mediação de Jesus Cristo beneficia a própria Virgem Mãe. A mediação de Maria é para a aplicação da graça, mediação necessária, mas secundária, subordinada, dependente da de Jesus Cristo. 

«A missão materna de Maria em favor dos homens de modo algum obscurece ou diminui a mediação única de Cristo; pelo contrário, até ostenta a sua potência, pois todo o salutar influxo da bem-aventurada Virgem deriva dos superabundantes méritos de Cristo, apoia-se em sua mediação, dela depende inteiramente e dela aufere toda a sua força» (CV II, LG 60).

«Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser equiparada ao Verbo encarnado e Redentor. Mas, da mesma forma que o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos, seja pelos ministros, seja pelo povo fiel, e da mesma forma que a indivisa bondade de Deus é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também a única mediação do Redentor não exclui, antes, suscita nas criaturas uma variegada cooperação que participa de uma única fonte (CV II, 62).

 

60 – QUER DIZER ENTÃO QUE MARIA É MEDIANEIRA NECESSÁRIA DE TODAS AS GRAÇAS? 

Sim, Ela é medianeira necessária, por vontade de Deus, para a aplicação da graça. Com efeito, as graças merecidas por Jesus Cristo, para santificarem, deveras os homens precisam chegar às almas, informá-las, delas expulsando o pecado e tornando-as agradáveis a Deus, capazes de fazer atos sobrenaturais, meritórios da vida eterna. E esta aplicação da graça às almas, merecida por Jesus Cristo, não se faz sem a intervenção de Maria. 

“Tendo prestado seu ministério na Redenção dos homens, ensina Leão XIII, Ela exerce paralelamente o mesmo ministério na distribuição da Graça que daquela Redenção perpetuamente decorre, investida para esse fim de um poder quase imenso” (Enc. Adjutricem populi).

 

61 – A MEDIAÇÃO DE MARIA É UM DOGMA DE FÉ? 

Não, a Mediação de Maria ainda não foi definida pela Igreja como dogma de fé. Mas é uma verdade sempre crida e ensinada na Igreja. Embora os Papas já se tenham pronunciado várias vezes, ensinando ser Nossa Senhora Medianeira de todas as graças, falta ainda a definição final e solene do Magistério. 

Também os Santos ensinam a Mediação de Maria. San Maximiliano Kolbe (+1941), por exemplo, dizia que Maria é Medianeira de todas as graças, porque «Cristo quis confiar a Ela toda a economia da misericórdia» (Ato Solene de Consagração à Imaculada), e que devemos rezar muito para que esta verdade ser torne dogma de fé, o mais breve possível.

 

62 -  EM QUE SE BASEIA A IGREJA PARA ENSINAR QUE MARIA É MEDIANEIRA? 

Como Maria cooperou com Cristo na Redenção do género humano, assim coopera com Cristo na Mediação das graças adquiridas pela Redenção. Como Maria cooperou com Cristo no sacrifício que mereceu a graça da justificação, assim coopera com Cristo na distribuição desta graça. Como Maria é Mãe de todos os homens na ordem da graça, assim deve comunicar a todos os seus filhos a divina graça, para os regenerar na vida divina. 

Por Ela ser nossa Mãe e nossa Co-redentora, é também Dispensadora de todas as graças. 

Na visitação (Lc 1,39-45) e nas bodas de Caná (Jo 2, 1-10) vemos dois exemplos evangélicos de eficaz mediação de Maria, junto do seu Filho. 

João Batista exulta no seio de Santa Isabel ao receber a graça de Cristo, pela mediação da presença e da voz de Maria, em cujo seio virginal vive Cristo, a fonte de todas as graças. 

Jesus cumpre o primeiro milagre da sua vida pública por mediação de Maria: a água convertida em ótimo vinho é símbolo dos sacramentos que justificam e santificam a humanidade.

 

63 – QUE QUER DIZER: Maria é nossa Co-Redentora? 

Quer dizer que Maria cooperou real e imediatamente com Jesus Redentor divino, na Redenção dos homens. Não com uma cooperação colateral, mas dependente, subordinada a Jesus Cristo. Como causa secundária, subordinada, mas ativa, eficaz e verdadeira. O Filho de Deus teria podido remir-nos sozinho. Mas, de facto, Ele quis a cooperação de sua Mãe. 

«Assim avançou a Virgem pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz. Junto desta esteve, não sem desígnio de Deus (cfr. Jo 19,25) padecendo acerbamente com o seu Filho único, e associando-se com coração de mãe ao seu sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima que d`Ela nascera; finalmente, Jesus Cristo, agonizante na cruz, deu-a por mãe ao discípulo, com estas palavras: mulher, eis aí o teu filho» (cfr. Jo. 19, 26-27) (181), (CVII, LG 58). 

 

64 – EM QUE SE BASEIA A IGREJA PARA ENSINAR ESSA VERDADE? 

1) Na Sagrada Escritura: Já no Antigo Testamento, quando Deus promete o Redentor, associa-O à figura de sua Mãe, a co-redentora (Gn 3,15). A mesma verdade encontramos nas figuras de Maria, aquelas mulheres do Antigo Testamento que conseguiram a libertação de seu povo, como já vimos.

No Novo Testamento, vemos Maria cooperar de maneira próxima e eficaz na Redenção: quando consentiu em ser a Mãe do Redentor (Lc 1, 38), e quando quis estar de pé junto à Cruz sofrendo, em seu coração materno, o que o Redentor sofria em seu Corpo (Jo 19, 25-27).

2) Mas é sobretudo na Tradição constante da Igreja que vemos a pregação desta verdade: na Liturgia, nos Concílios, nos documentos pontifícios e nas sentenças dos santos Padres e Doutores. Não custa insistir, a Tradição constante da Igreja é infalível. Como por Adão e Eva veio a ruína do mundo, assim por Cristo e Maria, o novo Adão e a nova Eva, veio a salvação.

Santo Irineu: «Obedecendo, Maria se fez causa de salvação tanto para si, como para todos o género humano.. O nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva ligou pela incredulidade, a Virgem Maria desligou pela fé» (Adversus haereses, 3,22,4).

São João Paulo II usou o título de Corredentora-Corredenção pelo menos 7 vezes no seu Magistério ordinário. 

 

65 -  ONDE ESTÃO AS PROVAS DE QUE DEUS ESCOLHEU MARIA PARA DISPENSADORA DE TODAS AS GRAÇAS? 

1) Na Sagrada Escritura:

a) Naquela celebre passagem do Génesis já citada, em que Maria é apresentada como unida por estreitíssimo vínculo a Cristo na obra da Redenção. Ora a Redenção tem também o seu aspeto subjetivo de aplicação das graças às almas. Portanto, Maria colabora também na aplicação da graça. 

b) Em passagens do santo Evangelho, sobretudo em tomadas de conjunto, em que as graças são dispensadas pela Virgem Santíssima: na Visitação (Lc 1,41-45); no milagre das bodas de Caná (Jo 2, 1-11); na descida do Espírito Santo sobre os apóstolos (At 1, 12-14), na promulgação solene da maternidade universal de Maria feita por Nosso Senhor na Cruz (Jo 19, 26).

2) A voz da Tradição também é unânime neste ponto, são inúmeros os pronunciamentos dos Santos Padres, dos Doutores e dos Papas. 

3) Reforçam ainda essa verdade as incontáveis graças obtidas em todos os tempos da Igreja por intermédio de Maria, os milagres, sobretudo nos seus santuários. 

 
 
 
58 – POR QUE É QUE NÓS CATÓLICOS PEDIMOS AS GRAÇAS A DEUS POR MEIO DE MARIA? 
 
Porque, por disposição divina, Ela é a medianeira universal de todas as graças. 
 
«Assunta aos Céus... por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna... Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de Advogada, Auxiliadora, Protetora e Medianeira». 
(CV II, LG 62)
 
 
59 – MAS SÃO PAULO DIZ, NA SUA EPÍSTOLA A TIMÓTEO: “Há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1Tm 2, 5)? 
 
Jesus Cristo é o único Mediador e dessa mediação de Jesus Cristo beneficia a própria Virgem Mãe. A mediação de Maria é para a aplicação da graça, mediação necessária, mas secundária, subordinada, dependente da de Jesus Cristo. 
 
«A missão materna de Maria em favor dos homens de modo algum obscurece ou diminui a mediação única de Cristo; pelo contrário, até ostenta a sua potência, pois todo o salutar influxo da bem-aventurada Virgem deriva dos superabundantes méritos de Cristo, apoia-se em sua mediação, dela depende inteiramente e dela aufere toda a sua força» (CV II, LG 60).
 
«Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser equiparada ao Verbo encarnado e Redentor. Mas, da mesma forma que o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos, seja pelos ministros, seja pelo povo fiel, e da mesma forma que a indivisa bondade de Deus é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também a única mediação do Redentor não exclui, antes, suscita nas criaturas uma variegada cooperação que participa de uma única fonte (CV II, 62).
 
 
60 – QUER DIZER ENTÃO QUE MARIA É MEDIANEIRA NECESSÁRIA DE TODAS AS GRAÇAS? 
 
Sim, Ela é medianeira necessária, por vontade de Deus, para a aplicação da graça. Com efeito, as graças merecidas por Jesus Cristo, para santificarem, deveras os homens precisam chegar às almas, informá-las, delas expulsando o pecado e tornando-as agradáveis a Deus, capazes de fazer atos sobrenaturais, meritórios da vida eterna. E esta aplicação da graça às almas, merecida por Jesus Cristo, não se faz sem a intervenção de Maria. 
 
“Tendo prestado seu ministério na Redenção dos homens, ensina Leão XIII, Ela exerce paralelamente o mesmo ministério na distribuição da Graça que daquela Redenção perpetuamente decorre, investida para esse fim de um poder quase imenso” (Enc. Adjutricem populi).
 
 
61 – A MEDIAÇÃO DE MARIA É UM DOGMA DE FÉ? 
 
Não, a Mediação de Maria ainda não foi definida pela Igreja como dogma de fé. Mas é uma verdade sempre crida e ensinada na Igreja. Embora os Papas já se tenham pronunciado várias vezes, ensinando ser Nossa Senhora Medianeira de todas as graças, falta ainda a definição final e solene do Magistério. 
 
Também os Santos ensinam a Mediação de Maria. San Maximiliano Kolbe (+1941), por exemplo, dizia que Maria é Medianeira de todas as graças, porque «Cristo quis confiar a Ela toda a economia da misericórdia» (Ato Solene de Consagração à Imaculada), e que devemos rezar muito para que esta verdade ser torne dogma de fé, o mais breve possível.
 
 
62 -  EM QUE SE BASEIA A IGREJA PARA ENSINAR QUE MARIA É MEDIANEIRA? 
 
Como Maria cooperou com Cristo na Redenção do género humano, assim coopera com Cristo na Mediação das graças adquiridas pela Redenção. Como Maria cooperou com Cristo no sacrifício que mereceu a graça da justificação, assim coopera com Cristo na distribuição desta graça. Como Maria é Mãe de todos os homens na ordem da graça, assim deve comunicar a todos os seus filhos a divina graça, para os regenerar na vida divina. 
 
Por Ela ser nossa Mãe e nossa Co-redentora, é também Dispensadora de todas as graças. 
Na visitação (Lc 1,39-45) e nas bodas de Caná (Jo 2, 1-10) vemos dois exemplos evangélicos de eficaz mediação de Maria, junto do seu Filho. 
 
João Batista exulta no seio de Santa Isabel ao receber a graça de Cristo, pela mediação da presença e da voz de Maria, em cujo seio virginal vive Cristo, a fonte de todas as graças. 
 
Jesus cumpre o primeiro milagre da sua vida pública por mediação de Maria: a água convertida em ótimo vinho é símbolo dos sacramentos que justificam e santificam a humanidade.
 
 
63 – QUE QUER DIZER: Maria é nossa Co-Redentora? 
 
Quer dizer que Maria cooperou real e imediatamente com Jesus Redentor divino, na Redenção dos homens. Não com uma cooperação colateral, mas dependente, subordinada a Jesus Cristo. Como causa secundária, subordinada, mas ativa, eficaz e verdadeira. O Filho de Deus teria podido remir-nos sozinho. Mas, de facto, Ele quis a cooperação de sua Mãe. 
«Assim avançou a Virgem pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz. Junto desta esteve, não sem desígnio de Deus (cfr. Jo 19,25) padecendo acerbamente com o seu Filho único, e associando-se com coração de mãe ao seu sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima que d`Ela nascera; finalmente, Jesus Cristo, agonizante na cruz, deu-a por mãe ao discípulo, com estas palavras: mulher, eis aí o teu filho» (cfr. Jo. 19, 26-27) (181), (CVII, LG 58). 
 
 
64 – EM QUE SE BASEIA A IGREJA PARA ENSINAR ESSA VERDADE? 
 
1) Na Sagrada Escritura: Já no Antigo Testamento, quando Deus promete o Redentor, associa-O à figura de sua Mãe, a co-redentora (Gn 3,15). A mesma verdade encontramos nas figuras de Maria, aquelas mulheres do Antigo Testamento que conseguiram a libertação de seu povo, como já vimos.
 
No Novo Testamento, vemos Maria cooperar de maneira próxima e eficaz na Redenção: quando consentiu em ser a Mãe do Redentor (Lc 1, 38), e quando quis estar de pé junto à Cruz sofrendo, em seu coração materno, o que o Redentor sofria em seu Corpo (Jo 19, 25-27).
 
2) Mas é sobretudo na Tradição constante da Igreja que vemos a pregação desta verdade: na Liturgia, nos Concílios, nos documentos pontifícios e nas sentenças dos santos Padres e Doutores. Não custa insistir, a Tradição constante da Igreja é infalível. Como por Adão e Eva veio a ruína do mundo, assim por Cristo e Maria, o novo Adão e a nova Eva, veio a salvação.
Santo Irineu: «Obedecendo, Maria se fez causa de salvação tanto para si, como para todos o género humano.. O nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva ligou pela incredulidade, a Virgem Maria desligou pela fé» (Adversus haereses, 3,22,4).
 
São João Paulo II usou o título de Corredentora-Corredenção pelo menos 7 vezes no seu Magistério ordinário. 
 
 
65 -  ONDE ESTÃO AS PROVAS DE QUE DEUS ESCOLHEU MARIA PARA DISPENSADORA DE TODAS AS GRAÇAS? 
 
1) Na Sagrada Escritura:
 
a) Naquela celebre passagem do Génesis já citada, em que Maria é apresentada como unida por estreitíssimo vínculo a Cristo na obra da Redenção. Ora a Redenção tem também o seu aspeto subjetivo de aplicação das graças às almas. Portanto, Maria colabora também na aplicação da graça. 
 
b) Em passagens do santo Evangelho, sobretudo em tomadas de conjunto, em que as graças são dispensadas pela Virgem Santíssima: na Visitação (Lc 1,41-45); no milagre das bodas de Caná (Jo 2, 1-11); na descida do Espírito Santo sobre os apóstolos (At 1, 12-14), na promulgação solene da maternidade universal de Maria feita por Nosso Senhor na Cruz (Jo 19, 26).
 
2) A voz da Tradição também é unânime neste ponto, são inúmeros os pronunciamentos dos Santos Padres, dos Doutores e dos Papas. 
 
3) Reforçam ainda essa verdade as incontáveis graças obtidas em todos os tempos da Igreja por intermédio de Maria, os milagres, sobretudo nos seus santuários. 
 

 

MARIA É MEDIANEIRA DE TODAS AS GRAÇAS?

Jesus e Maria - o Novo Adão e a Nova Eva
a conceder graças à humanidade
 
Maria é a Medianeira de Todas as Graças? Esta é uma questão de duas partes. Primeiro, Maria é "medianeira"? (o sufixo latino -tor denota o agente masculino e o -trix latino denota o agente feminino - como embaixador e embaixatriz Mediador e Mediatriz [N.T.: no português tradicionalmente usa-se medianeira em vez de mediatriz]) Segundo, se ela é uma medianeira, é medianeira de todas as graças?

Maria é uma medianeira?
Antes de falar sobre este nome, é importante confirmar logo no início que a mediação de Maria não viola as palavras de São Paulo no que toca ao sacerdócio medianeiro de Jesus Cristo, quando escreve:
“Porque só há um Deus, e só há um Mediador entre Deus, e os homens que é Jesus Cristo homem” (1Tim 2, 5)
Cristo é o único mediador entre Deus e os homens porque Ele é totalmente Deus e totalmente homem. Visto que Ele se ofereceu a Si mesmo como um sacrifício perfeito a Deus, só Ele sozinho pode redimir a humanidade do pecado.

No entanto, São Lucas recorda que Santo Simeão profetizou a Maria que também ela iria sofrer com o Seu divino Filho.
“e será esta uma espada que trespassará a tua alma, a fim de serem revelados os pensamentos que muitos terão escondidos nos corações” (Lucas 2, 35).
Os Padres da Igreja identificaram a "espada que trespassará" a alma de Maria como o momento em que Maria viu o seu Filho morrer na cruz, e ainda mais quando pegou nos braços o Seu corpo frio e sem vida.

A sua presença silenciosa e materna, em conjunto com o sacrifício do sumo sacerdócio de Cristo, envolve-a no sacrifício de Cristo de uma maneira única. Considerem isto: o Filho de Deus adquiriu a Sua carne e sangue a partir da carne e do sangue dela. Jesus pôde morrer por nós porque ela Lhe deu um corpo.

Jesus e Maria na cruz são o Adão e a Eva redemptores. Eva uma vez olhou para uma árvore para obter o fruto contra a lei. Agora Maria, como a Nova Eva, olha para a árvore onde está "o fruto do Seu ventre". Ela não clama pelos direitos deste Fruto, mas oferece-O com toda a vontade ao Pai. O Novo Adão está suspenso na madeira por cada pecador. A Nova Eva fica lá em tristeza.

A mediação de Maria é baseada na sua íntima união e consentimento à Paixão e Morte de Cristo. Mais ainda, encontramos na Escritura que Jesus vem ao mundo através de Maria, literalmente. Sta. Isabel e o seu bébé, S. João Baptista, enchem-se do Espírito Santo quando Sta. Isabel ouve a voz de Maria. Jesus faz o Seu primeiro milagre em Caná sob o pedido de Maria. E mais, Maria está presente no Pentecostes, quando o Espírito Santo desce sobre o Apóstolos. Tal como a voz de Maria foi o instrumento que levou a graça a Sta. Isabel, também Maria é o instrumento pessoal pelo qual as graças fluem de Cristo para nós. S. Bernardo de Claraval chamava-lhe "aqueduto de graça".

A Festa Litúrgica: Medianeira de Todas as Graças
Em 1921, o Papa Bento XV, respondendo a petições de bispos da Bélgica, estabeleceu o dia da festa anual de "Maria Medianeira de Todas as Graças". Esta festa foi incluída no Missale Romanum sob o título "Omnium Gratiarum Mediatricis" para a data de 31 de Maio. Se tiverem um Missal em Latim pré-conciliar, normalmente conseguem encontrá-la lá (procurem a Missae pro aliquibus locis). Dois dos meus missais incluem a festa.
 
A primeira leitura para esta festa é Isaías 55, 1-5 e o Gradual é a famosa passagem de Eclesiástico: "Eu sou a mãe do amor formoso, do temor, da ciência e da santa esperança. Em mim está toda a graça do caminho e da verdade, em mim está toda a esperança de vida e de virtude.” (Sir 24, 24-25) A leitura do Evangelho para a festa são os acontecimentos da paixão mariana de João 19, 25-27.
 
A inclusão por Bento XV de uma festa para "Maria Medianeira de Todas as Graças" tornou a doutrina popular. Quando começou o Concílio Vaticano Segundo (1962), havia uma pressão entre os bispos para declarar formalmente a Santíssima Virgem Maria como "Medianeira de Todas as Graças". Esta tentativa acabou por ser reformulada e ela acabou por ser declarada como "Mãe da Igreja", um título mais suave, mas também bonito. Foi preferido "Mãe da Igreja"  visto que definia a verdade de uma forma mais eclesial.
 
Podem encontrar esta definição de "Mãe da Igreja" no Capítulo 8 da Lumen Gentium. Ainda assim, a Lumen Gentium 8 acaba por referir-se a Maria Imaculada como "advogada, auxiliadora, socorro, medianeira". Notavelmente, o qualificador "de Todas as Graças" não foi incluído no texto final da Lumen Gentium, apesar de ter sido proposto.
 
Será que o Papa Bento XV foi longe demais?
Portanto, é matéria de fé que a nossa Santíssima Mãe é uma "Medianeira"... mas será ela a "Medianeira de Todas as Graças"? A maior parte dos Católicos não têm problema com o título "Medianeira", no entanto eu reparo que alguns Católicos vacilam quando ouvem "Medianeira de Todas as Graças." O Papa Bento XV foi longe demais ao adicionar "de Todas as Graças"?
 
O título completo a incluir "todas as graças" é controverso. Alguns protestam que Maria não poderia nunca ser a medianeira de todas as graças no Antigo Testamento, visto que ainda não existia. Mais ainda, podia ela ser a medianeira de todas as graças enquanto ainda estava na terra? Será que ela só ficou medianeira de todas as graças depois do Pentecostes ou, talvez, apenas depois da sua gloriosa Assunção? E ainda assim, será que ela é medianeira  tanto das graças actuais como da graça sacramental? Isto é, as graças do baptismo e da Sagrada Eucaristia passam pelas mãos dela?
 
 
Duas questões difíceis relacionadas com "de todas as graças"
Estas perguntas, essencialmente, levantam duas questões difíceis:
1) Quando é que Maria se tornou a medianeira de todas as graças. Desde sempre? Na Imaculada Conceição? Na Crucifixão? No Pentecostes? Na Assunção?
2) Quando dizemos "todas as graças" queremos dizer "cada graça" ou "todos os tipos de graça" ou "todos os tipos de graça actual"?
Vou revelar a minha posição logo de início. Eu sou pela posição extrema. Insisto que ela é a medianeira de cada graça que alguma vez foi dada à humanidade, de Adão até ao último instante de tempo. É verdade que ela ainda não existia, no entanto ela é a medianeira de todas essas graças.
 
 
O Novo Adão como Mediador. A Nova Eva como Medianeira.
Como é que se pode dizer tal coisa? O argumento depende da antiga reputação de Nossa Senhora como a Nova Eva e da reputação de Cristo como Novo Adão. Cada graça é absolutamente mediada através de Cristo, visto que ele é totalmente Deus e totalmente homem. Ele é necessariamente e absolutamente o mediador da humanidade. No entanto, Ele medeia esta graça para a humanidade por virtude da Sua Encarnação e da Sua morte e através do Espírito Santo.
 
Já Maria, como Nova Eva, foi o instrumento da Encarnação e tinha o papel primário na Crucifixão e na descida do Espírito Santo no Pentecostes. Descobrimos assim que a Escritura a liga com estes três momentos da mediação absoluta de Cristo.
 
Sabemos também que todas as graças do Antigo Testamento foram mediadas em antecipação da Encarnação e Morte de Cristo. Visto que a carne de Maria e a sua cooperação são necessárias para a Encarnação e Morte de Cristo, estas graças também são mediadas com o seu papel em mente. É por isso que o Papa Pio IX diz que o decreto da predestinação de Cristo é um só com o de Maria.
 
Ou seja, as graças do Antigo Testamento foram mediadas à luz dela, ainda que não directamente concedidas por ela. Aqui distinguimos o termo "mediar" do termo "conceder". Maria Imaculada tem sido sempre a Medianeira de Todas as Graças, mas tornou-se Dispenseira de Todas as Graças na sua gloriosa Assunção.
 
Ainda se podia tomar uma opção mais extrema e dizer que Maria se tornou a Dispenseira de cada graça a partir do momento da sua Imaculada Concepção. Isto iria precisar que desde o seu primeiro momento ela teve uma enorme infusão de conhecimento mesmo ainda na barriga de Santa Ana. Eu não tenho bem a certeza de que isto tenha acontecido, no entanto não culparia ninguém que pensasse assim. Parece que Santo Afonso Maria de Ligório possa ter tido esta posição, no entanto não consigo perceber bem (ficaria agradecido se algum afonsista me ajudasse neste ponto.)
 
E no que toca à Escritura?
Sabemos que a santificação e confirmação na graça de São João Baptista enquanto ainda estava na barriga de sua mãe aconteceu através da mediação da voz de Maria. “Porque assim que chegou a voz da tua saudação aos meus ouvidos, logo o Menino deu saltos de alegria no meu ventre.” (Lucas 1, 44)
 
Tanto as liturgias gregas como as latinas aplicam Eclesiástico 24 como a profecia da Santíssima Virgem Maria. A passagem diz "Eu sou a mãe do amor formoso, do temor, da ciência e da santa esperança. Em mim está toda a graça do caminho e da verdade, em mim está toda a esperança de vida e de virtude.” (Sir 24, 24–25) Maria é a "Mãe do Amor Formoso" e nela "está toda a graça." Portanto, aqui está uma profecia do Antigo Testamento sobre o título de Maria como Medianeira de Todas as Graças.
 
Como se disse acima, a presença de Nossa Senhora na Concepção, Natividade, Vida, Morte e Ascensão do Senhor e depois Pentecostes revelam o seu cargo de mediação abaixo de Cristo.
 
Maria medeia a Graça Sacramental?
No que toca à graça sacramental, Santo Cirilo de Alexandria, quando falava aos Padres do Concílio de Éfeso (AD 431) disse que a graça do baptismo, confirmação e sagradas ordens chegam à Igreja através de Maria.
 
Pensem simplesmente nos sete sacramentos e vão ver que isto faz sentido:
  1. Baptismo remove a mancha de Eva (Maria é a Nova Eva), dá-nos o Espírito Santo (o Esposo de Maria) e une-nos à morte e ressureição de Cristo (Maria medeia sob a cruz)
  2. Confirmação é o sacramento que confere a graça do Pentecostes a cada um de nós. Maria é a Esposa do Espírito e estava presente no Pentecostes.
  3. Sagrada Eucaristia é o Corpo e Sangue de Cristo. Esta carne e sangue do Logos Eterno vieram do ventre da Santíssima Virgem Maria. Não há Mãe humana? Não há Corpo e Sangue.
  4. Penitência é a aplicação do mérito e sangue de Cristo ao pecador. A presença mediadora de Maria sob a Cruz confirma o seu papel neste sacramento.
  5. Extrema Unção é o sacramento que prepara o fiel para a morte. Cristo deu a Maria domínio sobre a "hora da morte" e sobre o Purgatório devido ao seu desejo de morrer uma morte humana, mesmo tendo permanecido sem pecado. Ela queria morrer para se identificar mais perfeitamente com Cristo. Isto também é previsto por Ben Sirá: “Penetrarei em todas as partes da terra, visitarei todos aqueles que dormem, iluminarei todos os que confiam no Senhor. ” (Sir 24, 45)
  6. As Sagradas Ordens são o mistério do sacerdócio e Cristo tornou-se o Sumo Sacerdote da Humanidade por virtude da Sua Encarnação. No entanto, Maria era absolutamente necessária para a Sua chegada à natureza humana. Não havia Mãe? Não havia Encarnação? Mais uma vez, a presença de Maria na Cruz confirma o seu papel aqui, visto que Cristo exerceu manifestamente o Seu sacerdócio na Cruz.
  7. Santo Matrimónio foi elevado à dignidade de sacramento nas Bodas de Caná. O milagre de Cristo e a bênção nas Bodas de Caná ocorrem por mediação directa de Maria. Assim, também ela é medianeira da graça sacramental do Santo Matrimónio.
Portanto, é fácil ver que a Escritura liga Maria a todos os sete sacramentos. Enquanto que alguns se opõem à posição de que Maria é a medianeira da graça sacramental, eu vejo todas as razões para afirmar que ela é a medianeira da graça sacramental.

Em suma, confirmámos o seguinte:
  1. A mediação de Maria não entra em conflito com a mediação de Cristo, mas é a forma mais alta de sub-mediação abaixo de Cristo. Ela é o aqueduto que traz a graça e méritos infinitos de Cristo.
  2. O Papa Bento XV instituiu a festa litúrgica de Maria, Medianeira de Todas as Graças.
  3. A mediação universal de Maria está vinculada pelo seu nome de Nova Eva. Cristo é o Novo Adão e o seu trabalho redentor é universal. Consequentemente, a sub-mediação de Maria é universal.
  4. Todas as graças, mesmo aquelas do Antigo Testamento são mediadas através do ministério do Novo Adão e da Nova Eva. Apesar de Maria ainda não existir, as graças antes do Novo Testamento foram dadas em expectativa de um Novo Adão e de uma nova Eva - Jesus e Maria.
  5. Mesmo as graças sacramentais são mediadas e aplicadas por Maria Imaculada. A Sagrada Escritura mostra que as graças e dons associados a cada sacramento (ex: o derrame do Espírito Santo na Confirmação) foram conquistados através de Maria (ex: quando Isabel e João Baptista se encheram com o Espírito Santo).

O Papa Bento e o título mariano "Medianeira de Todas as Graças"

 
 
Fala-se da hipótese do Papa Bento XVI ter recebido uma locução especial ou aparição de Nossa Senhora sobre a Igreja Católica e que lhe deu permissão explícita para renunciar à Santa Sé.
 
No dia em que Sua Santidade anunciou a sua renúncia, o Papa referiu-se publicamente a Maria como a "Medianeira de Todas as Graças." O Papa Bento confiou a missão do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde "à intercessão da Santíssima Virgem Maria Imaculada, Medianeira de todas as graças" (Mediatricis omnium gratiarum).
 
Muitas outras fontes e blogs sublinharam este facto pois assinala algo novo no pensamento do Papa Bento. O Papa João Paulo II usava com frequência o título "Medianeira de Todas as Graças". No entanto, o Papa Bento tinha estado renitente até agora.
 
Não é segredo nenhum que o jovem Padre Joseph Ratzinger no Concílio Vaticano II se opunha abertamente ao termo "Medianeira de Todas as Graças", preferindo em vez disso apenas "Medianeira". Parece agora que o Santo Padre inverteu o sentido e fez de "Medianeira de Todas as Graças" parte do seu vocabulário Papal. 

Este é um acontecimento importante na vida da Igreja Católica. São Luís de Montfort disse que todos os santos das épocas posteriores seriam profundamente marianos. Maria é o canal de toda a graça e santidade.

Perguntas: O Papa Bento XVI traçou o caminho para a futura proclamação do Quinto Dogma Mariano ("Medianeira de Todas as Graças")? Será que o uso do título mariano por Sua Santidade indica uma devoção ainda mais profunda a Nossa Senhora? O que aconteceria à nossa era se um Papa declarasse um Quinto Dogma Mariano? 

Taylor Marshall