9- EM QUE PENSA UM DEMÓNIO?

9- EM QUE PENSA UM DEMÓNIO?
Todo o anjo caído conserva a inteligência da sua natureza angélica. E com ela continua a conhecer. Conhece e investiga com a sua mente o mundo material e o espiritual, o mundo real e o conceptual. Como ser espiritual, eminentemente intelectual, não há dúvida de que está profundamente interessado pelas questões conceptuais. Ele sabe muito bem que a Filosofia é a mais sublime das ciências, Inclusive sabe que a Teologia está acima da Filosofia; mas odeia Deus.
No conhecer, encontra prazer, mas também sofrimento. Sofre cada vez que esse conhecimento o leva a considerar Deus. E o demónio percebe continuamente a ordem e a glória do Criador em todas as coisas. Até nas coisas mais neutras ele encontra o reflexo e a recordação dos atributos divinos.
Mas o demónio não está sempre em cada instante a sofrer. Muitas vezes, simplesmente, pensa. Só sofre em certos momentos, quando se recorda de Deus, quando volta a ter consciência do seu miserável estado, da sua separação de Deus, quando o atormenta a consciência. Umas vezes sofre mais e outras menos, pois o seu sofrimento não é uniforme, embora estas variações se dêem segundo a intensidade que marca a deformidade moral própria de cada demónio.
Seria bastante horrível pensar nos demónios como seres permanentemente em sofrimento, em cada instante, em cada momento. A separação de Deus produz sofrimentos por toda a eternidade, mas é o sofrimento do afastamento, não é o sofrimento de uma máquina de tormento em acção constante. O demónio nem está sempre a tentar, nem está sempre contorcido de dores espirituais.