São Miguel Arcanjo, ajudai-nos a colocar todas as nossas preocupações diante de Deus. Fazei que as tentações do inimigo não sejam maiores do que as nossas orações. E quando nossas forçam não forem suficientes, vinde em nosso auxílio. Amém!”
(Fonte: Quaresma de São Miguel Arcanjo 2020 – Ed. Paulus)
Gostaria de começar a reflexão de hoje com duas frases que são equivalentes e de autores incertos (uns dizem que ambas são de Santo Inácio de Loyola, outros que apenas uma, outros ainda dizem que são derivadas de São Bento…), que resumem bem como devem ser pautados os nossos dias, a nossa vida:
- “Ore como se tudo dependesse de Deus. Trabalhe como se tudo dependesse de você”.
- “Aja como se tudo dependesse de você sabendo que, na realidade, tudo depende de Deus”.
Nos tempos atuais, com todas as tecnologias, as pessoas estão cada vez mais se achando autossuficientes e isso alimenta um “bichinho” que temos em nós e que nos faz um mal imenso: a nossa Vaidade, ou a definição popular de “ego”, palavra da qual deriva “egoísmo”. É inegável que estamos numa sociedade cada vez mais egoísta!
Estamos cada vez mais “independentes”, no sentido de não depender mais dos outros para coisas práticas da vida, para nossa “vida material”. Poderia até dizer que, em certos aspectos, a “vida corporal” também, já que muitos dos prazeres carnais hoje podem ser satisfeitos a sós.
Isso tem alimentado o que podemos chamar de “cultura do descarte”. Cultura que começou (com grande evidência) com os objetos (Alguém conserta ainda alguma coisa? Ou será que prefere comprar “um novo” que é quase o mesmo preço do conserto?) e que, com a objetificação do homem (poderia dizer “com a animalização do homem) este poassou também a ser tratado como objeto e, não raro, até trocado por objetos.
Não falo apenas da mera troca do ser humano por um robô ou por algo que tenhamos mais controle e/ou que nos dê mais prazer ou gere menos problemas. As relações humanas estão cada vez mais distantes, corporalmente falando, embora tenhamos, com as tecnologias, a sensação de estarmos mais próximos.
Já pararam para pensar que, extrapolando um pouco, o seu amigo, seu namorado ou marido, filho ou parente se transformou em um celular (ou outro aparelho conectado)?
Essa substituição, essa “independência”, também está se estendendo a Deus. Sim, irmãos! Estamos começando a limitar Deus a objetos, ou seja, transformando-O em ídolos. Isso quando a pessoa ainda acredita na existência de Deus (ou, lamentavelmente de forma bem comum, outras forças espirituais “divinas”).
Não pretendo, por ora, estender (ou aprofundar) muito essa discussão, mas é importante que reflitamos algumas coisas:
- Será que estamos nos deixando levar pela conveniência (ou medo, ou falta de fé) e deixando de participar das Missas presencialmente?
- Como está nossa mentalidade em relação a isso? Comungar espiritualmente e sacramentalmente têm efeito parecido?
- Assistir a uma Missa usando as tecnologias e participar de uma Missa indo na igreja têm muita diferença para você?
Com o afloramento da nossa autossuficiência, NECESSARIAMENTE vêm as preocupações inerentes a quem acha que tudo pode resolver com as próprias forças e/ou depende de sua “solução mágica”. Claro! Temos as nossas legítimas preocupações que são frutos de nossas obrigações de estado. Mas, junto com elas virão várias que não temos controle algum ou que extrapolam as nossas capacidades.
Nesse tipo de situação que surge a tentação do DESESPERAR!
Então, lutemos contra a tentação de nos acharmos autossuficientes para não cairmos na tentação do desespero. Estejamos sempre confiantes em Deus e agindo conforme a Sua Santíssima Vontade. Estejamos sempre em Estado de Graça, com as nossas confissões em dia.
Confiemos tudo a Deus, mas ajamos como se tudo dependesse de nós, sabendo que tudo depende Dele. Rezemos a Deus, certos de que tudo depende Dele e é Ele que nos capacita e nos dá a graça de realizarmos a Sua Soberana Vontade. E, se quisermos atender somente a nossa vontade, saibamos que estaremos rejeitando a Graça e que Deus respeita nossa liberdade e vontade. Saibamos que estaremos por nossa escolha, por nossa conta e risco.
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate contra a tentação da autossuficiência.