176 NÃO PODERIA DEUS AMNISTIAR OS CONDENADOS AO INFERNO COMO UM ACTO DE MERA GRAÇA?

176 NÃO PODERIA DEUS AMNISTIAR OS CONDENADOS AO INFERNO COMO UM ACTO DE MERA GRAÇA?
A amnistia já se deu, o ano da graça já aconteceu e continua a acontecer. Há dois mil anos concedeu-se o ano da Redenção cujos efeitos se derramam sobre o passado e o futuro. Os condenados são os que não aceitaram o fim nem a amnistia. Isto é, cada ser humano, ao morrer, pôde beneficiar dos efeitos dessa Redenção das suas culpas através das graças que levam ao arrependimento. A amnistia não chegou aos que não pediram perdão nem sequer ao receber essas graças de contrição que lhes conseguiu o Salvador com a sua dolorosa paixão.
Neste caso de salvação pessoal, a amnistia não podia ser algo meramente externo, devia ser aceite, porque o pecado não é algo externo, mas uma deformação da vontade. Não se pode conceder esse perdão se a vontade não o aceita. O perdão de Deus requer que seja aceite. Trata-se de uma amnistia que requer aceitação para poder ser aplicada. Ainda que a amnistia se tenha ganho num dado momento da história, os seus efeitos aplicam-se inclusive aos que viveram antes de Cristo, efeitos recebidos em forma de graças ao morrer. Mas, como se disse, as graças ganhas na Cruz devem ser aceites. 
E alguns não as aceitaram, não com um acto pontual, mas com um inamovível estado de vontade. Há que considerar que são eles que não querem ver a Deus. O Céu não está rodeado de muros. Os espíritos deslocam-se à velocidade do pensamento sem que obstáculo algum possa detê-los, não há muros no céu. O abismo que separa céu e inferno é o abismo que há nos espíritos réprobos: um abismo de ódio.
Atirar esse abismo de ódio para o meio da presença de Deus seria como atirar um possesso para o meio da água benta e pô-lo em contacto com crucifixos benzidos. Seria como atirar um bloco de gelo contra o centro do sol. A amnistia já se deu e, no entanto, eles optaram pela escuridão. 
Só o próprio eu pode auto-reformar-se com a ajuda da graça. O mal desses seres pessoais não é como uma pérola dentro de uma ostra. É antes um modo de ser que afecta todas as suas potências intelectuais e volitivas configurando uma personalidade, um eu próprio e não duplicável. 
Disse anteriormente que obrigar um condenado a contemplar à força a essência de Deus seria como atirar um bloco de gelo contra o centro do sol. O problema em fazer isso, hipoteticamente, é que um répobro é um troço de gelo eterno. A contemplação eterna, por parte de um répobro, daquele que odeia com todas as suas forças, seria um acto de tortura, só o faria sofrer. Como pode o bem causar sofrimento? Isto é como a situação do rancoroso e vingativo que odeia com todas as suas forças, pois se essa pessoa recebe um bem, um acto sincero de caridade da parte daquele a quem odeia, esse acto de amor ainda a enche de mais raiva. Mais actos de amor não a fariam mudar, porque o que tem que mudar é um estado permanente e desordenado da sua vontade. Ver a essência de Deus seria uma tortura, seria como cair no meio do fogo do amor para os que já só são gelo eterno e desejam continuar a sê-lo.
A amnistia já se deu, o ano da graça já aconteceu e continua a acontecer. Há dois mil anos concedeu-se o ano da Redenção cujos efeitos se derramam sobre o passado e o futuro. Os condenados são os que não aceitaram o fim nem a amnistia. Isto é, cada ser humano, ao morrer, pôde beneficiar dos efeitos dessa Redenção das suas culpas através das graças que levam ao arrependimento. A amnistia não chegou aos que não pediram perdão nem sequer ao receber essas graças de contrição que lhes conseguiu o Salvador com a sua dolorosa paixão.
Neste caso de salvação pessoal, a amnistia não podia ser algo meramente externo, devia ser aceite, porque o pecado não é algo externo, mas uma deformação da vontade. Não se pode conceder esse perdão se a vontade não o aceita. O perdão de Deus requer que seja aceite. Trata-se de uma amnistia que requer aceitação para poder ser aplicada. Ainda que a amnistia se tenha ganho num dado momento da história, os seus efeitos aplicam-se inclusive aos que viveram antes de Cristo, efeitos recebidos em forma de graças ao morrer. Mas, como se disse, as graças ganhas na Cruz devem ser aceites. 
 
E alguns não as aceitaram, não com um acto pontual, mas com um inamovível estado de vontade. Há que considerar que são eles que não querem ver a Deus. O Céu não está rodeado de muros. Os espíritos deslocam-se à velocidade do pensamento sem que obstáculo algum possa detê-los, não há muros no céu. O abismo que separa céu e inferno é o abismo que há nos espíritos réprobos: um abismo de ódio.
Atirar esse abismo de ódio para o meio da presença de Deus seria como atirar um possesso para o meio da água benta e pô-lo em contacto com crucifixos benzidos. Seria como atirar um bloco de gelo contra o centro do sol. A amnistia já se deu e, no entanto, eles optaram pela escuridão. 
 
Só o próprio eu pode auto-reformar-se com a ajuda da graça. O mal desses seres pessoais não é como uma pérola dentro de uma ostra. É antes um modo de ser que afecta todas as suas potências intelectuais e volitivas configurando uma personalidade, um eu próprio e não duplicável. 
 
Disse anteriormente que obrigar um condenado a contemplar à força a essência de Deus seria como atirar um bloco de gelo contra o centro do sol. O problema em fazer isso, hipoteticamente, é que um répobro é um troço de gelo eterno. A contemplação eterna, por parte de um répobro, daquele que odeia com todas as suas forças, seria um acto de tortura, só o faria sofrer. Como pode o bem causar sofrimento? Isto é como a situação do rancoroso e vingativo que odeia com todas as suas forças, pois se essa pessoa recebe um bem, um acto sincero de caridade da parte daquele a quem odeia, esse acto de amor ainda a enche de mais raiva. Mais actos de amor não a fariam mudar, porque o que tem que mudar é um estado permanente e desordenado da sua vontade. Ver a essência de Deus seria uma tortura, seria como cair no meio do fogo do amor para os que já só são gelo eterno e desejam continuar a sê-lo.