"NADA É TÃO ÚTIL E TÃO DOCE COMO O PADECER POR JESUS CRISTO"

"NADA É TÃO ÚTIL E TÃO DOCE COMO O PADECER POR JESUS CRISTO"
34. Se, pelo contrário, sofrerdes como convém, então a cruz se tornará para vós um
jugo muito suave, que Jesus Cristo ajudará a carregar. Será como se vossa alma tomasse asas para subir ao céu””; ou como se desdobrásseis as velas do vosso barco para alcançardes em segurança e facilmente o porto da salvação. Carregai com paciência a cruz, e ela iluminará as trevas do vosso espírito: “Quem, não tem experiência pouco sabe” ***, Carregai com alegria a cruz e sereis abraçados pelo amor divino, já que: 
 
“Ninguém poderá viver sem dor, No puro amor do Salvador” ”*”,
 
Só se colhem rosas entre espinhos; e, tal como a madeira alimenta o fogo, assim
também só a cruz alimenta o amor de Deus. Lembrai-vos daquela bela máxima do livro da Imitação de Cristo: 
 
“Quanto mais vos fizerdes violência, tanto mais ireis progredindo no amor divino” 
 
Cristo:
 
Nada de grande espereis de pessoas demasiadamente delicadas e preguiçosas, que
rejeitam a cruz quando delas se aproxima e que não sabem acolher nenhuma com discrição. É como se se tratasse de terra não cultivada, que apenas produzirá espinhos uma vez que é terra que não foi lavrada, gradeada ou remexida por um agricultor experiente. É como água estagnada, que não serve nem para lavar nem para beber. Carregai com alegria a cruz: nela encontrareis a força vitoriosa, a que nenhum dos vossos inimigos poderá resistir" e experimentareis ainda uma sublime doçura à qual nada se pode comparar. Sim, irmãos caríssimos, ficai sabendo que o verdadeiro paraíso terrestre consiste em sofrer algo por Jesus Cristo. Perguntai-o a todos os santos. Eles vos dirão que nunca provaram manjar tão delicioso para a alma como quando sofreram os maiores tormentos. 
 
— “Que todos os tormentos do demônio desabem sobre mim” — exclamava Santo Inácio,
mártir.
 
— “Ou sofrer ou morrer” — dizia Santa Teresa de Ávila.
 
— “Não morrer, mas padecer” — exclamava Santa Madalena de Pazzi.
 
— “Sofrer e ser desprezado por ti” — dizia São João da Cruz.
 
Expressões semelhantes nós podemos encontrá-las também na vida de muitos outros
santos. Crede em Deus, irmãos queridos. Quando se sofre alegremente por Deus, diz o Espírito
Santo, a cruz torna-se “suprema alegria”, ou seja, objeto de toda a espécie de delícias para
todos os tipos de pessoas. As delícias que provêm da cruz superam o gáudio do pobre que se vê cumulado de toda a espécie de riquezas; ou o de um pobre aldeão que venha a ser elevado e posto num trono; ou a felicidade dum negociante que tenha lucrado milhões; ou a inaudita satisfação dos generais pelas vitórias alcançadas; ou a felicidade dos presos postos em liberdade das suas cadeias; enfim, imaginai juntar todas as maiores delícias sobre a terra. Pois bem! E eu afirmo que as delícias de uma pessoa crucificada, que sofra com as devidas disposições, resumirá e suplantará todas as outras.
 
Nada é tão glorioso do que padecer por Jesus Cristo
 
35. Regozijai-vos, pois, e exultai de alegria quando Deus vos tornar participantes de
uma cruz particularmente pesada. Sem quase dar por isso vos tornareis, assim, os destinatários
privilegiados daquilo que o céu e Deus mesmo têm de mais precioso: o grande dom de Deus que é a cruz! Se compreendêsseis o seu real valor, mandaríeis celebrar missas, faríeis novenas
diante dos túmulos dos santos e empreenderíeis longas viagens, tal como eles também fizeram,
para alcançarem do céu esse presente divino. 
 
36. Para o mundo a cruz é loucura, infâmia, é um absurdo, fanatismo, falta de bom
senso. Mas deixai falar esses cegos! A cegueira que os leva a olhar a cruz com olhos apenas
mundanos, e a julgá-la negativamente, reverterá a vosso favor. Sempre que o seu desprezo e perseguição nos trouxerem alguma cruz, estarão a oferecer-nos brindes, a colocar-nos num trono, a coroar-nos de louros'**.
 
37. Mas... que estou eu dizendo? Afirmo com São João Crisóstomo'**** que nem as
riquezas, nem as honras, nem os cetros, nem as reluzentes coroas de príncipes e reis: absolutamente nada disso é comparável à glória da Cruz. Esta supera a própria glória dos apóstolos e dos escritores sagrados. “Se eu pudesse — acrescenta esse mesmo santo, iluminado por Deus — deixaria de bom grado o paraíso, caso pudesse escolher, a fim de poder sofrer pelo Deus do céu. Preferiria os cárceres e as prisões aos tronos imperiais. Desejaria mais as grandes cruzes do que a glória dos Serafins. Dou menos valor ao dom dos milagres, pelo qual se expulsam demônios, se submetem os elementos, se para o sol e se dá vida aos mortos. São Pedro e São Paulo sentiam maior glória por se encontrarem encarcerados na prisão, amarrados com cadeias de ferro nos pés", do que ao verem-se elevados ao terceiro céu'”"” e receberem as chaves do paraíso”
 
38. Não terá sido, com efeito, a Cruz que deu a Jesus Cristo um nome “que está acima
de todo o nome, para que ao nome de Jesus, todo o joelho se dobre nos céus, na terra e abaixo
da terra”? A glória de uma pessoa que sabe sofrer bem é de tal maneira grande que, no céu, os
anjos, os homens e o próprio Deus do céu a contemplam com alegria, como o mais estupendo dos espetáculos; e, se os santos tivessem ainda a possibilidade de desejar algo mais, seria de poderem regressar à terra para carregarem algumas cruzes.
 
39. Pois bem, se esta glória é assim tão grande, já na terra, qual não será, então, a
glória do céu? Quem poderá explicar e fazer compreender essa “quantidade desmedida e eterna de glória” que resultará de um só momento em que carregamos, de bom grado, a cruz? E quem poderá compreender o grau de glória celestial por se ter sofrido ao longo dum ano e, por vezes, ao longo de uma vida inteira?
 
40. Seguramente, meus caros Amigos da Cruz, o céu prepara-vos para algo de grande — é
um grande santo que o afirma —, já que é o Espírito Santo que vos une tão intimamente a
um ideal de que todos fogem com grande diligência. Certamente Deus quer fazer tantos santos e santas quantos sois vós, Amigos da Cruz, contanto que fiqueis fiéis à vossa vocação e carregueis com paciência a vossa cruz, como fez Jesus Cristo.
34. Se, pelo contrário, sofrerdes como convém, então a cruz se tornará para vós um
jugo muito suave, que Jesus Cristo ajudará a carregar. Será como se vossa alma tomasse asas para subir ao céu””; ou como se desdobrásseis as velas do vosso barco para alcançardes em segurança e facilmente o porto da salvação. Carregai com paciência a cruz, e ela iluminará as trevas do vosso espírito: “Quem, não tem experiência pouco sabe” ***, Carregai com alegria a cruz e sereis abraçados pelo amor divino, já que: 
 
“Ninguém poderá viver sem dor, No puro amor do Salvador” ”*”,
 
Só se colhem rosas entre espinhos; e, tal como a madeira alimenta o fogo, assim
também só a cruz alimenta o amor de Deus. Lembrai-vos daquela bela máxima do livro da Imitação de Cristo: 
 
“Quanto mais vos fizerdes violência, tanto mais ireis progredindo no amor divino” 
 
Cristo:
 
Nada de grande espereis de pessoas demasiadamente delicadas e preguiçosas, que
rejeitam a cruz quando delas se aproxima e que não sabem acolher nenhuma com discrição. É como se se tratasse de terra não cultivada, que apenas produzirá espinhos uma vez que é terra que não foi lavrada, gradeada ou remexida por um agricultor experiente. É como água estagnada, que não serve nem para lavar nem para beber. Carregai com alegria a cruz: nela encontrareis a força vitoriosa, a que nenhum dos vossos inimigos poderá resistir" e experimentareis ainda uma sublime doçura à qual nada se pode comparar. Sim, irmãos caríssimos, ficai sabendo que o verdadeiro paraíso terrestre consiste em sofrer algo por Jesus Cristo. Perguntai-o a todos os santos. Eles vos dirão que nunca provaram manjar tão delicioso para a alma como quando sofreram os maiores tormentos. 
 
— “Que todos os tormentos do demônio desabem sobre mim” — exclamava Santo Inácio,
mártir.
 
— “Ou sofrer ou morrer” — dizia Santa Teresa de Ávila.
 
— “Não morrer, mas padecer” — exclamava Santa Madalena de Pazzi.
 
— “Sofrer e ser desprezado por ti” — dizia São João da Cruz.
 
Expressões semelhantes nós podemos encontrá-las também na vida de muitos outros
santos. Crede em Deus, irmãos queridos. Quando se sofre alegremente por Deus, diz o Espírito
Santo, a cruz torna-se “suprema alegria”, ou seja, objeto de toda a espécie de delícias para
todos os tipos de pessoas. As delícias que provêm da cruz superam o gáudio do pobre que se vê cumulado de toda a espécie de riquezas; ou o de um pobre aldeão que venha a ser elevado e posto num trono; ou a felicidade dum negociante que tenha lucrado milhões; ou a inaudita satisfação dos generais pelas vitórias alcançadas; ou a felicidade dos presos postos em liberdade das suas cadeias; enfim, imaginai juntar todas as maiores delícias sobre a terra. Pois bem! E eu afirmo que as delícias de uma pessoa crucificada, que sofra com as devidas disposições, resumirá e suplantará todas as outras.
 
Nada é tão glorioso do que padecer por Jesus Cristo
 
35. Regozijai-vos, pois, e exultai de alegria quando Deus vos tornar participantes de
uma cruz particularmente pesada. Sem quase dar por isso vos tornareis, assim, os destinatários
privilegiados daquilo que o céu e Deus mesmo têm de mais precioso: o grande dom de Deus que é a cruz! Se compreendêsseis o seu real valor, mandaríeis celebrar missas, faríeis novenas
diante dos túmulos dos santos e empreenderíeis longas viagens, tal como eles também fizeram,
para alcançarem do céu esse presente divino. 
 
36. Para o mundo a cruz é loucura, infâmia, é um absurdo, fanatismo, falta de bom
senso. Mas deixai falar esses cegos! A cegueira que os leva a olhar a cruz com olhos apenas
mundanos, e a julgá-la negativamente, reverterá a vosso favor. Sempre que o seu desprezo e perseguição nos trouxerem alguma cruz, estarão a oferecer-nos brindes, a colocar-nos num trono, a coroar-nos de louros'**.
 
37. Mas... que estou eu dizendo? Afirmo com São João Crisóstomo'**** que nem as
riquezas, nem as honras, nem os cetros, nem as reluzentes coroas de príncipes e reis: absolutamente nada disso é comparável à glória da Cruz. Esta supera a própria glória dos apóstolos e dos escritores sagrados. “Se eu pudesse — acrescenta esse mesmo santo, iluminado por Deus — deixaria de bom grado o paraíso, caso pudesse escolher, a fim de poder sofrer pelo Deus do céu. Preferiria os cárceres e as prisões aos tronos imperiais. Desejaria mais as grandes cruzes do que a glória dos Serafins. Dou menos valor ao dom dos milagres, pelo qual se expulsam demônios, se submetem os elementos, se para o sol e se dá vida aos mortos. São Pedro e São Paulo sentiam maior glória por se encontrarem encarcerados na prisão, amarrados com cadeias de ferro nos pés", do que ao verem-se elevados ao terceiro céu'”"” e receberem as chaves do paraíso”
 
38. Não terá sido, com efeito, a Cruz que deu a Jesus Cristo um nome “que está acima
de todo o nome, para que ao nome de Jesus, todo o joelho se dobre nos céus, na terra e abaixo
da terra”? A glória de uma pessoa que sabe sofrer bem é de tal maneira grande que, no céu, os
anjos, os homens e o próprio Deus do céu a contemplam com alegria, como o mais estupendo dos espetáculos; e, se os santos tivessem ainda a possibilidade de desejar algo mais, seria de poderem regressar à terra para carregarem algumas cruzes.
 
39. Pois bem, se esta glória é assim tão grande, já na terra, qual não será, então, a
glória do céu? Quem poderá explicar e fazer compreender essa “quantidade desmedida e eterna de glória” que resultará de um só momento em que carregamos, de bom grado, a cruz? E quem poderá compreender o grau de glória celestial por se ter sofrido ao longo dum ano e, por vezes, ao longo de uma vida inteira?
 
40. Seguramente, meus caros Amigos da Cruz, o céu prepara-vos para algo de grande — é
um grande santo que o afirma —, já que é o Espírito Santo que vos une tão intimamente a
um ideal de que todos fogem com grande diligência. Certamente Deus quer fazer tantos santos e santas quantos sois vós, Amigos da Cruz, contanto que fiqueis fiéis à vossa vocação e carregueis com paciência a vossa cruz, como fez Jesus Cristo.
 
“E SIGA-ME”
 
41. Não é, porém, suficiente sofrer. Até mesmo o demônio e o mundo têm os seus
mártires. É preciso sofrer e carregar a própria cruz, seguindo os passos de Jesus Cristo: “E siga-
me”"""!!!, É preciso carregar a própria cruz como Jesus carregou a dele.