CATÓLICO OU MAÇOM

IMPRIMATUR 

 

Por comissão especial do exmo.

e revmo. sr. dom manuel pedro

da cunha cintra, bispo de pe-

trópolis. frei desidério kalver-

kamp, 0. f. m. petrópolis, 2-5-1960.

 

MEU AMIGO,

 

Ocupas uma posição de certo destaque na so­ciedade? És industrial, comerciante, banqueiro, mé­dico, advogado, político ou oficial militar? Pois então já foste certamente convidado a entrar na Maçonaria. Ou serás em breve solicitado pela pro­paganda maçônica. Falar-te-ão das imensas vantagens que os maçons de todo o mundo oferecerão aos teus negócios, da proteção que darão ao teu emprego, das facilidades que terás nos empréstimos ou nas viagens, do apoio que será dado à tua pro­paganda, etc. Dir-te-ão que a Maçonaria é uma instituição essencialmente caritativa, filantrópica, fi­losófica e progressista; que ela tem por objeto a indagação da verdade, o estudo da moral e a prá­tica da solidariedade; que ela quer trabalhar ape­nas pelo melhoramento material e social da huma­nidade. Provar-te-ão que a Maçonaria reconhece e proclama a existência de Deus, a prevalência do espírito sobre a matéria e que, por isso, nenhum ateu ou materialista pode ser maçom. Inculcar-te-ão que a Maçonaria não é de maneira alguma con­tra a religião e muito menos contra a religião católica; que não há absolutamente nenhuma in­compatibilidade entre Maçonaria e Catolicismo; que ela proclama a tolerância e o respeito às convic­ções religiosas e políticas dos outros, a autonomia da criatura humana, o amor à família, a fidelidade à pátria e a obediência à lei; que ela consi­dera todos os homens irmãos, livres e iguais, qual­quer que seja sua raça, nacionalidade ou crença; que suas leis, constituições e regulamentos proíbem expressamente falar ou discutir sobre política ou religião. Dir-te-ão que até bispos, padres e frades ilustres pertenceram à Maçonaria sem que nisso percebessem a mínima dificuldade contra sua fé e suas convicções católicas. Mostrar-te-ão leis e rituais em que se exige que o verdadeiro maçom seja virtuoso, exemplar, de bons costumes, morto para o vício, sem erros nem preconceitos, observante da lei, patriota, cumpridor do dever, apóstolo do bem, sábio, inteligente, progressista, livre, toleran­te, sincero, caridoso, desinteressado, generoso, de­votado, confiante, pacífico, irmão de todos, prote­tor das viúvas, advogado dos oprimidos…

 

Conceder-te-ão ser, infelizmente, verdade que a Igreja Católica condenou a Maçonaria; mas foi por­que os Papas e os Bispos estavam mal informados ou agiram assim por outros motivos inconfessáveis; que, contudo, da parte da Maçonaria não há reci­procidade, que ela continua a olhar para a Igreja e seus Sacerdotes com admiração e simpatia, vendo nela um dos maiores esteios sociais da nação; que a Maçonaria nunca se intrometeu e não se intro­mete na vida da Igreja, senão quando solicitada e para fazer-lhe o bem; e que, portanto, é injusta, injustíssima a acusação de que a Maçonaria com­bate a Igreja Católica…

 

Entretanto, meu amigo, antes de acreditares em todas estas comoventes, lindas e atraentes afirma­ções lançadas pela propaganda maçônica, eu peço a tua benevolente atenção, por alguns instantes ape­nas, para atender também às razões que a Igreja teve e tem ao interditar a seus fiéis a iniciação na Ordem Maçônica. Não quero tirar-te a liberdade fí­sica de entrar na Maçonaria; mas antes que te re­solvas a dar este importante passo, rogo-te pensar bem no abismo de incompatibilidades profundas e radicais que vão entrar em tua vida desde o mo­mento em que livremente te enfileirares entre os Ir­mãos de Hiram.

 

Capítulo 1

DOUTRINA MAÇÔNICA E DOUTRINA CATÓLICA

  A Constituição do Grande Oriente do Brasil, de 1951 (edição de 1955), logo no art. 1, § 1, fala dos «requisitos essenciais» que devem verificar-se no candidato à iniciação; e um desses requisitos, in­dicado sob a letra g, sem o qual nenhum cidadão pode ser maçom, é este:   «Não...

A segunda razão por que a Igreja condena a Maçonaria, e em que os documentos pontifícios in­sistem muito, pode ser resumida nos seguintes pontos:

 

a) A Maçonaria exige de seus membros ter­ríveis juramentos, pelos quais se comprometem a guardar inviolável segredo sobre tudo quanto vi­ram, ouviram ou ficou deliberado ou resolvido nas sessões das lojas ou nas reuniões secretas dos maçons;

 

b) estes juramentos são mantidos sob as mais horrorosas ameaças de morte e de implacável per­seguição;

 

c) o maçom deve comprometer-se solene­mente a obedecer, sem discussão nem tergiversação, às resoluções, determinações, deliberações ou ordens recebidas dos competentes poderes maçônicos.

 

É verdade que a Igreja Católica reconhece, em tese, a liceidade de um juramento promissório ou voto, mas reclama para isso as seguintes condições:

 

a) que seja proferido com suficiente conhecimento daquilo que se vai prometer sob juramento;

 

b) que seja feito sem coação interna ou externa;

 

c) que tenha por objeto uma coisa possível e boa;

 

d) que haja suficiente motivo para recorrer à forma sole­ne do juramento.

 

O chamado Rito Escocês Antigo e Aceito, que é o rito adotado por 95% das lojas maçônicas do Brasil, se divide em 33 diversos graus e em cada grau o maçom deverá pronunciar novo juramento. Veja-se, para amostra, o texto exato dos três pri­meiros graus:

 

O juramento do primeiro grau, Aprendiz:

 

«Eu, F., juro e prometo, de minha livre vontade, pela minha honra e pela minha fé, em presença do Grande Arquiteto do Universo, e perante esta assembleia de Maçons, solene e sinceramente, nunca revelar qualquer dos mistérios da Maçonaria que me vão ser confiados, senão a um bom e legítimo Irmão, ou em Loja regularmente constituída; nunca os escrever, gravar, traçar, imprimir ou empregar outros meios pelos quais possa divulgá-los. Juro mais ajudar e defender os meus irmãos em tudo que puder e for necessário e reconhecer como única Potencia Maçônica legal e legítima no Brasil ao Grande Oriente e Supremo Conselho do Brasil, ao qual prestarei inteira obediência. Se violar este ju­ramento, seja-me arrancada a língua, o pescoço cortado e meu corpo enterrado nas areias do mar, onde o fluxo e o refluxo das ondas me mergu­lhem em perpétuo esquecimento, sendo declarado sacrílego para com Deus e desonrado para com os homens. Amém!»

 

O juramento do segundo grau, Companheiro:

 

«Juro e prometo nunca revelar aos Aprendizes os segredos do grau de Companheiro que me vão ser confiados, assim como prometi nunca revelar os de Aprendiz. Se eu for perjuro, seja-me arrancado o coração para servir de pasto aos abutres. Assim Deus me ajude!»

 

O juramento do terceiro grau, Mestre:

 

«Eu, F., juro de minha livre vontade e em presença do Su­premo Arquiteto do Universo e desta Respeitável Loja, consagrada a S. João da Escócia, e solene­mente prometo nunca revelar os segredos do Grau de Mestre. Se eu for perjuro, seja o meu corpo dividido ao meio, sendo uma parte lançada ao meio- dia e a outra ao setentrião, e as minha entranhas arrancadas e reduzidas a cinzas e estas lançadas aos ventos. Assim Deus me ajude. Amém!»

 

Em vista destes e dos outros juramentos maçônicos pergunta-se: Realizar-se-ão aí as quatro con­dições exigidas para a liceidade de qualquer jura­mento? Nossa resposta será totalmente negativa. Com efeito:

 

Capítulo 2

1. O JURAMENTO MAÇÔNICO NÃO É PROFERIDO COM SUFICIENTE CONHECIMENTO DAQUILO QUE SE VAI PROMETER

Os próprios textos provam este asserto: o maçom jura não revelar os segredos que lhe «vão ser con­fiados». Que segredos? Ele não o sabe! As gravís­simas e por vezes ridículas medidas de precaução no cerimonial maçônico, prescritas pelos vários ri­tuais, as tremendas ameaças de castigo e vingan­ça...

2. O JURAMENTO MAÇÔNICO NÃO É FEITO SEM COAÇÃO

  Quem conhece o ambiente das demoradas cerimô­nias de iniciação, psicologicamente bem arquiteta­das, deve conceder que o candidato, à altura do ju­ramento, quando o Venerável lhe pergunta se ainda está disposto a entrar na Maçonaria, deve ter uma vontade quase heróica para voltar atrás. Todos...

3. O JURAMENTO MAÇÔNICO NÃO TEM OBJETIVOS BONS

  «Não revelar os segredos que me vão ser confia­dos», este objetivo, assim como soa e no ambiente em que é colocado, não é bom, porque pode facil­mente ser explorado para fins maus, em que um verdadeiro católico não pode colaborar. Outros ju­ramentos, em graus superiores, contem até...

4. NÃO HÁ MOTIVO SUFICIENTE PARA INVOCAR O SAN­TÍSSIMO NOME DE DEUS COMO TESTEMUNHA DA SINCERI­DADE E FIDELIDADE DAS PROMESSAS MAÇÔNICAS.

Já é surpreendente o mero fato de invocar-se o augus­to nome de Deus para aquelas promessas e naquele ambiente. É, pois, um juramento formalmente blasfemo.   Assim os juramentos maçônicos são gravemen­te ilícitos, pecaminosos, blasfemos e intrinsecamente maus e imorais e, por conseguinte,...

No ano de 1738 o Papa Clemente XII, na cons­tituição apostólica que começa com as palavras In eminenti, denunciou, por isso, vigorosamente a Maçonaria. Esta condenação foi depois confirmada por quase todos os Papas, até o dia de hoje. Eis a passagem principal, tantas vezes inculcada pelos Sumos Pontífices:

 

«… Proibimos, portanto, seriamente, em nome da Santa Obediência, a todos e a cada um dos fiéis de Cristo, de qualquer estado, posição, condição, classe, dignidade e preeminência que sejam, leigos ou clérigos, seculares ou regulares, de ousar ou presumir entrar, por qualquer pretexto, debaixo de qualquer cor, nas sociedades de maçons, ou propagálas, sustentá-las, recebê-las em suas casas, ou dar-lhes abrigo e ocultá-las alhures, ser nelas inscrito ou agregado, assistir às suas reuniões, ou proporcio­nar-lhes meios para se reunirem, fornecer-lhes o que quer que seja, dar-lhes conselho, socorro ou favor às claras ou em segredo, direta ou indiretamente, por si ou por intermédio de outro, de qualquer maneira que a coisa se faça, como também exortar a outros, provocá-los, animá-los a se instruírem nessa sorte de sociedade, a se fazerem membros seus, a auxiliarem-nas, ou protegerem-nas de qualquer modo. E ordenamos-lhes absolutamente que se abstenham por completo dessas sociedades, assembleias, reuniões, corrilhos ou conventículos, e isto debaixo da pena de excomunhão, na qual se incor­re pelo mesmo fato e sem outra declaração, e da qual ninguém pode ser absolvido senão por Nós, ou pelo Pontífice Romano reinante [ou por seu delegado especial], exceto em artigo de morte».

 

O vigente Direito Eclesiástico estabelece clara­mente o seguinte:

 

Todo aquele que se iniciar na Maçonaria, incorre, só por este fato e sem outra qualquer de­claração (ipso facto) na pena da excomunhão, reservada simpliciter à Santa Sé (cân. 2335).

Por ter incorrido na excomunhão (isto é: por ter sido excluído da Igreja), todo e qualquer maçom:

deve ser afastado da recepção dos sacramen­tos (confirmação, confissão, comunhão, extrema- unção), ainda que os peça de boa vontade (cân. 2318, § 1);

perdeu o direito de assistir aos ofícios di­vinos, como sejam: a Santa Missa, a recitação pú­blica do ofício divino, procissões litúrgicas, cerimô­nias da bênção de ramos, etc. (cân. 2259, § 1; 2256, n9 1) ;

é excluído dos atos legítimos eclesiásticos (cân. 2263), pelo que não pode ser admitido como pa­drinho de batismo (cân. 765, n9 2) ou de crisma (cân. 795, n9 1) ;

não tem parte nas indulgencias, sufrágios e orações públicas da Igreja (cân. 2262, § 1).

O maçom não pode ser admitido validamente às associações ou irmandades religiosas (cân. 693).

Os fiéis devem ser vivamente desaconse­lhados de contrair matrimônio com os maçons (cân. 1065, § 1).

Só após prévia consulta do Bispo e garantida a educação católica dos filhos, pode o pároco as­sistir ao casamento com um maçom (cân. 1065, § 2).

 

O maçom falecido sem sinal de arrependi­mento deve ser privado da sepultura eclesiástica (cân. 1240).

 

Deve-se também negar ao mesmo qualquer missa exequial, mesmo de aniversário, como tam­bém quaisquer outros ofícios fúnebres públicos (cân. 1241).

 

São determinações justas e sábias das autorida­des eclesiásticas. Faz-se, por vezes, grande alarde em torno da excomunhão, como se a Igreja fosse particularmente intolerante pelo fato de declarar alguém excluído do rol dos seus fiéis. Mas toda e qualquer sociedade organizada e disciplinada tem o direito de eliminar os sócios rebeldes ou indis­ciplinados. Qualquer clube de futebol se julga com o direito de garantir a ordem e a disciplina da associação por meio de severas medidas discipli­nares, inclusive pela sumária eliminação do delin­quente. A própria Maçonaria prevê em sua Lei Penal numerosos casos de indisciplina e que são punidos pela suspensão dos direitos maçônicos ou até, e o caso é assaz freqüente, pela expulsão do maçom culpado. 

 

A Maçonaria, que considera justo e legal «eliminar os maçons que professarem ideo­logia ou doutrinas contrárias aos princípios da Or­dem», deve considerar também justo e legal que a Igreja elimine os católicos que professarem ideo­logias ou doutrinas contrárias aos princípios da Igreja. O católico que resolveu tornar-se maçom, por este fato excluiu-se a si mesmo da Igreja; ade­rindo aos princípios fundamentais da Maçonaria, renegou as doutrinas básicas da Igreja. As autori­dades eclesiásticas, por isso, são apenas coerentes com a atitude que o católico feito maçom assumiu es­pontaneamente, quando o consideram estranho e mesmo adversário da Igreja.

Capítulo 3

1. MAS TEM HAVIDO BISPOS, PADRES E FRADES MAÇONS!

  Não queremos negar o fato. No século passado, com efeito, alguns membros do clero brasileiro de­ram seu nome à Maçonaria. Resta, contudo, saber que intuitos levaram a Maçonaria a aliciar para suas fileiras bispos, padres e frades. E, sobretudo, é preciso ver que tipos de padres ela conseguiu...

2. MAS A MAÇONARIA NÃO É CONTRA A IGREJA!

  Bem sabemos que a propaganda maçônica gosta de re­petir e de alardear seus amores à Igreja Católica. Na realidade temos, porém, e infelizmente, dema­siados documentos maçônicos autentico e que provam exatamente o contrário. Citaremos apenas al­guns exemplos:   A) Aos 24 do 10º mês do...

3. A MAÇONARIA NÃO MUDOU NO BRASIL (Realidade Brasileira)

Dizem muitas vezes que a Maçonaria de agora é diferente; que tudo mudou; que já não existe o espírito anticlerical, etc.   Não é verdade. Nem seria difícil provar o con­trário com expressiva documentação. Eis aí alguns exemplos para amostra:   O atual Grão Mestre do Grande Oriente do...